Por Fabrício Rocha*, g1 Sorocaba e Jundiaí, com edição do DT
Músico Zeca Collares lançará seu novo trabalho na Itália, misturando jazz e a viola-caipira — Foto: Reprodução |
27/07/2024 | Os acordes da viola caipira do interior de São Paulo ecoam além-mar. O músico Zeca Collares, de Sorocaba (SP) e professor no Conservatório de Tatuí, ao lado do pianista de jazz italiano Luca Bernar, leva a turnê de seu novo disco “Miroró” para o festival de verão da Itália.
Com o tema "Diálogo entre as Terras", que representa a rica mistura das culturas entre o Brasil e o país europeu, o artista irá se apresentar no dia 28 na cidade de Portogruaro e no dia 31 de julho em Veneza.
Zeca Collares conversou com o g1 sobre a influência e resistência cultural da viola como ícone de identidade brasileira.
“Apesar de o instrumento ter sua origem portuguesa, no Brasil ele é uma grande bandeira que temos como manifestação da nossa música popular, essa música construída coletivamente, que traduz com muita veracidade a cultura do nosso povo”, comenta.
Para o artista, levar a música caipira ao "velho continente" é uma oportunidade, pois os países estrangeiros têm referência apenas do samba e bossa nova. “Somos uma imensa colcha de retalhos musicalmente falando e isso é fascinante. Passar isso a outras culturas é muito gratificante."
Mudanças e novos artistas
Collares acredita que, assim como todas as coisas, a música caipira também sofrerá com processos de mudança. “Vejo a música caipira e raiz como algo perene que sofrerá modificação, sim, pois a arte é viva e expressa o seu tempo, mas não desaparecerá enquanto o Brasil for um povo, uma nação”, disse.
E por isso, as novas vozes da música caipira são o sustento para que o estilo e a tradição continuem vivos.
“A música caipira, a meu ver, continua na sua autenticidade e tradição; apenas ganhou novos sotaques, visto que os músicos de hoje têm, na sua maioria, uma ótima formação musical devido ao maior acesso ao ensino da música e à maior abertura nos chamados espaços 'vip', onde ela não entrava e agora sim."
E como todo grande mestre, não se limita apenas a guardar para si o conhecimento, mas a compartilhar, mantendo a arte viva.
“Ensinar viola é ajudar o aluno a pôr para fora sua música e logo reforçar a importância que esse instrumento tem na música que produzimos e que nos representa”, explica.