quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Pais são surpreendidos com boletim de ocorrência por lesão corporal contra filha autista

Fato ocorreu após crise durante atendimento em PA; atendimento médico foi feito no dia 29 de outubro, em Capela do Alto, após a adolescente apresentar uma crise de pânico.

Por g1 Sorocaba e Jundiaí, com copidesque do DT

Pronto Atendimento de Capela do Alto (SP) — Foto: Google Street View/Reprodução


19/12/2023 | Uma família de Capela do Alto (SP) foi surpreendida com um boletim de ocorrência por lesão corporal contra a filha autista, de 17 anos. O problema está relacionado a um atendimento da adolescente no Pronto Atendimento Central da cidade, no dia 29 de outubro.

O pai da adolescente, que prefere não se identificar, conta que estranhou a forma com que a filha foi atendida no local, após ter uma crise de pânico enquanto estava em uma igreja.

"Eles adotaram um protocolo completamente controverso do que é de praxe. Eles não deixaram minha esposa entrar, o que acabou potencializando ainda mais essa crise. Ela ficou completamente descontrolada na sala de emergência. Quando eu cheguei lá, eles estavam em quatro segurando ela e sem conseguir dar conta. O que aconteceu é que ela, em grande desespero, movimentando braços e pernas, acabou atingindo-os, e causando, segundo eles, hematomas e lesões."

Ele conta, ainda, que ouviu dos profissionais que ele não dava educação para a filha. "Virou aquele falatório na emergência e, a paciente que precisava ser atendida, nada. O atendimento que ela estava acostumada a receber estava controverso", reclama.

O pai diz que, após a filha receber um calmante, ele e a esposa foram com a menina para casa. Entretanto, ele não decidiu fazer nenhum tipo de reclamação sobre o caso, pois havia dado a situação como encerrada.

Ele lembra também que a filha já foi atendida na mesma unidade de saúde outras vezes, sem ter tido problemas. "O protocolo de atendimento foi completamente diferente", reforça.

Intimação

A família percebeu a intimação policial na caixa de correspondência no sábado (16). "Fiquei bastante surpreso. Tem mais ódio da parte deles do que lesão."

O pai ainda lamentou todo o ocorrido: "eu lamento muito pelo que aconteceu. Lamento pelo seus funcionários que tiveram os seus hematomas, levaram chutes, levaram murros. É muito lamentável. Eu não queria levar para a frente, mas, já que eles foram para processar, vou ter que me defender."

A adolescente deve prestar depoimento nesta terça-feira (19).

O que diz a prefeitura

Em nota, a Secretaria de Saúde de Capela do Alto confirmou que a paciente deu entrada na unidade de pronto atendimento municipal, no setor de emergência. Segundo a prefeitura, foram seguidos os protocolos necessários e, após atendimento, a menina deixou a unidade com os familiares.

"O tempo de atendimento da paciente entre classificação de risco (vermelho) e atendimento médico na emergência foi de 50 segundos", diz o texto.

A secretaria não explicou o motivo de o boletim de ocorrência por lesão corporal ter sido registrado.

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