(Do Caderno 3 - Diário do Nordeste, 26.10.2009)
Três anos depois de "Sol a Sol", a compositora Cristina Saraiva volta a apostar em uma brasilidade menos ortodoxa em "Terra Brasileira" (Tiê/Mills Records). Desta vez, pela voz da cantora paulista Manuella Cavalaro, egressa do Conservatório de Tatuí
As vozes paulistas sempre estão por perto, dando sua bênção às composições da carioca Cristina Saraiva. Em seus primeiros olhares musicais, elas se mesclavam entre intérpretes de outras origens. Em "Sol a Sol", o terceiro CD, de 2006, estavam concentradas na voz de Lucila Novaes, do grupo Trovadores Urbanos. Agora, em "Terra Brasileira", elas são (muito bem) representadas por Manuella Cavalaro, intérprete formada pelo Conservatório de sua terra, Tatuí, palco de um prestigiado festival das mais relevantes contribuições para a renovação da música brasileira. Sob arranjos e direção musical de Breno Ruiz, músico também de Tatuí, as novas canções de Cristina voltam a passear por uma brasilidade sofisticada, na estreia da jovem e talentosa cantora paulista.
O piano e o acordeom de Breno convivem com violões como o de Rafael Altério, velho conhecido dos festivais em que Cristina se envolve com a mesma disposição com que luta por conquistas para sua classe, como a recente aprovação da lei que estabelece a educação musical nas escolas brasileiras. Festivais entre os quais o de Tatuí se destacou como um dos mais prestigiados. No evento cuja diferencial era o luxuoso acompanhamento dos concorrentes por orquestra, Cristina e Rafael já foram premiados, superando grandes nomes de todo o País. Rafael que é responsável por uma das duas digressões da parceria Cristina/Manuella, cantando sozinho a milonga-choro "Olhos do tempo". Quase um tango, discreto, inspirado olhar trocado entre música e letra. Rafael que segue representado no CD pelo talento de seu pianista, Breno Ruiz, e ainda de seus filhos, o violonista Pedro Altério e o baterista Gabriel Altério. A banda conta ainda com Felipe Brizola (baixo), Neymar Dias (viola caipira), Marisa Silveira (cello), Ariane Rodrigues (flauta) e Paulo de Almeida (percussão).
Breno é ainda um dos outros parceiros de Cristina em seus novos encantos cancionistas. Na erudita "Dom de renascer", ele assume os vocais. Com o timbre grave semelhante ao de Rafael, em mais um instrumento executado fluentemente entre evocações positivas de um amor, da natureza. Já em "Mar aberto", que abre o CD a piano e cello, Manuella Cavalaro tem a seu dispor uma das melodias calmas com que pode desfiar seu canto cativante, com perfeito equilíbrio de tons e timbres.
Na sequência, Breno e Cristina recorrem a "Amazônia" para continuar seus cantos de paz em saudação às imagens do Norte, ao melhor espírito das canções de Paulo César Pinheiro e de Waldemar Henrique. Piano e banda em assombrosa brasilidade, em faixa que ganhou belo clipe, de Jeanne Duarte, disponível no www.youtube.com/cristinasaraiva1. Piano a embalar depois a valsa "Canção do solitário", para toda a expressividade do canto de Manuella.
Amigos de Norte a SulA paulista Simone Guimarães, hoje radicada no Ceará, é uma parceira antiga e já mais assídua de Cristina Saraiva. Agora, elas voltam na toada caipira, a viola, piano e acordeon: "Ê, Saudade". O ar interiorano parte em direção a matizes poéticas mais agrestes, em roupagem jazzy, na outra da dupla, "Lira da terra", canção dedicada à compositora paraibana Socorro Lira.
Os reencontros com os amigos continuam. O paranaense Lydio Roberto divide "Nossa Senhora da Luz dos Pinhais", bonita toada de viola sobre as origens de Curitiba, e "Nhundiaquara", que também canta as terras (e as águas) paranaenses. Em ambas, Manuella novamente deita e rola com concisão e leveza. Já gravada pelo parceiro carioca Felipe Radicetti em seu "SagradoProfano", "Cadafalso" já é uma canção moderna, à "Sinal Fechado" de Paulinho da Viola.
Toda essa versatilidade de Cristina é confirmada ainda em criações divididas com mais dois parceiros: Guilherme Rondon, paulista radicado no Mato Grosso do Sul, que assina com ela "Breve estrela", e Marcílio Figueiró, violonista e outro parceiro antigo de Saraiva. A primeira, uma canção com acentos pantaneiros, guiada pelo piano e acordeom de Breno Ruiz e por viola caipira. Mais uma vez a poesia de Cristina prefere caminhos mais universais. Figueiró é seu parceiro na faixa-título, cantiga que sintetiza paisagens rítmicas e naturais brasileiras. Ou melhor, mais uma síntese das cativantes protagonistas desta viagem baseada em Tatuí.
As vozes paulistas sempre estão por perto, dando sua bênção às composições da carioca Cristina Saraiva. Em seus primeiros olhares musicais, elas se mesclavam entre intérpretes de outras origens. Em "Sol a Sol", o terceiro CD, de 2006, estavam concentradas na voz de Lucila Novaes, do grupo Trovadores Urbanos. Agora, em "Terra Brasileira", elas são (muito bem) representadas por Manuella Cavalaro, intérprete formada pelo Conservatório de sua terra, Tatuí, palco de um prestigiado festival das mais relevantes contribuições para a renovação da música brasileira. Sob arranjos e direção musical de Breno Ruiz, músico também de Tatuí, as novas canções de Cristina voltam a passear por uma brasilidade sofisticada, na estreia da jovem e talentosa cantora paulista.
O piano e o acordeom de Breno convivem com violões como o de Rafael Altério, velho conhecido dos festivais em que Cristina se envolve com a mesma disposição com que luta por conquistas para sua classe, como a recente aprovação da lei que estabelece a educação musical nas escolas brasileiras. Festivais entre os quais o de Tatuí se destacou como um dos mais prestigiados. No evento cuja diferencial era o luxuoso acompanhamento dos concorrentes por orquestra, Cristina e Rafael já foram premiados, superando grandes nomes de todo o País. Rafael que é responsável por uma das duas digressões da parceria Cristina/Manuella, cantando sozinho a milonga-choro "Olhos do tempo". Quase um tango, discreto, inspirado olhar trocado entre música e letra. Rafael que segue representado no CD pelo talento de seu pianista, Breno Ruiz, e ainda de seus filhos, o violonista Pedro Altério e o baterista Gabriel Altério. A banda conta ainda com Felipe Brizola (baixo), Neymar Dias (viola caipira), Marisa Silveira (cello), Ariane Rodrigues (flauta) e Paulo de Almeida (percussão).
Breno é ainda um dos outros parceiros de Cristina em seus novos encantos cancionistas. Na erudita "Dom de renascer", ele assume os vocais. Com o timbre grave semelhante ao de Rafael, em mais um instrumento executado fluentemente entre evocações positivas de um amor, da natureza. Já em "Mar aberto", que abre o CD a piano e cello, Manuella Cavalaro tem a seu dispor uma das melodias calmas com que pode desfiar seu canto cativante, com perfeito equilíbrio de tons e timbres.
Na sequência, Breno e Cristina recorrem a "Amazônia" para continuar seus cantos de paz em saudação às imagens do Norte, ao melhor espírito das canções de Paulo César Pinheiro e de Waldemar Henrique. Piano e banda em assombrosa brasilidade, em faixa que ganhou belo clipe, de Jeanne Duarte, disponível no www.youtube.com/cristinasaraiva1. Piano a embalar depois a valsa "Canção do solitário", para toda a expressividade do canto de Manuella.
Amigos de Norte a SulA paulista Simone Guimarães, hoje radicada no Ceará, é uma parceira antiga e já mais assídua de Cristina Saraiva. Agora, elas voltam na toada caipira, a viola, piano e acordeon: "Ê, Saudade". O ar interiorano parte em direção a matizes poéticas mais agrestes, em roupagem jazzy, na outra da dupla, "Lira da terra", canção dedicada à compositora paraibana Socorro Lira.
Os reencontros com os amigos continuam. O paranaense Lydio Roberto divide "Nossa Senhora da Luz dos Pinhais", bonita toada de viola sobre as origens de Curitiba, e "Nhundiaquara", que também canta as terras (e as águas) paranaenses. Em ambas, Manuella novamente deita e rola com concisão e leveza. Já gravada pelo parceiro carioca Felipe Radicetti em seu "SagradoProfano", "Cadafalso" já é uma canção moderna, à "Sinal Fechado" de Paulinho da Viola.
Toda essa versatilidade de Cristina é confirmada ainda em criações divididas com mais dois parceiros: Guilherme Rondon, paulista radicado no Mato Grosso do Sul, que assina com ela "Breve estrela", e Marcílio Figueiró, violonista e outro parceiro antigo de Saraiva. A primeira, uma canção com acentos pantaneiros, guiada pelo piano e acordeom de Breno Ruiz e por viola caipira. Mais uma vez a poesia de Cristina prefere caminhos mais universais. Figueiró é seu parceiro na faixa-título, cantiga que sintetiza paisagens rítmicas e naturais brasileiras. Ou melhor, mais uma síntese das cativantes protagonistas desta viagem baseada em Tatuí.