quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Coluna da Práxis

SESSÃO ORDINÁRIA EM ALTA TEMPERATURA

Na segunda feira, 14 de fevereiro de 2022, a Câmara Municipal de Tatuí se reuniu para mais uma sessão ordinária às 19 horas.

Começou com a mesma rotina de leitura e classificação das matérias apresentadas pelos vereadores (projetos, requerimentos, indicações e moções), até o uso da palavra para as devidas explicações e justificativas.

Eduardo Sallum chamou à responsabilidade a prefeitura para os cuidados de preservação do patrimônio da Fábrica São Martinho tombado como patrimônio estadual que deve ser transformado em patrimônio nacional, trabalho desenvolvido pelo IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico Nacional.

Sallum denunciou ainda e pediu providência no sentido de que a prefeitura regularize a situação do transporte de estudantes universitários que estão sendo prejudicados pela desordem no setor de transporte público da cidade.

No estouro dos seus 3 minutos de fala Sallum conseguiu cobrar do executivo municipal a criação de um cursinho popular para dar ao jovem de baixa renda, filho da classe trabalhadora, a oportunidade de ingressar em uma universidade.

O CLIMA ESQUENTOU

Sallum solicitou uma intervenção por uma questão de ordem para que uma moção de repúdio ao vereador Renato Freitas, de Curitiba, que foi até a frente da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, construída por escravos pretos, para simbolicamente protestar contra os atos de racismo que resultaram nos assassinatos do congolês Moise Mugenyi Kabagambe, 24 anos, e Durval Teófilo Filho, 38 anos, fosse votado em separado dos demais, votados conjuntamente.

O primeiro assassinado a pauladas num quiosque da Barra da Tijuca, o segundo a tiros na porta de casa ao retornar do trabalho supostamente confundido com bandido.

Acatado o pedido pelo presidente da câmara, votadas as moções em conjunto, a moção de repúdio foi posta de forma separada.

A partir de então a tensão tomou conta da sessão.

Sallum se absteve do voto, o que inicialmente foi contestado pelo presidente que na sua interpretação do regimento entendia a obrigatoriedade do voto a favor ou contra a moção.

Na sua interpretação divergiu do presidente argumentando que a constituição do Brasil garante a inviolabilidade de fala e voto na tribuna e essa abstenção era seu voto, solicitando a garantia desse direito, ou estaria caracterizado uma violação da constituição por parte do presidente.

Houve a insistência do presidente e a resistência do vereador Sallum que não mudou seu voto.

O presidente da casa por fim recuou e assim o impasse foi resolvido.

SALLUM DE VOLTA NA TRIBUNA

Sallum foi atendido no seu pedido de tempo de fala na tribuna para fazer a defesa de sua posição.

Então, lembrou que Tatuí tem muitos problemas de urgência para a população para ser resolvido. "Parece que vivemos na Suíça".

"Estamos usando nosso tempo para debater uma ação de um vereador de Curitiba".

Depois colocou o dedo na ferida dos vereadores proponentes e defensores da proposta, todos da bancada bolsonarista.

Sallum atribuiu o ataque ao vereador curitibano e ao Partido dos Trabalhadores ao desespero de bolsonaristas diante das pesquisas de intenção de votos para presidente que mostram o ex-presidente Lula com chances de voltar ao comando da nação já em primeiro turno.

Por isso o propositor da moção, Fábio Vila Nova, destilou tanto ódio ao fazer a defesa na tribuna, segundo Sallum.

Sallum chamou de hipocrisia de Paulinho Motos e Michele Vaz que assinam solidariamente a moção, se apresentam no meio político como cristãos evangélicos, fazem discurso contra a intolerância religiosa, mas são seguidores e defensores do presidente da república que ameaça "metralhar a petezada", ama torturadores e que prestou homenagem ao maior deles que atuou durante a ditadura militar; o Cel Brilhante Ustra. Ídolo de Bolsonaro.

Também o primeiro torturador da ditadura militar responsabilizado e condenado por 434 assassinatos e centenas de pessoas que foram submetidas à tortura sob seu comando.

Pontuou Sallum que a ditadura militar perseguiu, interrogou e torturou religiosos, padres da igreja católica. Lembrou que o Partido dos Trabalhadores nasceu no seio da igreja católica, nas Comunidades Eclesiais de Base.

Repudiou o que considerou ameaças veladas do discurso do Vereador Claudião da Oklahoma, dizendo que não se intimida com arroubos autoritários de truculência e de intolerância na tribuna.

Diante dos debates exaltados no plenário o presidente suspendeu temporariamente a sessão e no retorno fez o encerramento com um minuto de silêncio em homenagem aos falecidos.

(Esta coluna é da responsabilidade do Movimento Popular Práxis)

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