sábado, 18 de fevereiro de 2023

Dinheiro movimentado em esquema de contrabando de ouro representa 85% do orçamento da saúde pública de Tatuí

Quatro empresas são investigadas pela Polícia Federal suspeitas de participarem de contrabando de ouro ilegal da Amazônia. Valores movimentados chegam a R$ 128,8 mi; confira levantamento mostrando a dimensão do valor em relação aos serviços públicos do município.

Por g1 Itapetininga e Região

Polícia Federal cumpriu mandados judiciais contra esquema bilionário de ouro clandestino em todo país — Foto: Polícia Federal/Divulgação


17/02/2023 | Quatro empresas de Tatuí, no interior de São Paulo, são investigadas suspeitas de movimentar milhares de reais em esquema de contrabando de ouro ilegal da Amazônia. Levantamento do g1 mostra a dimensão do valor em relação ao orçamento das pastas do poder público.

As investigações apontam que as empresas movimentaram mais de R$ 128,8 milhões com a compra de ouro com notas fiscais falsificadas de leilões da Caixa Econômica Federal. O minério era repassado para uma exportadora e, posteriormente, comercializado em países como Dubai, Itália, Suíça, Hong Kong e Emirados Árabes Unidos.

A Lei Orçamentária Anual (LOA) do município para o ano de 2023 foi fixada em R$ 572,9 milhões, com aumento de 29,6%. Estes recursos são destinados a 11 secretarias, Câmara Municipal, TatuíPREV e Fundação Manuel Guedes.

O levantamento também mostra que o valor adquirido pelas empresas com ouro clandestino (R$ 128,8 mi) representa 22,4% da LOA de 2023 para o município que possui 124.134 pessoas, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Lei Orçamentária para o exercício fiscal de 2023 foi aprovada em Tatuí — Foto: Câmara de Vereadores de Tatuí/Reprodução


O montante de ouro adquirido pelas empresas representa 85% do orçamento anual destinado à Secretaria de Saúde de Tatuí, que empenhou R$ 151,4 milhões para a pasta.

Já em relação ao setor da educação, o valor movimentado pelo esquema criminoso representa 68,6%. Confira abaixo o levantamento:

  • Secretaria de Governo e Negócios Jurídicos: R$ 11,9 mi (1082,3%)
  • Secretaria de Administração e Transportes Públicos: R$ 10,5 mi (1226,67%)
  • Secretaria de Fazenda, Finanças, Planejamento e Trabalho: R$ 51,3 mi (251%)
  • Secretaria de Saúde: R$ 151,4 mi (85%)
  • Secretaria de Educação: R$ 187,7 mi (68,6%)
  • Secretaria de Obras e Infraestrutura: R$ 19,7 mi (653,8%)
  • Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social: R$ 8,2 mi (1570,7%)
  • Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente: R$ 7,6 mi (1694,7%)
  • Secretaria de Esporte, Cultura, Turismo e Lazer: R$ 7 mi (1840%)
  • Secretaria de Segurança Pública e Mobilidade Urbana: R$ 22,4 mi (575%)
  • Secretaria de Serviços Públicos e Zeladoria: R$ 28,3 mi (455,1%)
  • Secretaria de Direitos Humanos, Família e Cidadania: R$ 840 mil (15333,3%)
  • Câmara Municipal: R$ 13,56 mi (949,8%)
  • Fundação Manoel Guedes: R$ 2,45 mi (5257,1%)
  • TATUIPREV: R$ 49,6 mi (259,6%)

Operação da Polícia Federal mira esquema de contrabando de ouro ilegal da Amazônia — Foto: Polícia Federal/Divulgação

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