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Menina contou que ficava o dia inteiro na casa, diz
Conselho (Foto: Divulgação/Conselho Tutelar Tatuí) |
'Ela age de acordo com o interesse de receber vantagens', diz Silvia Albiero.
Adolescente de 12 anos foi separada da mãe após denúncia em Tatuí.
Do G1- A mulher de 47 anos suspeita de obrigar a filha, de 12, a fazer sexo por vantagens financeiras e moradia “é fria e egoísta”, afirma a delegada Silvia Betti Albiero, chefe da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) em Tatuí. “Em nenhum momento ela se indignou ao saber das denúncias de estupro, também não perguntou qual seria o destino dela e só ficou nervosa quando soube que seria presa. Ela age por seus próprios interesses, desde que tenha alguma vantagem”, afirma.
Mãe e filha foram separadas depois das denúncias ao Conselho Tutelar na sexta-feira (9). A mulher foi presa, pagou fiança de R$ 5 mil e foi solta. Ela vai responder por abandono de incapaz e intelectual (por tirar a criança da escola por dois meses). A mulher também é suspeita de estupro e aliciamento, mas não foi presa por esses crimes por falta de provas.
A garota foi levada a um abrigo municipal e terá o destino avaliado pela Vara de Infância e Juventude após as investigações. Nesta terça-feira (13), a garota fará exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) e também exame de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DSTs). “Ao contar para a gente o que acontecia, ela disse que era obrigada a fazer sexo sem camisinha”, conta a conselheira tutelar Fabiana Cristina Campos.“Quando a garota soube que a mãe seria presa ficou desesperada para defendê-la. Para ela, a mãe só queria o bem. A jovem só se acalmou quando foi ao abrigo municipal e tomou um banho, já que estava cheia de coceira por piolhos”, diz Silvia.
Segundo o Conselho Tutelar, a mulher disse ter outros três filhos. Na segunda-feira (12), a conselheira tutelar Fabiana revelou que ela estava sofrendo ameaças de morte no bairro onde vive. “Ela contou ser mãe de uma moça de 22 anos casada; um jovem de 19 anos que está amasiado; e um adolescente de 15 anos que ela disse ter dado a uma familiar por falta de condições”, comenta a conselheira.
Os homens serão indiciados pela denúncia de estupro de vulnerável e podem ter a prisão preventiva pedida pela Justiça. O idoso de 71 anos e o suspeito, de 46, já prestaram depoimento e negaram a versão da garota. Eles foram liberados por não haver flagrante, segundo a polícia. Já o homem de 37 anos ainda não falou sobre o assunto porque está preso por outro caso de estupro de vulnerável. “De todos, quem a menina tinha mais mágoa é do homem de 46 anos. Ele foi o primeiro, em maio de 2014, quando tinha 11 anos, a fazer sexo com ela, disse a menina.”Os suspeitos
Três homens, de 37, 46 e 71 anos são suspeitos de terem feito sexo com a menina. A menina vivia na casa do idoso e até os documentos dela ficavam com ele, diz o Conselho. “Quando perguntado sobre ele, a menina mostrou duas reações: ao mesmo tempo vê o idoso como protetor dela, mas tinha nojo quando fala da parte sexual. Talvez precise de atendimento psicológico, pois acha que a vida que levava era normal”, diz Silvia.
Entenda o caso
A denúncia ocorreu na sexta-feira quando a conselheira trabalhava com outra família perto do local, no Bairro Novo Horizonte, e recebeu informações sobre o caso. Fabiana e uma equipe da Guarda Civil Municipal (GCM) foram ao local, conversaram com mãe, o suspeito de 71 anos e a menina.
A garota afirmou à conselheira que os estupros aconteciam há três meses, desde julho, quando ela e a mãe se mudaram para a casa do idoso e de um companheiro da mulher, irmão do idoso. Mas à delegada, a menina disse que os abusos ocorreram antes do período, pelo menos desde maio de 2014.
Segundo o Conselho Tutelar, a menina contou que estava há cinco dias sem tomar banho, sem alimentação adequada e cheia de piolhos. "A cada momento ela parava para perguntar se podia tomar banho. Além da infestação de piolhos, as unhas estavam compridas e sujas. Me parece que há uma falta de estrutura familiar desde a juventude dessa mãe, já que ela expõe a própria filha a tais riscos”, afirma o presidente do órgão, Luiz dos Santos Netto.