Do G1- A aposentada Maria Bitencourt, de 90 anos, esperou por 70 anos para que, enfim, trocasse alianças com o noivo Davi Bitencourt, de 103 anos. Depois de 15 dias casados, o casal celebra a lua de mel. Em entrevista ao G1, eles afirmam que a rotina é a mesma, mas que o amor só aumentou desde então. “As noites são todas agitadas”, brinca Maria.
Ela fala com seriedade sobre os segredos de permanecerem juntos por tantas décadas: é necessário perdoar e ter cumplicidade. “Acho que o casal deve ter os mesmos planos em mente. Querer o que o outro quer. Agir com respeito, como gostaria de ser tratado. E perdoar, pois todos erram”, disse.
Davi concorda com a mulher, mas discorda em outras questões. Após tantos anos juntos, eles possuem ideias diferentes sobre vários assuntos, mas deixam claro que, não importa como, a opinião do outro deve ser respeitada. “Por exemplo, ela acha que a juventude de hoje ‘está perdida’, já eu acho que os jovens de agora são sábios. Mas mesmo tendo nossas briguinhas, o amor vem em primeiro lugar”, contou Davi.
Início do namoro
Foi durante a juventude que eles se conheceram. Ela tinha 20, ele 33. Eram colegas de trabalho, conversavam por telefone, mas nunca tinham se visto. Ele havia ficado viúvo alguns anos antes e ela ainda não pensava em namorar. Mas bastou se olharem para nunca mais se separarem.
Foi um encantamento: ele é inteligente, sabe falar seis línguas, além de ser lindo. Um partidão"
Maria Bitencourt, 90 anos,
sobre quando conheceu Davi
“Trabalhava em uma empresa e ligava para ele diariamente passando a cotação do algodão, pois ele era o presidente do sindicato da categoria. Só depois de três anos que nos conhecemos pessoalmente. E foi um encantamento: ele é inteligente, sabe falar seis línguas, entre elas latim, hebraico e japonês, além de ser lindo. Pode ver que ele não aparenta ter mais de 100 anos. Tinha um monte de mulher no pé dele, ele era um partidão”, relembra.
O casal morava em São Paulo e há dez anos mora em Tatuí. Eles têm um filho que hoje está com 58 anos, mas que não mora na cidade. Mesmo com a idade avançada, eles não possuem problemas sérios de saúde e são lúcidos. De mãos dadas, pegam ônibus, andam pelo Centro, vão ao banco, entre outras atividades.
Ajuda da vizinha
A disposição é exemplo para a amiga e vizinha Ana Alice Soares, que cuida do casal todos os dias. Ela foi a responsável por reunir os documentos para que o casamento fosse realizado. Demoraram dois anos para juntar tudo.
“Faço o que posso com o maior prazer. A Maria é uma irmã mais velha para mim. O sonho do filho era pegar a certidão de casamento deles. Quando soube, falei que iria fazer isso por eles”, diz a amiga.
O desejo de Maria é que a história do casal inspire também outras pessoas. Que o exemplo deixado por ela e Davi seja lembrado. “Só o amor constrói, une. A raiva e o orgulho separam. Se houvesse mais amor entre as pessoas, o mundo seria um lugar melhor.”