Encontro no dia 13 deu início à ação que pode originar região turística
Thony Guedes
Representantes de entidades se reuniram pela primeira vez em Tatuí para discutir plano que visa o desenvolvimento de cidadania da região
Dois dos principais nomes do turismo do Estado – e do país –, Fernando Zuppo e Virgílio de Carvalho, compõem um grupo de trabalho que torna Tatuí o centro de um projeto inovador. A iniciativa teve apresentação oficial no dia 13 deste mês, com uma reunião no Centro Cultural Municipal.
Com participação efetiva do diretor municipal de Cultura e Desenvolvimento Turístico, Jorge Rizek, o gerente executivo da Aprecesp e o diretor nacional do Serviço Social do Turismo, respectivamente, querem agregar as cidades que têm potencial concreto para formação de uma região turística.
Basicamente, o projeto consiste em reuniões entre dirigentes de turismo. A primeira experiência do interior do Estado é feita em Tatuí por conta da representatividade do município junto aos órgãos de turismo. “Nós conseguimos por meio de contatos. Inclusive, uma pessoa que agora faz parte do Comtur (Conselho Municipal de Turismo) tem um ‘link’ com a Aprecesp”, contou Rizek.
Ele explicou que as cidades convidadas a participar da iniciativa têm possibilidade de se tornarem turísticas. Entretanto, nem todas as que se propõem a isso possuem, realmente, esse perfil. Daí a necessidade da orientação dos dirigentes turísticos, por meio dos encontros, e de um diagnóstico.
“Todas as cidades acham que têm (potencial turístico). Então, o que estamos fazendo é um trabalho técnico e regional, com a Aprecesp, para explicar e conversar sobre turismo com os representantes delas”, descreveu Rizek.
O trabalho terá continuidade com novos encontros, em datas a serem definidas pelos organizadores. Neles, novos temas serão apresentados e debatidos.
A meta é fomentar o surgimento de uma região turística que seja “autossustentável”. “O turismo, se for trabalhado isoladamente, não funciona. Ele tem que ter uma região, com atrativos que se completam”, argumentou Rizek.
Conforme ele, a ideia de unir os municípios serve exatamente para que cada um possa explorar bem suas potencialidades. No caso de Tatuí, uma possível deficiência (falta de vagas em rede hoteleira, por exemplo), seria compensada por outra cidade. “Tem que haver uma corrente”, disse o diretor.
O primeiro e os demais elos dessa corrente serão produzidos em Tatuí. Rizek explicou que as reuniões devem acontecer, em princípio, somente no município por uma razão simples: o fortalecimento do grupo. Quando as pessoas envolvidas acreditam na proposta, elas costumam se engajar ainda mais.
Conforme ele, existe a possibilidade de os encontros serem promovidos fora de Tatuí. A única exigência seria que eles reunissem sempre os mesmos representantes.
A partir dos encontros, os dirigentes devem concluir um projeto a ser apresentado aos administradores. “Queremos trabalhar com os responsáveis pelo turismo para depois, quando tudo estiver encaixado e ajustado, chamarmos os prefeitos para conhecerem as propostas”, disse o diretor de turismo.
No total, 28 municípios receberam convite para participar do encontro. Para os próximos, a ideia é agregar ainda mais dirigentes para que novas propostas possam ser acrescentadas. A única alteração deve ser com relação ao dia das reuniões. O grupo vai avaliar qual será a melhor data para elas.
As palestras serão realizadas mensalmente, de modo a fazer com que os dirigentes criem um vínculo entre si e com o projeto. Da primeira experiência, participaram pessoas de Sorocaba, Porangaba, Torre de Pedra, Piedade, Botucatu, entre outras.
Nos encontros, cada dirigente vai expor o que acredita ter como potencial e os problemas e facilidades. “É uma troca de informações. Na verdade, é um pouco difícil para os municípios trabalhar com turismo. Essa, talvez, seja a última área do pacote de ações que um Executivo pode realizar”, analisou Rizek.
Em Tatuí, o primeiro encontro contou com participação do prefeito José Manoel Correa Coelho. “Ele não só esteve presente, como ouviu toda a palestra”, disse.
As possibilidades de sucesso da região turística são muitas. Segundo Rizek, elas vão depender somente do interesse dos prefeitos dos municípios. “Na verdade, antigamente, o turismo era só natureza, os bens naturais. Atualmente, não. Dá para criar atrações e transformar uma cidade que não é turística em turística. Isso pode ser feito, vai do investimento”, argumentou.
Outro aspecto importante dos encontros são as trocas de experiências entre os participantes. De acordo com Rizek, ao longo dos debates a expectativa é que os dirigentes possam resolver seus problemas e ajudar os demais a solucionar os deles.
“Cada um fala das suas dificuldades e dos seus bens turísticos. É uma sinergia, até porque, tem cidades que já estão bem adiantadas e tem cidades que quase, absolutamente, não têm nada realizado na área turística”, adicionou.
Plano e passeio
Em se tratando de Tatuí, Rizek antecipou que o município já está “brigando” para obter uma nova conquista. O departamento projeta a confecção de um plano de desenvolvimento turístico municipal.
Para isso, será preciso realizar um levantamento técnico que verificará se Tatuí consegue receber turistas e quais são as deficiências e benfeitorias necessárias. O projeto deve envolver uma faculdade e terá definição na próxima semana.
Em paralelo, parceria entre a cidade e uma agência de turismo de São Paulo teve continuidade. No sábado, 21, a “Capital da Música” recebeu mais um grupo de 40 turistas que fizeram o chamado “turismo de um dia”. “O relatório que nós tivemos, com base em depoimentos, foi superpositivo”, descreveu Rizek.
O roteiro incluiu o projeto “Música na Praça”, na Praça da Matriz, apresentação do Cordão dos Bichos, visita ao Museu Histórico “Paulo Setúbal”, almoço em restaurante, e seresta na Associação Atlética XI de Agosto. A próxima visita a ser realizada na cidade está agendada para o mês de maio.
Rizek afirmou que a iniciativa é importantíssima para Tatuí, uma vez que faz girar a roda da economia. “Eu sempre falei que Tatuí pode viver de turismo, mas claro que isso vai acontecer quando houver grande escala”, argumentou.
A ideia é garantir que a cidade possa receber não só um volume maior de turistas, mas que tenha atrativos para mantê-los vindo. Quando isso acontecer, novos circuitos poderão ser criados e em períodos de maior duração.