Cláudia de QueirozEm pleno domingo, às 10h30, eu vi no Parque da Uva cerca de 800 pessoas comparecerem à abertura da Série Concertos no Parque, com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí.
E cada vez mais eu noto que , nestes últimos anos, o público para este tipo de evento vem crescendo. Pessoas que cada vez mais se interessam por orquestras, dança, teatro, corais, exposições.
Claro que isso é resultado de um trabalho de longos anos, que consiste em oferecer à população o que há de melhor na área de cultura, para que, através da qualidade, ela possa perceber o valor da arte. Pois o cidadão que não percebe esse valor, também não vai ensinar a seus filhos e nem a seus netos.
O trabalho de formação de público é abrangente. Ampliar o acesso à cultura não significa apenas aumentar a quantidade de pessoas presentes num determinado evento. O apreciador tem que saber o que ele está ouvindo, o que ele está vendo. E esta é a parte mais difícil. Alguns concertos são didáticos, maestros explicam ao público o significado das obras, falam sobre o compositor e a época.
Mas, como isso nem sempre é possível, temos que voltar a pensar no quanto é importante o aprendizado de arte nas escolas (em todas, não só nas particulares), para que possamos ter, num futuro próximo, um público mais atento, participativo e crítico.
Porque formação de público não pode jamais significar moldar o gosto das pessoas. Elas, por si só, têm que aprender a discernir entre o que gosta e o que não gosta, sabendo a razão. Aprender que quantidade, nem sempre significa qualidade. Importante função pública da arte: permitir o acesso ao conhecimento.
Do Diário de S. Paulo, 28.04.2012