Variante foi encontrada primeiro em amostra de Mococa, segundo o pesquisador João Pessoa Araújo Júnior, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia. Ainda não é possível saber se é mais contagiosa ou perigosa do que o vírus 'comum'.
Do G1, com edição do DT
25/05/2021 | Cesário Lange, na região de Tatuí, está entre as cidades do interior de São Paulo que registraram uma nova variante do novo coronavírus, a P.4, segundo o pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Virologia, João Pessoa Araújo Júnior.
Segundo o especialista, a P.4 tem origem ainda desconhecida e foi identificada primeiro em uma amostra de Mococa. Ainda não é possível saber se ela é mais contagiosa ou perigosa do que o vírus "comum".
De acordo com o último boletim epidemiológico, Cesário Lange tem 1.380 casos confirmados da Covid-19, entre eles 52 mortes e 1.249 pacientes recuperados.
A TV TEM entrou em contato com a Secretaria de Saúde do município e do estado de SP. Ambas informaram que ainda não foram notificadas sobre a nova variante, P.4 ou indiana.
A Secretaria de Saúde ainda reforçou que "há centenas de variantes do novo coronavírus ao redor do mundo. Atualmente, somente três delas são consideradas 'variantes de atenção' pelas autoridades sanitárias devido à possibilidade de aumento de transmissibilidade ou gravidade da infecção, por exemplo. São elas: P.1, B.1.1.7 e B.1.351."
A nota informa ainda que "após análises do Instituto Adolfo Lutz e do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE) foram encontrados 374 casos autóctones dessas três variantes até 24 de maio":
3 confirmações de B.1.351
15 confirmações de B.1.1.7
356 confirmações de P.1
Variante identificada
No início deste mês, a mutação L452R na proteína S, que também está presente na variante indiana do novo coronavírus, havia sido identificada em amostras de Descalvado e Porto Ferreira. Contudo, não era possível afirmar se se tratava de uma nova variante ou de uma já existente.
Segundo o pesquisador, as análises da universidade foram submetidas ao Global Initiative on Sharing All Influenza Data (GISAID), iniciativa internacional de acesso aberto a informações sobre genomas de vírus influenza e coronavírus. O grupo então fez a designação do nome P.4.
"Essa nova variante é parente da P.1, porque ela tem a mesma origem, a origem é a B.1.1.28, que é uma linhagem que deu origem à P.1, à P.2, que foi identificada no Rio de Janeiro, à P.3, que foi identificada nas Filipinas", lista o pesquisador.
"E, agora, foi identificada a P.4, que tem origem ainda desconhecida. Mas ela foi primeiramente reconhecida no leste de São Paulo, primeiramente em Mococa. Depois, nós vimos uma alta frequência dela na cidade de Porto Ferreira, onde concentramos o nosso estudo."
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Pesquisador João Pessoa Araújo Júnior, da Unesp |
Ascensão
Ainda de acordo com Araújo Júnior, o reconhecimento da nova variante é importante, pois mostra que ela está em ascensão.
"Ela está num ambiente onde a P.1 predomina, onde a variante britânica predomina também. Mas ela está subindo com uma frequência que nos preocupa muito. Então, isso foi reconhecido pelo GISAID. E agora, com esse nome, a gente vai ter condição de acompanhar melhor qual vai ser a disseminação dela", afirmou
"E a gente quase que implora para os órgãos competentes de saúde para olharem com mais cuidado para essa região, para minimizar a transmissão dessa variante P.4. para outras regiões, como aconteceu com a variante P.1."
A amostra mais antiga, de fevereiro, é de Mococa. A partir de agora, mais órgãos passam a estudar a variante e buscam identificar a origem. Segundo o pesquisador, foram encontrados casos da P.4 nas seguintes cidades do estado de São Paulo:
Porto Ferreira
Santa Cruz das Palmeiras
Tambaú
Itirapina
Rio Claro
Araras
Mococa
Sumaré
Cesário Lange