Fogo deixou 20 feridos no Mavsa Resort, sendo que um músico morreu e quatro pessoas seguem hospitalizadas. Polícia apura se fogos de artifício causaram incêndio.
Por Rafaela Zem, g1 Itapetininga e Região, com edição do DT
Espaço para shows e eventos de resort de luxo em Cesário Lange (SP) pegou fogo — Foto: mavsaresort.com/Reprodução |
10/03/2022 | O brigadista de incêndio que ficou gravemente ferido durante as chamas que atingiram o Mavsa Resort, em Cesário Lange (SP), região imediata de Tatuí, precisou passar por uma cirurgia nos braços e se recupera do procedimento em um hospital de Campinas (SP).
Além do brigadista, outras 19 pessoas ficaram feridas no incêndio, que ocorreu no dia 21 de fevereiro. Um músico que se apresentava no dia do fogo não resistiu aos ferimentos e morreu depois de 11 dias internado. Quatro pessoas permanecem internadas até esta quinta-feira (10).
Édson Bueno da Rocha, de 51 anos e que também trabalhava como eletricista no resort de luxo, passou por cirurgia na terça-feira (8). Segundo a irmã, foi necessário utilizar parte da pele das pernas do brigadista para enxertar os membros superiores.
"A cirurgia demorou aproximadamente duas horas. Tudo ocorreu bem, mas agora precisamos esperar para ver se o corpo dele vai se adaptar à mudança. Por isso, o médico não deu uma previsão para ele receber alta hospitalar", explica Lilian Bueno da Rocha.
Em depoimento, músicos dão detalhes à polícia sobre incêndio no Resort Mavsa |
Ao g1, Lilian contou que o irmão tentou ajudar outras pessoas na noite do incêndio e acabou sofrendo queimaduras nas costas, braços e cabeça.
"A recuperação é lenta, mas só temos a agradecer por ele não ter tido problemas pulmonares. Creio que o Édson usou todo o seu conhecimento para não inalar a fumaça. Ele saiu de lá com queimaduras, mas consciente", conta.
Foto mostra destruição em resort de Cesário Lange — Foto: Corpo de Bombeiros/Divulgação |
Após ser socorrido, Édson foi encaminhado para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Tatuí (SP). Por conta da gravidade dos ferimentos, no dia 23 de fevereiro, ele foi transferido ao Centro de Tratamento de Queimaduras (CTQ) do Hospital Irmandade de Misericórdia de Campinas.
"Quando soube que um dos músicos não sobreviveu, fiquei ainda mais triste. O que já era lamentável se tornou pior. Queria estar com o meu irmão para dar um apoio, mas ele não pode receber visitas", desabafa a irmã.
Incêndio
O incêndio foi registrado em um espaço reservado para shows e eventos do Mavsa Resort, por volta das 23h do dia 21 de fevereiro. Vinte pessoas foram levadas para unidades de saúde de Cesário Lange e Tatuí, com queimaduras e por terem inalado grande quantidade de fumaça.
Onze dias depois do incêndio, o tecladista Antone Roberto Camargo, de 43 anos, não resistiu aos ferimentos e morreu em um hospital de Sorocaba (SP). Segundo a família, Antone teve queimaduras de 2º e 3º graus, que atingiram 60% do corpo.
Músico que se apresentava no Mavsa Resort teve 60% do corpo queimado durante incêndio em Cesário Lange — Foto: Reprodução/Instagram |
Em nota, o Mavsa Resort lamentou a morte do tecladista e disse que está prestando todo o apoio necessário aos familiares. O corpo de Antone foi enterrado no fim de semana, em Alumínio (SP).
Além do tecladista, o baixista da banda, Adriano Franklin, de 49 anos, também teve ferimentos graves. Ele seguia internado até esta quinta-feira, assim como o eletricista Édson Bueno, um outro funcionário do Mavsa Resort e o bombeiro civil Gabriel Lopes, de 22 anos.
Gabriel Lopes e o pai Edivaldo, que falou sobre o incêndio no Mavsa Resort, em Cesário Lange — Foto: Arquivo pessoal |
Em entrevista à TV TEM, o pai de Gabriel afirmou que o filho teve 20% do corpo queimado ao tentar salvar as vítimas do fogo. Conforme o Mavsa, nenhum hóspede ficou ferido no incêndio.
"Ele sofreu as queimaduras devido à ação dele, à atitude dele de tirar todo mundo do local. Até onde a gente conseguiu levantar as informações, ele ficou próximo ao fogo, no meio do fogo, para resgatar todo mundo, um por um", conta Edivaldo Martini Ramos.
Investigação
Desde o dia da ocorrência no Mavsa Resort, a Polícia Civil ouviu várias testemunhas para descobrir as causas do incêndio, concluir se houve falha técnica ou humana, e responsabilizar os envolvidos. Ao todo, 18 pessoas já prestaram depoimento, e as oitivas serão retomadas nesta quinta-feira.
Na segunda-feira (7), três músicos que se apresentavam no dia do incêndio prestaram depoimento na delegacia e um deles contou que fogos de artifício atingiram o teto do salão de eventos antes do fogo.
Vídeo mostra show antes de incêndio no Mavsa Resort em Cesário Lange — Foto: Arquivo pessoal |
O delegado responsável pelo caso, Silvan Renosto, explicou que os integrantes da banda foram ouvidos por quase quatro horas e puderam mostrar uma visão diferente do momento do incêndio, já que estavam em cima do palco quando o fogo começou.
No dia 25, bailarinos já haviam confirmado para a Polícia Civil que artefatos pirotécnicos foram utilizados durante o show no Mavsa Resort.
Depois, as investigações apontaram que um dos equipamentos que disparou os fogos de artifício funcionou de uma forma diferente no dia do incidente e, agora, um dos músicos afirmou à polícia que os fogos atingiram o teto do resort de luxo.
O Ministério Público, através da Promotoria de Justiça de Cesário Lange, disse que também instaurou um inquérito civil para apurar o caso.
Já Prefeitura de Cesário Lange informou que o Mavsa Resort é legalizado e tem todos os alvarás de funcionamento. A empresa disse que está colaborando com as investigações e prestando apoio às vítimas e familiares.
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