02/12/2024 | Na 35ª Sessão Extraordinária, realizada na última segunda-feira (25) na Câmara Municipal, foi apreciado o Projeto de Lei 06/2024, de autoria da vereadora Cintia Yamamoto, que institui a “Semana Municipal da Maternidade Atípica” em Tatuí.
A iniciativa prevê que a “Semana Municipal da Maternidade Atípica” seja realizada anualmente na terceira semana de maio, detalhando que o termo “maternidade atípica” é utilizado para se referir a mães que têm filhos com deficiência ou alguma síndrome rara.
Entre os objetivos da propositura estão estimular debates para políticas públicas em prol das mães atípicas, sobretudo em saúde mental; promover palestras e outros eventos sobre o tema; apoiar as atividades organizadas e desenvolvidas pela sociedade civil em favor das mães atípicas; estimular atividades que tenham o objetivo de reduzir as dificuldades que enfrentam; estimular a capacitação dos servidores públicos municipais da área de saúde e assistência social para o acolhimento, diagnóstico e tratamento de doenças emocionais que podem surgir; outras iniciativas que visam a promoção e valorização das mães atípicas na sociedade.
Cintia Yamamoto comentou que no último dia 22 participou da sessão solene sobre os ostomizados, onde assistiu ao depoimento de uma mãe atípica que também esteve no evento. “Relato que emocionou a todos nós sobre as dificuldades que elas passam, tanto no setor público, no setor privado e as dificuldades que elas enfrentam desde que o bebê nasce. E elas vão se esgotando. Esse projeto foi feito com muito carinho. A maioria dessas mães cuida dos seus filhos e a pergunta é: quem cuida de quem cuida? Essas mães que são vistas como heroínas ou guerreiras, na verdade são mulheres cansadas, estressadas e adoecidas, pois lidam com o peso físico, financeiro e a dor de, muitas vezes, ver o filho sofrer”, comentou.
Ainda de acordo com a vereadora, o projeto tem o intuito de que todos percebam que as mães, igualmente, precisam de cuidados. “O termo maternidade atípica ainda está em construção. Algumas mães se identificam e outras não gostam, mas todas concordam que precisam de atenção, apoio e cuidado. É de grande importância a criação dessa semana visando alertar a sociedade sobre a importante tarefa de cuidar de quem cuida. É um tema muito importante e cada vez mais precisamos levar a informação. E na sessão solene do Maurício foi abordado muito sobre a falta da informação. Não saber como proceder, vai esgotando as mães que passam por momentos que não são fáceis”, explicou Cintia Yamamoto.
Em aparte, o vereador Renan Cortez parabenizou pelo projeto e ressaltou o texto da justificativa. “Traduz totalmente a realidade dessas mães. No período que trabalhei na Secretaria de Educação, e claro que também posterior a isso, pude vivenciar muitas situações de mães atípicas. Sempre busquei, enquanto estava na rede municipal de Educação, conscientizar os servidores de que aquele momento, que às vezes gerava um pouco de dificuldade para o servidor, devido à demanda daquela criança, daquele aluno, era uma fração do dia de uma mãe atípica. Pois sabemos que além de mãe, ela é mulher. E o quanto essa mulher abre mão para ter a totalidade do seu tempo para cuidar dessa criança? Isso traz um olhar sobre aquilo que é necessário”, comentou.
O vereador Maurício Couto também parabenizou e lembrou sobre uma reunião realizada na Câmara Municipal, organizada pelo ex-vereador Rodnei Rocha (Nei Loco), que foi uma roda de conversa com várias mães. “Ouvimos muitas verdades, que não eram texto decorado, mas fluíam do coração. As mães abordaram que muitas vezes não tinham os momentos de fala, que em várias situações tinham vontade de chorar, porque iam atrás do serviço público e não se sentiam amparadas, porque existem restrições e muitas vezes o próprio sistema não está preparado para acolher essas mães e dar todo o suporte”, disse.
Maurício afirmou que as mães são guerreiras e espera que a iniciativa seja cumprida e as informações divulgadas. “Aqui está sendo pedida a dignidade para as mães, que elas sejam olhadas, porque elas se tornam mães atípicas desde quando é percebido que teve alguma alteração ainda dentro do útero, no feto que está sendo gerado. Que elas possam ser ouvidas e acolhidas de acordo com a patologia que a criança tem. Que elas sejam direcionadas, incluídas num grupo e não isoladas. E digo mais: que não fique só nas mães. Que sejam os pais, avós, todos aqueles que cuidam”, concluiu.
O Projeto de Lei passou por duas votações e aguarda a sanção do prefeito.
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