Chamas durante show destruíram salão de resort em Cesário Lange. O tecladista da banda morreu e outras 19 pessoas ficaram feridas. Polícia apura se fogos de artifício causaram incêndio.
Por Karina Ricca, TV TEM, com edição do DT
Espaço para shows e eventos de resort de luxo em Cesário Lange (SP) pegou fogo — Foto: mavsaresort.com/Reprodução |
10/03/2022 | O laudo da perícia feita no Mavsa Resort, palco de um incêndio que deixou um morto e 19 feridos em Cesário Lange, na região imediata de Tatuí, foi divulgado no início da tarde desta quinta-feira (10) pela Polícia Civil.
Segundo o delegado Silvan Renosto, o laudo confirmou que foram utilizados fogos de artifício durante o show que ocorria no resort de luxo no dia 21 de fevereiro. Além disso, conforme a Polícia Civil, o documento aponta que o fogo foi derivado de uma ação humana.
Testemunhas do incêndio no Resort Mavsa, em Cesário Lange, são ouvidas |
"É um laudo bem completo, com 89 páginas e muitos dados técnicos. Ainda não conseguimos avaliar todo o conteúdo, mas o laudo confirma a utilização de fogos artifício no local. Agora temos que verificar se esses fogos eram adequados, se houve ação humana, ou erro na ação humana", explica o delegado.
"E o laudo fala que o fogo foi derivado de uma ação humana, agora nós vamos investigar quem teria agido, e se de forma dolosa ou culposa", continua Renosto.
Em nota, o Mavsa Resort informou que ainda não teve acesso ao conteúdo do laudo pericial e que segue colaborando com as autoridades. A empresa disse que aguarda as investigações e que continua prestando todo o apoio necessário às vítimas e seus familiares.
Incêndio
O incêndio foi registrado em um espaço reservado para shows e eventos do Mavsa Resort, por volta das 23h do dia 21 de fevereiro. Vinte pessoas foram levadas para unidades de saúde de Cesário Lange e Tatuí, com queimaduras e por terem inalado grande quantidade de fumaça.
Onze dias depois do incêndio, o tecladista Antone Roberto Camargo, de 43 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu em um hospital de Sorocaba (SP). Segundo a família, Antone teve queimaduras de 2º e 3º graus, que atingiram 60% do corpo.
Músico que se apresentava no Mavsa Resort teve 60% do corpo queimado durante incêndio em Cesário Lange — Foto: Instagram/ Reprodução |
Em nota, o Mavsa Resort lamentou a morte do tecladista e disse que está prestando todo o apoio necessário aos familiares. O corpo de Antone foi enterrado no fim de semana, em Alumínio (SP).
Além do tecladista, o baixista da banda, Adriano Franklin, de 49 anos, também teve ferimentos graves. Ele seguia internado até esta quinta-feira, assim como o eletricista Édson Bueno, um outro funcionário do Mavsa Resort e o bombeiro civil Gabriel Lopes, de 22 anos.
À TV TEM, o pai do bombeiro Gabriel disse que soube, de um gestor do Mavsa Resort, que o fogo foi provocado pela falha em uma máquina que "lança fagulhas". O filho dele era o responsável por acionar o equipamento de pirotecnia.
"Um desses lançadores foi disparado mais alto e atingiu o forro. O fogo se espalhou e o teto do palco desabou. [...] O Gabriel já tinha operado esse equipamento e reforço que ele não teve responsabilidade direta com o ocorrido. Ele simplesmente é designado, pela liderança dele, para fazer esse trabalho", conta Edivaldo.
Investigação
Desde o dia da ocorrência no Mavsa Resort, a Polícia Civil ouviu várias testemunhas para descobrir as causas do incêndio, concluir se houve falha técnica ou humana, e responsabilizar os envolvidos.
Na segunda-feira (7), três músicos que se apresentavam no dia do incêndio prestaram depoimento na delegacia e um deles contou que fogos de artifício atingiram o teto do salão de eventos antes do fogo.
Show antes de incêndio no Mavsa Resort em Cesário Lange — Foto: Arquivo pessoal |
O delegado Silvan Renosto explicou que os integrantes da banda foram ouvidos por quase quatro horas e puderam mostrar uma visão diferente do momento do incêndio, já que estavam em cima do palco quando o fogo começou.
No dia 25, bailarinos já haviam confirmado para a Polícia Civil que artefatos pirotécnicos foram utilizados durante o show no Mavsa Resort.
Depois, as investigações apontaram que um dos equipamentos que disparou os fogos de artifício funcionou de uma forma diferente no dia do incidente e, agora, um dos músicos afirmou à polícia que os fogos atingiram o teto do resort de luxo.
O Ministério Público, através da Promotoria de Justiça de Cesário Lange, disse que também instaurou um inquérito civil para apurar o caso.
Já Prefeitura de Cesário Lange informou que o Mavsa Resort é legalizado e tem todos os alvarás de funcionamento. A empresa disse que está colaborando com as investigações e prestando apoio às vítimas e familiares.
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