Segundo a Polícia Civil, inquérito policial de subtração de incapaz será arquivado; Luís Fernando Lourenço continua sendo investigado.
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Taina Queiroz e o marido Raul da Silva — Foto: Paola Patriarca/G1 |
Por Paola Patriarca, G1 Itapetininga e Região, com edição do DT
17/12/2018 | Ao lado do marido Raul da Silva, a jovem Taina Queiroz, de 18 anos, moradora de Pilar do Sul, falou pela primeira vez sobre ter deixado a família e levado a filha há mais de um mês, quando foi encontrada em São Luís (MA).
O caso foi apresentado pela polícia em uma coletiva de imprensa realizada na Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba na tarde desta segunda-feira (17).
Segundo Taina, ela foi ameaçada pelo ex-patrão do esposo, Luís Fernando Loureço, para não voltar para a casa e até coagida para gravar vídeos em que falava que fugiu por conta própria.
"O Luís Fernando falou que ia me levar para encontrar o Raul. Então, entrei no carro acreditando nisso. De repente percebi que não era para Castilho que estávamos indo, mas para Sorocaba. Nisso, ele tirou meu celular e dizia que não era para voltar para a família porque o Raul estava me traindo e difamando", afirma.
Taina e a filha desapareceram no dia 3 de novembro. O marido suspeitava que elas tivessem sido sequestradas pelo ex-patrão dele, Luís Fernando Lourenço. As duas foram localizadas no dia 1° de dezembro após uma denúncia à polícia do Maranhão e a prisão de Luís, foragido da Justiça por estelionato.
Longe de casa, Taina chegou a gravar vídeos falando que estava bem e que tinha saído de casa por conta própria. Em um deles disse que o Raul (marido) tinha a agredido e que estava bem. "Eu me senti triste em falar aquilo, porque não era verdade. Eu sabia que não era verdade. E com o tempo achava que nunca mais ia ver minha família", afirma.
Depois de ele ser levado para a cadeia, o Conselho Tutelar decidiu recolher a criança e deixá-la aos cuidados do órgão por causa do inquérito policial de subtração de incapaz. No dia 11 de dezembro, as duas retornaram para Pilar do Sul e Luís Fernando foi solto da prisão para responder o crime em regime aberto.
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Taina Queiroz se emocionou ao falar do caso junto do marido, Raul da Silva, e o advogado Alexandre Amaral — Foto: Paola Patriarca/G1
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Taina relatou que durante as viagens com Luís Fernando ela ficava no quarto do hotel e dormia praticamente o dia todo. A jovem conta que tentou pedir ajuda uma vez, mas que Luís ameaçou de tirar a filha. "Eu ficava dormindo o dia todo e uma vez fui até uma moça da recepção pedir ajuda. Foi então que ele viu e me ameaçou. Eu fiquei com muito medo. Ele dizia que o Raul estava me traindo, falando mal de mim e que não era para voltar. Ele me jogava contra a família e não me deixava entrar em contato com ninguém e nem ver televisão, internet", alegou ao G1.
A polícia acredita que Taina pode ter sido dopada no período em que ficou com Luiz Fernando. um exame foi pedido para avaliar se comprova essa versão.
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Taina falou sobre o caso ao lado do marido em coletiva de imprensa na DIG de Sorocaba — Foto: Paola Patriarca/G1
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Ainda segundo a jovem, Luís Fernando afirmava que era para ir para longe para que os dois pudessem ficar juntos. Porém, ela suspeita de que ele tenha usado seu nome para praticar estelionatos. "Ele voltava sempre com dinheiro e acredito que ele tenha usado meu nome. Ele nunca me agrediu ou abusou, mas é uma pessoa perigosa. Agora estou aliviada e muito feliz em voltar para a casa. Quero ter minha vida de volta com meu marido e filha", afirma.
O marido também comemora o retorno da esposa. "Estou muito feliz que tudo terminou bem com as duas ao meu lado."
Ao G1, Luís Fernando Lourenço negou ter ameaçado Taina e a obrigado a gravar os vídeos. "Nunca a obriguei a nada. Ela e eu já temos um caso bem antes de viajar e quando eu dizia a ela que queriam tomar a filha dela é verdade. Nunca a coagi e fugimos de medo", alega.
Investigação
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Polícia Civil vai arquivar inquérito policial por subtração de incapaz — Foto: Paola Patriarca/G1 |
De acordo com o delegado Acácio Leite, o inquérito de subtração de incapaz será arquivado, já que não houve crime por parte da mãe. Porém, a Polícia Civil continuará investigando Luís Fernando. "Continuaremos com a investigação contra Luís Fernando. Ele pode responder por ameaça ou até Lei Maria da Penha", afirma.
Além disso, a Polícia Civil vai investigar possíveis crimes de estelionato cometidos por Luís Fernando durante o período em que esteve com Taina. "Temos informações de estelionato em hotéis, dele se apresentar como cantor sertanejo falido para pedir dinheiro e outros estelionatos cometidos na região. Então, isso também vai continuar sendo investigado", ressalta.