Em um esporte predominantemente masculino, elas buscam conquistar o próprio espaço
Equipe feminina de futebol de amputados de Sorocaba -- no destaque, a atleta Vivi Antunes |
23/09/2021 | Presente na vida de muitos brasileiros, o esporte pode mostrar-se uma verdadeira ferramenta de desenvolvimento individual e social. E nada mais justo do que no Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, celebrado em 21 de setembro, destacarmos o papel transformador do esporte na vida de muitos atletas com deficiência. Um exemplo recente foram os Jogos Paralímpicos, que mostraram que a deficiência torna-se uma mera coadjuvante na história.
Desafios diários e quebra de tabus. Adicione a isso o fato de ser mulher e frequentar um ambiente predominantemente masculino. É exatamente o que um grupo de mulheres de Sorocaba, interior de São Paulo, fez, e está fazendo: elas criaram o primeiro e único time feminino de futebol de amputados do país.
A equipe existe há menos de dois meses. Algumas das atletas já praticavam a modalidade, mas em times masculinos. É o caso de Vivi Antunes, a pioneira no time. Vivi perdeu a perna esquerda após sofrer um acidente e encontrou no esporte uma ‘salvação’, como ela mesma afirma: "O futebol hoje em dia é essencial na minha vida!". A atleta, que tem uma rotina intensa de treinos, é também a primeira mulher no Brasil a fazer um gol na modalidade, marcado enquanto ainda jogava entre os homens.
Por incentivo de Paulo Vasconcelos, técnico do time masculino e idealizador do projeto, elas aceitaram o desafio de formar uma equipe de mulheres. "Por termos a concepção de que o futebol é um esporte quase que exclusivamente masculino, foi desafiador incentivá-las a aderirem ao esporte como ferramenta de inclusão e trazê-las para dentro do campo. Para deixá-las mais à vontade, foi inclusive criada uma comissão técnica somente feminina", comenta Paulo.
A técnica da equipe é Beatriz Ramos, que nunca tinha vivenciado uma experiência como esta, e afirma: "Trabalhar com o time feminino de futebol de amputados ampliou minha mente e me faz, a cada dia, evoluir como profissional e como pessoa".
A equipe feminina conta com 11 atletas (pouco mais de um time completo, já que no futebol de amputados, são sete jogadores de cada lado). Além de Vivi Antunes, a equipe é formada por Hetieli, Viviane Aguera, Selma, Letícia Adum, Letícia, Jussara, Amália, Katiane, Rafaela e Eliana, exemplos que mostram que lugar de mulher com deficiência também é onde ela quiser.
Os treinos são realizados uma vez por semana e elas já sonham com o surgimento de novas equipes e com a criação de uma liga profissional. O objetivo é que mais mulheres pelo Brasil se inspirem na equipe de Sorocaba e formem novos times femininos, para que elas possam disputar campeonatos e representar sua cidade.
A modalidade
O futebol de amputados é uma variação do futebol convencional e conta com a participação de jogadores com amputação de membros inferiores e goleiro com amputação de membros superiores. A modalidade chegou no Brasil em 1986, ano em que também aconteceu a primeira competição brasileira, na cidade de Linhares-ES. Atualmente, o Brasil é o único país tetracampeão de Futebol de Amputados, sendo uma das maiores potências da modalidade no mundo.
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