Paralisação de funcionários completa cinco dias; eles cobram salários.
Antiga gestão da prefeitura e provedoria fizeram 'jogo de empurra'.
Do G1 Itapetininga e Região
A greve na Santa Casa de Tatuí completa cinco dias nesta segunda-feira (2) e promete ser um desafio para a nova prefeita do município, Maria José Gonzaga (PSDB). Durante a posse da prefeita, no domingo (1°), ela afirmou que pretende reunir-se em breve com a provedoria do hospital para buscar a solução do problema. Os servidores cobram o salário referente a novembro, o 13° salário e vale alimentação de dezembro. "Vai caber a nós dar uma direção melhor à nossa Santa Casa, que é uma das nossas prioridades cuidar bem da Saúde", afirma Maria José.
Na época do início da paralisação, a antiga administração do Executivo de Tatuí e a provedoria do hospital fizeram “jogo de empurra” sobre o problema. O dinheiro para pagamento dos funcionários não foi repassado em dezembro e as duas direções deram diferentes versões sobre o fato (leia as respostas abaixo).
De acordo com moradores, pelo menos houve melhora no atendimento nesta segunda-feira em comparação com os primeiros dias da greve. Segundo eles, no início da paralisação o atendimento estava prejudicado pela falta de funcionários. “Eu, aqui dentro, não me senti prejudicado de forma nenhuma. Eles estão reivindicando um direito”, comenta o autônomo Emerson Jesus, que foi à Santa Casa para o tratamento de um acidente.
A auxiliar de produção Natália Pille é outro exemplo. Ela levou o filho Enzo, que está com o braço quebrado, à Santa Casa na manhã desta segunda-feira. Uma hora depois de chegar, o garoto havia sido atendido. “Foi tranquilo, todo mundo me recebeu bem, foi mais a demora do atendimento”, comenta.
Para o comerciante Jorge Rizzini, independentemente de quem errou, a greve pela falta de pagamento de funcionários é inadmissível. “A partir do momento que você precisa do serviço de saúde e não o encontra porque alguém não pagou, não importa o motivo, a obrigação era pagar. Deveria deixar coisas menos importantes e pagar o salário das pessoas”, reclama.
Emerson Jesus elogiou atendimento nesta segunda-feira, 2 (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Entenda o caso
A greve é liderada pelo sindicato da categoria, o Sindicato Único dos Trabalhadores da Saúde de Sorocaba e Região (Sinsaúde). Segundo o grupo, apenas 30% do quadro de enfermeiros, técnicos em enfermagem e funcionários de serviços gerais continua trabalhando. Os médicos seguem atuando. Eles exigem o salário referente a novembro, o 13° salário e vale alimentação de dezembro.
Desde o começo da paralisação funcionários ficam na praça em frente à Santa Casa. Com cartazes e apitos, eles têm o objetivo de chamar a atenção da população. Os servidores chegaram a protestar dentro da prefeitura na quarta-feira, em um ato pacífico. A técnica em enfermagem Rosane Duarte expõe o lado dos funcionários: “Contas de casa estão todas atrasadas. A sorte é que sou casada e tenho marido. Mas tem muito funcionário que depende e está passando aperto”, destaca.
Outro lado
Segundo o Executivo, a provedoria do hospital não pagou uma dívida parcelada com a prefeitura, o que barrou o repasse de dezembro de R$ 61 mil feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Conforme a administração municipal, a dívida de R$ 593 mil estava parcelada em dez vezes e não foi paga.
Já a direção da Santa Casa afirma que a falta de pagamento do empréstimo não tem relação com o repasse do SUS, e que por isso a justificativa é invalida. Reclama ainda que a prefeitura não encaminhou à Câmara um projeto que autorizasse o repasse da “sobra” do Legislativo para o hospital pagar os funcionários.
Funcionários ficam em frente à Santa Casa durante greve (Foto: Reprodução/ TV TEM)