A Ablos (Associação Brasileira dos Lojistas Satélites) estima que cerca de 4 milhões de pessoas que trabalham na área podem ficar desempregadas após a crise provocada pelo novo coronavírus.
26/03/2020 - 15h59 | As primeiras notícias sobre um novo coronavírus, meses atrás, não preocuparam a cuidadora Jaqueline De Nicola, de 48 anos.
"Achei que nunca fosse chegar aqui no Brasil, ou ao menos que não fosse causar tantos problemas", diz. Ela confessa que não imaginava que meses depois perderia o emprego justamente em razão do novo coronavírus, agora classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia.
"De repente, fiquei desempregada. Está sendo muito difícil. Estou completamente arrasada e sem chão", relata à BBC News Brasil.
Até a semana passada, Jaqueline trabalhava como cuidadora de uma aluna com autismo severo em uma escola da rede estadual de São Paulo.
Ela prestava serviços a uma empresa terceirizada. O salário de R$ 1,2 mil era fundamental na casa em que ela mora com o marido, os quatro filhos e o neto de um ano, em Tatuí (SP).
O marido dela, de 55 anos, está desempregado desde 2018. A única pessoa com emprego fixo na família, atualmente, é uma filha do casal, de 19 anos, que trabalha na área de computação e recebe cerca de R$ 1,8 mil.
"O jeito agora é rezar, porque as contas não param de chegar. Ninguém suspendeu pagamento de água, luz ou internet", diz Jaqueline, que passou boa parte da segunda-feira (23/03) chorando, em virtude da demissão. "Não sei o que fazer agora", lamenta.
Ela conta que, ao menos, outras 215 pessoas que também trabalhavam na empresa de terceirização foram demitidas. Eles foram informados de que seriam dispensados por meio de uma mensagem de WhatsApp encaminhada pela companhia, que disse que o Estado de São Paulo havia cancelado o contrato, por não haver previsão para que as aulas retornassem.
Ministério da Saúde confirmou mais de 2,6 mil casos e 63 mortes por coronavírus no Brasil / EPA
"A partir de 23 de março, o Governo nos comunicou que não fará qualquer pagamento para a atividade de cuidador. Em função deste ocorrido, infelizmente somos obrigados a encerrar os contratos imediatamente por motivo de força maior, também a partir do dia 23", diz o comunicado da empresa terceirizada, que prometeu pagar todos os direitos trabalhistas aos funcionários dispensados.