Patética foi escrito em 1976 e reflete sobre as circunstâncias e o assassinato do jornalista e dramaturgo Vladimir Herzog.
O teatro do Centro de Artes e Esportes Unificados Fotógrafo Victor Hugo da Costa Pires, o CEU das Artes, equipamento cultural da Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo, Lazer e Juventude da Prefeitura de Tatuí, receberá no dia 24 de março, sábado, o espetáculo “Patética”, que homenageia o jornalista Vladimir Herzog. A peça é uma produção da Cia Estável de Teatro e o projeto foi contemplado pelo ProAC Editais de Circulação de Espetáculos de Teatro, realizado pela Secretaria de Cultura do Governo do Estado de São Paulo.
Patética foi escrito em 1976 e reflete sobre as circunstâncias e o assassinato do jornalista e dramaturgo Vladimir Herzog (1937-1975), morto nos porões do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna), em outubro de 1975. O texto foi escrito um ano depois do seu falecimento por seu cunhado e também dramaturgo João Ribeiro Chaves Neto.
A direção da peça é de Nei Gomes, com adaptação da dramaturgia de Daniela Giampietro. No elenco estão Osvaldo Pinheiro, Paula Cortezia, Nei Gomes, Maria Carolina Dressler, Miriele Alvarenga e Juliana Liegel. A cenografia é de Luís Rossi. Figurino e adereços, de Marcela Donato, com assistência de Marita Prado. A preparação musical está a cargo de Reinaldo Sanches, e a preparação corporal de Ana Paula Perche e Carlos Sugawara.?A sonoplastia é de Rogério Passos. A maquiagem é feita por Ana Luísa Icó e a iluminação por Erike Busoni, com operação técnica de Zeca Volga. A produção é de Maria Carolina Dressler e Nei Gomes. O registro e a produção multimídia está a cargo de Jonatas Marques, a orientação audiovisual de Luiz Cruz e a assessoria de imprensa de Adriana Balsanelli.
A peça terá entrada gratuita. O CEU das Artes está situado na Rua Ana Rosa Monteiro, nº 475, Vila Santa Helena. Mais informações pelo telefone: (15) 3259-5340.
"Patética” - Com direção de Nei Gomes, o espetáculo “Patética” usa o metateatro para mostrar uma trupe de artistas circenses que apresenta pela primeira, e última vez, a história da personagem Glauco Horowitz. A peça conta a vida de Vladimir Herzog desde a imigração dos pais para o Brasil, passando pela militância, prisão, depoimentos no DOI-Codi, até a morte e a luta da família para provar que ele não cometeu suicídio, mas foi assassinado. Ao discutir a censura, a própria peça é proibida e o circo é fechado.
Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi, em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto, aos 38 anos de idade. Segundo a versão oficial, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de jornalistas presos na mesma época, Vladimir foi assassinado sob torturas. A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964-1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo.
Além de se constituir numa denúncia da tortura no Brasil, a peça dialoga com questões estéticas da dramaturgia contemporânea. Teve uma trajetória conturbada durante a ditadura militar: o texto foi premiado, a premiação foi suspensa, foi confiscado, depois vetado, só liberado em 1979, e não pôde usufruir dos prêmios (do valor em dinheiro, da montagem do espetáculo e nem da publicação do texto).
A Cia Estável inseriu parte da obra no espetáculo “Flávio Império, Uma Celebração da Vida” (montagem de 2002, com direção de Renata Zhaneta), por ter sido um espetáculo para o qual Flávio Império fez os cenários e figurinos da montagem dirigida por Celso Nunes, em 1980. Na época, marcou o retorno do cenógrafo após muitos anos afastados das criações teatrais.
Patética converge com a pesquisa estética e o posicionamento político da Companhia Estável, desde as relações do modo de organização circense até os processos vivenciados pela modificação do espaço urbano, ocasionados por interesses políticos.
Cia Estável de Teatro - Com 15 anos de trajetória, o grupo formado na escola de teatro da Fundação das Artes de São Caetano do Sul foi contemplado em seis edições da Lei de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo. O coletivo tem como premissa de sua pesquisa a criação em conjunto com a comunidade onde está inserida.
O primeiro projeto do grupo foi o “Amigos da Multidão”, realizado no teatro distrital Flávio Império, em Cangaíba, zona leste de São Paulo, onde, por intermédio do edital de Ocupação dos Teatros Distritais em 2001, desenvolveu uma programação diária com oficinas, espetáculos artísticos, saraus e apresentações de peças de seu próprio repertório.
Dentre elas, está o espetáculo Incrível Viagem, de Doc Comparato e direção de Renata Zanetha, que também foi apresentado no projeto Formação de Público, da Secretaria Municipal de Cultura. Foram montados também os espetáculos “Flávio Império, Uma Celebração da Vida”, de Reinaldo Maia e direção de Renata Zanetha, e “Quem Casa, Quer Casa”, de Martins Penna, com direção de Nei Gomes.
Com “O Auto do Circo” (2004), de Luís Alberto de Abreu e direção de Renata Zhaneta, participaram do Festival de Teatro de Curitiba e Janeiro da Comédia, em São José do Rio Preto. A partir de 2006, a Cia Estável de Teatro passou a fazer residência artística no Arsenal da Esperança, casa de acolhida que abriga 1.200 homens em situação de rua, localizada ao lado do Museu do Imigrante, no bairro do Brás. Dentro do espaço, uma lona de circo foi armada servindo de picadeiro e lugar de convivência dos acolhidos.
No espetáculo “Homem Cavalo & Sociedade Anônima” (2008), o grupo aprofunda a pesquisa nas relações entre o modo de produção capitalista e a exploração do trabalho. Em 2009, o espetáculo foi convidado a participar do Festival Flaskô Fábrica de Cultura, do encontro estadual do MST em Itapeva, na Escola Nacional Florestan Fernandes e da 5ª Mostra de Teatro de Rua Lino Rojas.
Em 2011, o grupo comemorou 10 anos com uma mostra de seu repertório. Também lançou o livro “Das Margens e Bordas - Relatos de Interlocução Teatral Cia Estável 10 Anos”. Nele estão textos críticos produzidos por integrantes do grupo e colaboradores, o roteiro do espetáculo “Homem Cavalo & Sociedade Anônima” e um extenso material iconográfico.
Em 2013 estreia “A Exceção e a Regra”, de Bertolt Brecht, com direção de Renata Zhaneta. A peça é apresentada dentro do Arsenal da Esperança e circula por ruas e praças da cidade de São Paulo, participando da VII Mostra de Teatro de São Miguel Paulista, da I Mostra pela Paz, da III Feira Teatro de Rua em Sorocaba e Votorantim, do Festival de 10 Anos da Flaskô e da Mostra de Teatro de Rua e de Floresta, no Acre, durante encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua. A companhia integra o Movimento de Teatro de Rua (MTR).