Por PRISCILLA COSTA
O Dia on line
Foto: Divulgação
Rio - Vera Holtz, que interpreta a autêntica Candê de ‘Passione’, fala que a personagem agrada a pobres e ricos por ser uma mulher trabalhadora e honesta. Ela elogia o ator Reynaldo Gianecchini — “Ganhei um filho lindo”— e assume que não liga para os seus cabelos brancos. A atriz conta ainda que seus namoros duram muito e que vive se apaixonando
— Como tem sido o retorno do público com a Candê, de ‘Passione’?
— Não há quem não goste dela. Todos, desde as pessoas mais simples às sofisticadas. Dizem que ela é o retrato da cidadã brasileira. Uma mulher trabalhadora, que segurou a barra das crianças, honesta, sincera e um pouco destemperada.
— As pessoas falam sobre as brigas dela?
— Eu rio bastante com todos na rua. Eles dizem: “Bate naquela vaca velha”. Ela é uma mulher muito orgânica, sem filtros, que não leva desaforo para casa.
— E cansa brigar tanto com a Valentina (Daisy Lúcidi)?
— Essas cenas que precisam de desgaste emocional maior devem ser muito bem preparadas. Saio sempre cansada. Mas quando você consegue passar a emoção na dose certa, é muito gostoso.
— Como se recupera depois desse desgaste?
— Entro no meu carro, coloco minha música clássica, que eu adoro, e sigo para casa. Em 15 minutos, estou recuperada, vou para a minha montanha.
— Montanha? Por quê?
— Moro no Jardim Botânico há mais de 35 anos. Amo o Rio, já passei por diversos bairros, mas prefiro o ar de montanha ao clima de praia. Me dá leveza de espírito. Tenho uma relação muito forte com a cidade.
— Você não é mãe e está fazendo a mãe de um vilão na ficção. Como está sendo?
— Acho que o Fred (Reynaldo Gianecchini) é um bandido. Ele tem suas motivações. Dizem: “Dá um jeito nesse seu filho”. Acho muito engraçado.
— E como é trabalhar com o Reynaldo Gianecchini?
— Ele era o menino Reynaldo que eu só via de longe. Mas é realmente um homem muito bonito. Lindo de coração, superespecial, educado. Um filho lindo que ganhei.
— Como você lida com os jovens atores?
— Adoro o convívio com os atores mais jovens. Eles sabem as novidades do mundo. O jovem tem muita expectativa em relação à vida e isso é uma renovação. O mundo é velho e lento, mas a juventude acha que é muito jovem e rápida. É gostoso esse paradoxo.
— Você deixou o cabelos brancos para fazer a Candê?
— Estou com este visual há algum tempo. A princípio, quis tratar mesmo, ele estava muito quebrado. Mas, depois, foi ficando prateado e eu adorei. As pessoas falam, mas escuto só as que gostam da ideia. As que não gostam, já sei o que vão dizer. Eu era como elas.
— E recebe muitos elogios?
— Isso não é preocupação. Sou como a Candê. Minha vida foi pautada no trabalho. Já tive relacionamentos bons, mas só convivo quando estou realmente apaixonada.
— Quando foi a última paixão?
— Acho que há um ano. Meus namoros duraram anos. Estou sempre me apaixonando.
— O que a pessoa precisa ter?
— Em geral, são pessoas ligadas ao meu trabalho. Compartilham a vida com delicadeza e têm olhar mais saudável para o mundo.
— Sua estreia na TV foi em 1989. Por que demorou tanto para chegar às novelas?
— Entrei velhinha, com 36 anos, em ‘Que Rei Sou Eu?’. Só queria fazer teatro e fiz por 10 anos. Mas não era preconceito. Acho que quem o tem, na verdade, guarda um desejo enrustido de atuar na TV.