Henrique Autran Dourado - em 25/01/2014 14:46:15
no jornal O Progresso de Tatuí
No ano em que o Conservatório de Tatuí completa 60 anos, cabe uma breve avaliação do estágio em que ele se encontra, assim como a situação da escola em âmbito do Estado de São Paulo e do Brasil, bem como paralelos com alguns conservatórios do mundo, pontos fundamentais a este breve raciocínio.
O Brasil tem uma tradição equivocada de concentrar tudo, especialmente seus melhores equipamentos culturais, nas grandes metrópoles e capitais, coisa que vem da época colonial, passa pelo Império e suas capitais até a República, começando em Salvador, instalando-se no Rio de Janeiro por longo tempo até 1960, quando se instalou em Brasília. Por destino ou inércia, a grande estrutura cultural tem raízes sólidas na antiga capital do Império e da República, o Rio de Janeiro, e em São Paulo, hoje a mais privilegiada. Mas o que acontece nos outros países? O Conservatório de Oberlin, uma importante instituição dos EUA, aos 180 anos de idade, fica situado na pequena cidade do mesmo nome, com 8.000 habitantes. Seus excelentes professores vêm de centros importantes, principalmente da afamada Sinfônica da Chicago. O respeitado Conservatório de Genebra, na Suíça, antigo como o anterior, fica em uma cidade de 194 mil habitantes. Por sua vez, na França, o Conservatório de Lyon, cidade com pouco mais de 400 mil habitantes (bem menor do que Sorocaba), também perfila entre os melhores. Nenhum deles fica em capital, e, no caso de Oberlin, trata-se de uma cidade bastante pequena, mesmo para os padrões do interior paulista. O Conservatório em Tatuí é uma gema de ouro onde deveria estar.