Por Débora Rubin, no sute ANBA - Agência de Notícias Brasil Árabe, com copidesque do DT
Casal com os filhos: Família mudou-se para Tatuí e fez dos produtos árabes o foco de seus negócios |
24/12/2024, São Paulo – É uma máxima verdadeira: quando não encontramos aquilo que queremos, fazemos nós mesmos. Foi assim que o casal Priscilla Mariana e Alfredo Saab abriram o empório Souk Nachar em Tatuí, a 139 km da capital. Morando na cidade de 124 mil habitantes desde 2021, quando deixaram Guarulhos por causa da pandemia, sentiam muita falta de produtos de origem árabe com os quais estavam acostumados.
“A gente decidiu abrir o empório aqui em Tatuí justamente porque queria comer as coisas e aqui no interior não tinha. Nem no mercado. A gente não achava tahine, que de certa forma é um produto simples, nem mesmo azeite de boa qualidade tinha. Os temperos, no geral, também eram difíceis de encontrar, então toda vez que a gente queria algo, precisava ou ir para São Paulo ou para Sorocaba”, conta Priscilla que, antes de empreender, era professora e estudava psicanálise. (* veja nota no final do texto)
Empreendedores acabaram inovando ao levar produtos árabes para o município paulista de Tatuí |
O casal escolheu Tatuí porque era a maior cidade na rota para Porangaba, cidadezinha com pouco mais de dez mil habitantes onde eles têm um sítio. E como já estavam com o espírito de empreender, decidiram abrir o pequeno mercado. “Pensamos que se nada desse certo, ao menos teríamos um grande estoque para comer depois. Afinal, a gente já tinha que sair da cidade para comprar mesmo”, diz a proprietária do Souk Nachar.
O nome vem de Souk, mercado em árabe, e Nachar, junção dos nomes dos filhos do casal: Ana Najla e Charbel – o caçula foi batizado no Líbano no ano passado, com o nome do santo maronita, igreja que a família frequenta. Alfredo Saab, marido de Priscilla, é filho de libaneses que desde que chegaram no Brasil trabalharam com comércio. O pai foi mascate, a mãe teve loja de roupas, e depois, já nos anos 1990, eles tiveram uma lanchonete dentro do Mercado Municipal de São Paulo. Saab já trabalhava com o pai e chegou a ter sua própria lanchonete em Guarulhos – comércio e comida já estavam no sangue.
Cidade dos doces
Tatuí é conhecida como a Cidade dos Doces e, em julho, acontece a Feira dos Doces. O casal Saab participou da feira de 2024 com os doces árabes e foi um tremendo sucesso. “Com certeza os que levam pistache foram os que mais saíram – e era o que mais tinha em qualquer outra barraca porque a castanha está no auge”, recorda Priscilla. Os donos do Souk Nachar participaram com os tradicionais ninho e burma, que levam pistache, entre outros tradicionais árabes.
Tatuí é conhecida como a Cidade dos Doces e, em julho, acontece a Feira dos Doces. O casal Saab participou da feira de 2024 com os doces árabes e foi um tremendo sucesso. “Com certeza os que levam pistache foram os que mais saíram – e era o que mais tinha em qualquer outra barraca porque a castanha está no auge”, recorda Priscilla. Os donos do Souk Nachar participaram com os tradicionais ninho e burma, que levam pistache, entre outros tradicionais árabes.
Doces árabes como o ninho e burma fizeram sucesso em feira da cidade |
Grande parte dos produtos vendidos no empório vem de uma importadora libanesa – porque eles fazem questão de que sejam do Líbano, e não apenas árabes de forma genérica. O importante, além da qualidade, é a variedade. “A gente nunca quis vender uma coisa só. A gente sempre quis trazer um pouquinho de cada coisa. O souk é por conta dessa ideia, desse conceito de ser um comércio que pode ter várias coisas, não só comida”.
Inclusive eles vendem também lanches, como o shawarma, e opções mais do gosto do brasileiro, como cachorro-quente e hambúrguer, e até uns sanduíches bem locais, como o “galinhão” (parece um hambúrguer, mas vai frango desfiado e presunto).
Hoje, o empório já tem sua clientela fixa. “O nosso público é bem específico porque é quem gosta de comida árabe. Tem um ou outro curioso, mas no geral é o pessoal mais velho, 40 mais, sempre alguém que fala: “a minha avó fazia isso”, coisa assim. O pessoal mais jovem não conhece muito o nosso produto, a gente que acabou trazendo para a cidade e inovando”.
Tatuí, como muitas cidades do interior de São Paulo, também teve imigrantes sírios e libaneses, mas as tradições, inclusive culinárias, podem ter se perdido no tempo – ou ficado restritas aos descendentes. Agora, com o Souk Nachar, os moradores dali e da região podem (re)descobrir os sabores da culinária tradicional árabe.
(*) Provavelmente, os empresários não conheceram o restaurante Kibão Sahten, na região do Mercado Municipal, de tradicional família libanesa, que oferece comida, lanches, salgados e doces árabes. -Nota do DT.
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