Luís Fernando Lourenço saiu do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Mãe e filha retornaram a Pilar do Sul. Caso é investigado como subtração de incapaz.
Por Paola Patriarca, G1 Itapetininga e Região, com edição do DT
12/12/2018 | O homem suspeito de sequestrar a jovem Taina Queiroz, de 18 anos, e a filha dela de oito meses, falou com o G1 sobre o caso da Taina nesta quarta-feira (12), após deixar a prisão, e alegou que não sequestrou mãe com a criança.
Luís Fernando Lourenço, que foi preso em São Luís (MA) por ser considerado foragido da Justiça pelo crime de estelionato, vai cumprir a pena em regime aberto. Luís foi liberado do Complexo de Pedrinhas, no Maranhão, na noite de terça-feira (11).
"Nunca sequestraria Taina porque eu a amo e só quero o bem dela. Fugimos porque nos amamos. Nos envolvemos e, quando descobriram nosso caso, falaram para ela sair de casa. Foi então que ela resolveu sair comigo. Avisou a família mandando um vídeo e aí íamos seguir nossa vida. Mas tomou uma proporção que eu não imaginava. Não a ameacei", diz.
Taina e a filha desapareceram no dia 3 de novembro. O marido Kennedy da Silva suspeitava que elas tivessem sido sequestradas pelo Luís Fernando, ex-patrão dele. As duas foram localizadas após a prisão de Luís. Depois de ele ser levado para a cadeia, o Conselho Tutelar decidiu recolher a criança e deixá-la aos cuidados do órgão por causa do inquérito policial de subtração de incapaz. Nesta terça-feira (11), as duas foram levadas para Pilar do Sul.
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Taina Queiroz ao lado do marido, Raul Kennedy da Silva, e da filha de 8 meses. — Foto: Reprodução/Facebook
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Segundo Luís, a jovem não se apresentou na delegacia em relação ao boletim de desaparecimento por medo de que ele fosse preso e por medo de perder a filha. "Ela não se apresentou porque não queria ficar longe de mim e também tinha esse BO que estava foragido. Como o caso foi criando ainda mais repercussão, passamos por várias cidades para tentarmos ter nossa vida, para ficarmos juntos. Ficamos três dias em Sorocaba, depois fomos para São Carlos, Rio Claro, Uberaba e depois partimos para Aracaju, Petrolina, Terezina e chegamos em São Luís. Ela não queria continuar com o Raul e por isso saiu de casa", conta.
Luís admite os crimes por estelionato e diz que cometeu por causa de dívidas. Porém, ressalta que não ameaçaria a jovem. "Infelizmente eu cometi estelionatos porque tinha uns cheques para pagar. Mas em nenhum momento apresento perigo. Nunca me apaixonei por uma pessoa como me apaixonei por Taina. Eu queria casar com ela, ter uma vida. Mas, infelizmente, teve um desfecho diferente. Falaram que sou sequestrador e não sou isso", diz.
O homem também relata que não obrigou Taina a enviar os vídeos para a família. "Nós enviamos para dizermos que estávamos bem e ela até admite porque tinha saído de casa. Eu nunca ia obrigar ou fazer ela falar aquilo. Ela falou porque realmente era verdade."
Já sobre um boletim de ocorrência registrado contra ele por ameaçar uma ex-namorada, ele confirma o caso. "Eu fiquei muito bravo quando soube que ela me traiu e tivemos uma vida muito boa. Cheguei a ameaçar, mas nunca faria nada. Não tenho coragem."
Segundo o advogado de Luís, Walterlino Correia, ele tem 30 dias para se apresentar no estado de SP para cumprir a pena de estelionato com serviços comunitários. Além disso, ele deve ser ouvido pela Delegacia de investigações Gerais (DIG) de Sorocaba sobre o inquérito policial de subtração de incapaz. "Quero me apresentar e resolver tudo o que tenho que resolver. Não sou sequestrador. Não fizemos nada escondido de ninguém e todos da família já sabiam do nosso envolvimento", ressalta.
Reecontro
De acordo com Raul, a filha e Taina foram trazidas a Pilar do Sul pelo Conselho Tutelar de São Luís. Para ele, é um alívio ter a filha de volta. “O reencontro foi emocionante. Estou muito aliviado e toda a família também. A Sofia e a Taina estão bem, isso que importa”, diz.
Sobre o que Taina alegou em relação ao que pode ter ocorrido e se ela ficará na casa, o marido não quis comentar. “Prefiro não comentar agora. Não quero resolver neste momento isso e, sim, curtir minha filha. Sei que a Taina só falará com todos depois de prestar depoimento”, afirmou.
De acordo com o delegado da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Acácio Leite, a jovem prestará depoimento para a Polícia Civil para a conclusão do inquérito. Porém, ela precisa se apresentar na delegacia. “Ainda não temos posição sobre o que realmente houve. Assim que eu ouvi-la poderemos entender e ter oficialmente se ela fugiu ou foi ameaça. Mas ela precisa se apresentar, pois é considerada sumida. E continuamos com a mesma linha de investigação de que não se tratou de um sequestro porque não houve pedido de resgate e nem provas de cárcere privado", afirma.