A Polícia Civil divulgou na manhã de sexta-feira, 23, o nome do suspeito de ter assassinado o aposentado João Francisco dos Santos, de 71 anos, que trabalhava como vigia num posto de combustíveis desativado, localizado na rua Vice-Prefeito Nelson Fiúza, no bairro Morro Grande. O travesti Ricardo Souza dos Santos foi apontado como o autor do crime – agora classificado como latrocínio - cometido contra o idoso, na manhã do dia 15. Santos, que usa o nome de Micheli, teria golpeado o vigia na cabeça, após realizar um programa, e fugido com parte do pagamento dele.
A vítima teve parte do rosto desfigurado e foi encontrada pela Polícia Militar, a partir de denúncia anônima, com as calças parcialmente abaixadas. O aposentado era viúvo e fazia, conforme a PC, um “bico” de segurança no posto de combustíveis. “Ele residia com uma filha adotiva, mas, amorosamente, era solitário. Por isso, começou um relacionamento com o travesti”, informou o delegado titular do município, José Alexandre Garcia Andreucci, responsável pelas investigações. A ligação entre os dois, conforme o delegado, está comprovada em inquérito policial, baseado em depoimento de testemunhas. João Francisco e Micheli já teriam feito mais de dez encontros. Todos pagos.
Conforme Andreucci, o travesti cobrava de R$ 10 a R$ 15 por programa. “Os encontros eram realizados sempre no local de trabalho da vítima, no escritório do posto desativado”, disse. O último deles ocorreu no dia 15, ocasião em que Micheli teria golpeado o aposentado com um pedaço de madeira – a “arma”, contudo, não foi localizada pela polícia. “Na sequência, o travesti teria roubado o dinheiro que estava na carteira do aposentado e o celular dele”, relatou o delegado, que representou pela prisão de Micheli no início desta semana. O travesti acabou detido na tarde de quinta-feira, 22.
Andreucci estuda, ainda, a participação de um segundo travesti no crime. O suspeito também está detido, mas teve seu nome mantido em sigilo para não atrapalhar as investigações. Agora, a PC terá o prazo de 30 dias para conclusão do inquérito. “Já damos por totalmente esclarecido esse crime, informando que é o sétimo homicídio ocorrido na cidade, sendo que, até o presente momento, todos já estão esclarecidos”, disse o delegado. Andreucci também ressaltou que todos os suspeitos já estão presos.
Micheli e o outro travesti estão sujeitos a pena que varia de 20 a 30 anos de reclusão. “Os dois deverão ser julgados por juiz singular e não pelo tribunal do júri”, comentou Andreucci. Segundo ele, o processo acaba tornando-se mais rápido e a pena, maior. Santos foi indiciado por latrocínio e o outro travesti, por coautoria no crime. Conforme Andreucci, não há agravante pelo fato de João Francisco ser idoso. “Existe o agravante por ser mediante abuso de confiança e por meio cruel”, comentou.
A PC chegou aos dois suspeitos depois de ouvir diversas testemunhas. “Na noite do crime, os travestis alegaram que nem foram ao local. Só que conseguimos provas do contrário”, afirmou o delegado titular. Além disso, o relacionamento do idoso com Micheli era público. “Todos sabiam que ele mantinha encontros com o vigia”, disse Andreucci.
Créditos:
Texto do jornal O Progresso de Tatuí, edição 5.441, de 25.07.2010
Foto: Polícia Civil
Créditos:
Texto do jornal O Progresso de Tatuí, edição 5.441, de 25.07.2010
Foto: Polícia Civil