A Orquestra Barroca do Amazonas faz única apresentação no Teatro Procópio Ferreira do Conservatório de Tatuí, na próxima semana. O concerto, com entrada gratuita, será realizado na sexta-feira, 3, a partir das 20h30, à rua São Bento, 415.
Os membros do grupo, cuja sede está instalada em Manaus, são vinculados à Universidade do Amazonas, onde atuam como professores de música e musicologia. Um de seus principais objetivos é a restauração dos repertórios barroco e português, com apoio de instituições como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas, Petrobrás, Eletrobrás, entre outras. A orquestra vem se apresentando em diversas cidades do Brasil e Europa.
Em Tatuí, o grupo apresentará o espetáculo “Ópera no Brasil Colonial – Ano II: o caminho do ouro e das especiarias, do Rio ao planalto”. Conforme a orquestra, a estrutura do repertório deste concerto se assemelha aos recitais que decorriam em fins do século XVIII, quando diversas árias dos principais autores eram entremeadas por concertos instrumentais compostos pelos ou para os intérpretes que integravam os grupos musicais destas ocasiões.
Serão apresentadas obras de António Teixeira, Pietro Giorgio ou Pedro Antonio Avondano, Niccolo Piccinni, José Palomino, António Leal Moreira e José Maurício Nunes Garcia. As obras a serem apresentadas têm transcrição pelo Laboratório de Musicologia e História Cultural-UEA (Universidade Estadual do Amazonas).
No concerto, a Orquestra Barroca do Amazonas terá como solistas os cantores líricos Mirian Abad (soprano), Fabiano Cardoso (tenor) e Roberto Silva (barítono). O grupo é formado por Gustavo Medina e Manoella Costa (violinos), Gabriel Lima (viola), Edoardo Sbaffi (violoncelo), Mário Trilha / Vanessa Monteiro (cravo), Benjamin Prestes (guitarra barroca) e Márcio Páscoa (direção musical e flauta transversal).
Pietro Giorgio e seu filho, Pedro Antonio Avondano foram a seu tempo ocupantes de cadeira de primeiro violino na Orquestra da Real Câmara de Lisboa, que se transferiu ao Brasil, em 1807, assim como José Palomino, sendo todos eles muito ativos em grupos musicais fora da corte.
António Teixeira foi o primeiro compositor a produzir ópera em língua portuguesa, em parceria com o libretista carioca António José da Silva, o Judeu (1705-1739). Juntos fizeram sete óperas, todas no estilo joco-sério, em que predominam a mistura de temas mitológicos com elementos do cotidiano do período, representados por personagens graciosos que formam contraponto social e dramático aos personagens sérios de verniz nobre ou burguês. Este modelo de dramaturgia sobreviveu aos seus autores e pelo Brasil a partir da década de 1760, de Norte a Sul, do litoral ao interior mais recôndito, vazando para a América Espanhola (Buenos Aires, Lima). As fontes manuscritas sobreviventes usadas aqui são únicas e pertencem ao período de aproximadamente 1765/70 a 1790.
Este período viu também a pratica do pastiche, a reunião de música de diversos autores para formar uma ópera nova ou modificar uma já existente, e da contrafacta, que é a substituição da letra original de uma ária por outro texto, que no caso aqui era sempre em português. Desse modo, a famosa ária Lascia o ciel pietoso, escrita por Piccinni para sua óperaZenobia, foi acomodada em tradução direta na ópera Belizário, que andou em cartaz entre 1777 e 1801, tanto no Brasil quanto em Portugal. Por seu turno, a serenata de António Leal Moreira, intitulada Gli eroi spartani, foi dedicada ao príncipe Dom José, mas após a morte deste parece ter se popularizado, tendo sido traduzida para o português.
A imensa circulação desse material lírico influenciou autores brasileiros, sendo possível perceber até mesmo na música sacra. Um grande exemplo disso são os motetos para soprano solo do carioca José Maurício Nunes Garcia, intitulados Te Christe e Creator alme siderum, que compartilham além do gosto operístico na escrita, os mesmos copistas de algumas obras acima.
SERVIÇO
Orquestra Barroca do Amazonas
“Ópera no Brasil Colonial”
Data: 3 de Julho de 2015 – Sexta-feira – 20h30
Entrada franca
Teatro Procópio Ferreira
Rua São Bento, 415
Retirada de ingressos: de terça a sexta-feira, das 14h às 17h30, das 19h às 21h, ou momentos antes do evento, na bilheteria do teatro.
Informações: 15 3205-8444