O show da cantora Fernanda Porto será a grande atração da emissora 107 FM na comemoração de seus três anos de funcionamento em Tatuí. Com programação voltada ao que denomina de público formador de opinião e estilo musical que dá espaço, inclusive, à música instrumental, a emissora organizou a apresentação para o próximo dia 6, quinta-feira, no teatro “Procópio Ferreira”, a partir das 21h.
Fernanda Porto, nascida em Serra Negra, popularizou o estilo drum’n bossa, uma mistura de drum´n bass e bossa nova. Seu primeiro álbum vendeu mais de cem mil cópias no Brasil e fez dela uma cantora reconhecida internacionalmente, principalmente na Europa.
A cantora estudou música erudita contemporânea, pesquisou também a música eletrônica e suas vertentes da música de vanguarda eletrônica no curso de composição internacional na Universidade de São Paulo. Na mesma época, formou-se em canto lírico e em piano erudito. Também compôs trilhas sonoras para filmes e documentários, e teve composições em novelas nacionais. Eclética e versátil, Fernanda cria os arranjos de suas composições a partir de tecnologias eletrônicas e instrumentos acústicos.
Os ingressos para o show estão sendo vendidos na Central de Rádio, à rua São Bento, 415, no site www.radio107fm.net ou pelo telefone (15) 3251-3840.
Fernanda Porto, ao longo da semana, conversou com a produção do evento sobre o show em Tatuí e seu início de carreira. O material, divulgado à imprensa, é reproduzido em parte a seguir:
INTERESSE PELA MÚSICA
Fernanda Porto - Na minha época, principalmente na minha escola, tinha festivais de músicas, eu comecei a me dar bem nessa história, eu fazia muitas canções com os colegas de classe, e aí, quando eu fiz 14 anos, descobri que existia faculdade de música, e encontrei justamente por esse caminho o início da minha carreira.
Fiz faculdade, tinha um professor que falava muito sobre o Conservatório de Tatuí, sempre foi uma referência, desde minha adolescência, essa cidade, por tudo que representava, principalmente na música erudita. Considerávamos o Conservatório um dos maiores centro de música erudita do país. Pra mim, é extremamente importante essa experiência de ir para a cidade.
Entrei na faculdade como pianista erudita, passei por composição e regência e acabei me formando em canto lírico. Durante a faculdade, formei a minha primeira banda de música popular brasileira, e aí misturava, fazia canções inéditas com canções da MPB também, e nesse momento as pessoas começam a dizer que eu deveria ser cantora, e acabei estudando canto lírico.
Estudei com a Leila Farah, acabei cantando um tempo ópera, mas tive essa carreira desenhada um pouco mais pra frente. Comecei em 1990 a fazer show em São Paulo. Meu primeiro disco só saiu em 2002, justamente quando encontrei a oportunidade de misturar bossa nova com a música eletrônica, em especial o drum´n bass.
ELETRÔNICO E BOSSA NOVA
Na música, eu pergunto se poderia fazer um samba assim. Eu confesso que foi uma paixão mesmo. Fui para Londres justamente porque no Brasil ainda não havia esse ritmo, fiquei seis meses lá. Na verdade, meu projeto não foi só misturar, eu fiz também “Barco Virado”, uma mistura de maracatu com drum´n´bass. Foi uma grande surpresa e, mais pra frente, uma grande honra ser convidada para fazer uma versão mais eletrônica. Nesse caso, era uma encomenda de uma música de Tom Jobim, interpretada por Elis Regina. Então, me senti assim, com uma grande responsabilidade de se alterar essa canção e foi uma versão aceita não apenas pelos ouvintes de música tradicional, mas também pelos ouvintes de música eletrônica. Até hoje agradeço essa honra de conhecer um ritmo, me apaixonar por ele, acreditar e correr riscos. Na época, não existia nenhuma luzinha do fim do túnel que pudesse sinalizar uma vitória, e nos discos que eu faço, eu fico procurando uma paixão igual a essa.
MUDANÇA DO CANTO LÍRICO
Meu pai me apresentou a bossa nova na minha adolescência, todo aquele repertório, inclusive, tocada por instrumentistas. Eu fiz faculdade de música erudita porque na época não existia de música popular, mas eu sempre soube que eu queria fazer MPB. Meus ídolos eram Chico Buarque, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Maria Betânia, Elis Regina, enfim, essas são as minhas referências, e depois o pop também, com Cazuza, Marina Lima, Lobão. Mas também gostei de Titãs, Legião Urbana. E a música eletrônica veio na faculdade. Apesar do curso ser de música erudita, tinha uma disciplina de música eletrônica, mais ligada à musica erudita contemporânea, e eu já comecei a me interessar, comecei a fazer – inclusive, faço até hoje - trilhas sonoras para documentários. Então trabalho com computador e música, essas ferramentas maravilhosas para compor, e vamos criando a partir de sons não acústicos, mas também gravamos instrumentos acústicos no computador. Inclusive, já trabalhava na década de 90 com o computador no palco, soltando algumas bases com a banda ao vivo.
“AUTO.RETRATO”
A musica “Auto.Retrato” realmente só aconteceu porque a capa do disco estava praticamente pronta, e a diretora de arte teve que viajar e eu dormi pensando: “Só falta eu ter que fazer um auto retrato pra terminar o CD”. E assim é como se uma síntese inteira do que eu vivi nesse álbum acontecesse, que é realmente um projeto muito autoral, onde eu tive muita autonomia, como um artista plástico quando produz seu auto retrato. Eu me apropriei dessa idéia, inclusive, fiz a própria capa, através de uma foto que fiz na sala da minha casa, com o sistema automático da câmera. Eu acho que essa faixa, e propriamente o que ela diz, representa muito esse disco, que se parece com o primeiro, porque, de certa forma, eu voltei a programar, só que desta vez eu chamei a Christiane Neves para fazer a direção musical do meu CD, pra participar comigo dessa história, mas é um disco muito meu mesmo. Por isso que achei que ele deveria ter esse título.
VISITA A TATUÍ
Sempre tive muita vontade, justamente nessa época de faculdade, mas meus pais eram muito conservadores, eu nunca pude viajar sozinha, e depois que me formei não consegui mais ter tempo, minha vida virou uma correria danada. Mas é um prazer. Quero visitar o Conservatório, sou supercuriosa para conhecer.
SHOW NA CIDADE
Esse show, como é também a primeira vez que vou à Tatuí, acho importante misturar. Predominantemente vai ser baseado no “Auto.Retrato”, mas não vão faltar os grandes sucessos. E é um show onde eu toco vários instrumentos, que as pessoas têm gostado bastante. Até mesmo por essa característica, diferenciada, ficou muito interessante.
fonte: www.oprogressodetatui.com.br