O Conservatório de Tatuí, equipamento do Governo do Estado de São Paulo e Secretaria da Cultura, sedia nos dias 21, 22 e 23 de novembro a sexta edição do Torneio Estadual de Cururu, evento voltada à categoria “Raiz e Tradição” e parte integrante do Festival de MPB. Com coordenação de Jaime Pinheiro, o torneio será realizado nas dependências da instituição, repetindo estrutura consagrada e com novo formato de apresentação.
“Nosso objetivo neste ano é homenagear os cururueiros renomados de toda a região e aqueles que classificaram-se com a maior frequência no evento. A intenção é eliminar o caráter competitivo e consolidar o evento como uma grande festival do folclore”, afirmou Pinheiro.
Nesse sentido, a edição 2014 do Torneio de Cururu contará com participação de 12 duplas convidadas. “São cantadores e violeiros reconhecidos que serão especialmente convidados. Teremos quatro duplas em cada dia de evento, com apresentação de Nerci Falinha e Helinho Beijo-Frio”, disse Pinheiro.
Além da mostra de cururu, que premiará todos os participantes convidados, cada dia de evento contará com participação de violeiros locais, sempre na abertura. Uma atração especial está reservada para cada data. “Entre os confirmados está o grupo Tropeirinhos do Rancho, um grupo de crianças que trabalha fortemente pela cultura raiz”, enfatizou o coordenador.
O evento terá palco especialmente instalado no estacionamento do Conservatório de Tatuí. A estrutura contará com tenda climatizada e barracas para comes e bebes típicos da cultura raiz, ocupadas pelo Alambique Ramos, Santuário Paróquia Nossa Senhora da Conceição e Associação de Turismo Rural.
Um cronômetro indicará o tempo para cada “cantador” se apresentar. A ordem de apresentação das duplas será definida por meio de sorteio. Outro destaque é a transmissão ao vivo do evento, no último dia, pela Rádio Notícias AM de Tatuí (sintonizada em 1530MhZ), dentro do programa de Helinho Beijo-Frio.
O Torneio Estadual de Cururu tem por objetivo apresentar a tradição aos que a ainda não a conhecem, festejar a tradição entre os conscientes de sua importância e preencher uma lacuna no interior do Estado de São Paulo, que é a falta de eventos voltados ao gênero raiz.
Identidade visual - Criado em 2008, o Torneio Estadual de Cururu teve desde 2012 uma identidade visual desenvolvida pelo coordenador e artista plástico Jaime Pinheiro. Nos cartazes, a cada ano, o ambiente do cururu é representado e ampliado. De dois cantadores com plateia em 2012, a imagem mudou de ângulo em 2013 e, neste ano, identidade visual ganhou réplica do cenário utilizado no evento. As imagens foram criadas por Jaime Pinheiro exclusivamente para compor a identidade do evento. “Reproduzimos a roda de cururu e a ideia vem sendo bem aceita e esperada a cada ano”, destacou ele.
Cururu - Não há consenso sobre a origem do cururu. Mário de Andrade, Alceu Maynard e Antônio Candido entendem que o cururu teve origem a partir da adaptação das danças cerimoniais indígenas, enquanto Câmara Cascudo fala em “invenção jesuítica para efeitos catequéticos”; daí seu caráter respeitoso, desprovido de intenções sexuais.
Sabe-se que o cururu foi levado como espetáculo ao público urbano, pela primeira vez em 1910, por Cornélio Pires. Apesar de ser inicialmente dançado, o Cururu é sobretudo, um Canto de Repente, de modo que as letras, a melodia e a música são feitas com total improviso. Cada improviso deve respeitar um tipo de regra: as rimas dos versos de repente obedecem às carreiras, que podem ser do \"A\", que implica como rimas no verbo \"...ar\" (exemplo: “dançá\" e \"cantá\"); do Sagrado, com rimas em \"...ado\" (exemplo: \"cansado\" e \"desajeitado\").
Embora conduzido ao som de viola, que marca o compasso e pelos versos do cururueiro, o Cururu também tem na sua tradição, uma participação do público, que pode aplaudir uma combinação brilhante de palavras nos versos, ou então, criticar o desempenho do canturião, quando este perde o compasso da viola e \"...perde a batida\".
Totalmente improvisado, mas cumprindo regras determinadas pelas tradições folclóricas, o Cururu foi criado por motivos religiosos, com base em eventos da igreja Católica, principalmente nas Festas em devoção ao Divino Espírito Santo, quando na hora em que ocorre o \"pouso do divino\", o cururueiro começa a cantar para saudar a chegada do Divino. Esse é o considerado \"auge\" de uma apresentação de Cururu, onde o canturião deve mostrar todos os seus conhecimentos e habilidades para rimar versos bíblicos e com eles, desenvolver dentro deles, uma história.
Assim como uma narrativa escrita, o Cururu é uma história cantada, no qual o assunto a ser cantado é decidido pelo próprio cururueiro. Na verdade é ele quem dará rumo ao que será tratado durante a \"cantoria\".
O Cururu, além de ter motivos religiosos pode ser denominado como canto de repente, só que o diferencial do repente paulista para os demais, como o repente gaúcho e nordestino, está nas particularidades, que podem ser referidas como diferenciais entre cada uma, mas o que ambas possuem em comum é a improvisação durante a apresentação musical.
Praticado na região do Médio Tietê, ele ainda pode ser encontrado nas festas de bairros rurais, capelas, pousos do Divino e, claro, na zona urbana. Em Tatuí, as rodas de cururu são semanais, com transmissão radiofônica. E, anualmente, o Torneio Estadual de Cururu do Conservatório de Tatuí entra em cena, valorizando ainda mais os cantadores e violeiros.
SERVIÇO6º Torneio Estadual de Cururu
Dias 21, 22 e 23 de novembro – 16h00
Estacionamento do Conservatório de Tatuí
Rua São Bento, 415 . Tatuí
Entrada franca
Informações: conservatoriodetatui.org.br/cururu
(15) 3251-8444