segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Comandante de Policiamento da Região é afastado por ataque ao STF

Regulamento da corporação proíbe policiais de participarem ou promoverem atos político-partidários. Aleksander Lacerda estava a frente do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 7, em Sorocaba (SP).

Por G1 Sorocaba e Jundiaí, com edição do DT

Coronel Aleksander Lacerda — Foto: Reprodução/TV TEM/Arquivo

23/08/2021 | Após fazer postagens em uma rede social em defesa de protesto a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Aleksander Lacerda, comandante da Polícia Militar, deve ser afastado por indisciplina, segundo disse João Doria (PSDB), governador de São Paulo. A decisão de afastar o comandante, que estava a frente do Comando de Policiamento do Interior (CPI) 7, em Sorocaba (SP), foi informada por Doria à rádio CBN, nesta segunda-feira (23).

De acordo com uma reportagem do "Estado de São Paulo", Aleksander convocou militantes e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF) nas publicações.

A Polícia Militar informou que o coronel Aleksander Toaldo Lacerda foi afastado das suas funções e que será convocado pelo Comando da corporação.

"A Corregedoria da instituição, que é legalista e tem o dever e a missão de defender a Constituição e os valores democráticos do país nela expressos, analisa as manifestações recentes do oficial, que foi convocado ao Comando Geral para prestar esclarecimentos.

O afastamento acontece no dia em que governadores, incluindo Doria, se reúnem para debater, entre outros pontos, a defesa da democracia e a escalada da crise entre os poderes.

A decisão de Doria acontece também pouco após Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar que o deputado federal Otoni de Paula (PSC-RJ) e o cantor Sérgio Reis fossem alvo de mandados de busca e apreensão em ação que investiga incitação a atos violentos e ameaçadores contra a democracia. Em áudio vazado, Sérgio Reis defendeu a paralisação de caminhoneiros para pressionar o Senado a afastar ministros do STF.

Em resposta, Bolsonaro, então, apresentou um pedido de impeachment contra Moraes, o que foi rapidamente repudiado pelo STF, que divulgou nota (leia aqui). Em solidariedade a Moraes, dez partidos também emitiram notas reafirmando o compromisso com a manutenção da democracia.

Corporação proíbe atos

O regulamento da corporação da Polícia Militar proíbe policiais de participarem ou promoverem atos político-partidários.

"Aos militares do Estado da ativa são proibidas manifestações coletivas sobre atos de superiores, de caráter reivindicatório e de cunho político-partidário, sujeitando-se as manifestações de caráter individual aos preceitos deste Regulamento", diz um trecho do regulamento.

O CPI-7 compreende sete batalhões da Polícia Militar de São Paulo, o que representa cerca de 5 mil policiais em 78 municípios da região de Sorocaba. Ele é formado pelos seguintes Batalhões da Polícia Militar do Interior: 7º BPM/I (Sorocaba), 12º BPM/I (Botucatu), 22º BPM/I (Itapetininga), 40º BPM/I (Votorantim), 50º BPM/I (Itu), 53º BPM/I (Avaré) e 54º BPM/I (Itapeva).

Outros ataques no post

Ainda conforme a reportagem do "Estado de São Paulo", Aleksander também criticou o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, por não dar prosseguimento no pedido de impeachment feito pelo presidente contra o ministro Alexandre de Moraes.

O governador de São Paulo e o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, que agora é secretário de Projetos e Ações Estratégicas estadual, também foram atacados por Aleksander.

"Aqui no estado de São Paulo não teremos manifestações de policiais militares na ativa de ordem política. São Paulo tem a melhor Polícia Militar do país, a mais bem treinada, a mais bem equipada. São Paulo tem orgulho da Polícia Militar e do seus policiais e do seus colaboradores. E também do seu comando da Polícia Militar na figura do coronel Alencar. E nós aqui, conjuntamente, não admitiremos nenhuma postura de indisciplina como foi feita pelo coronel Aleksander, e agora ele está afastado da Polícia Militar a partir desta manhã", disse Doria no Instituto Butantan durante liberação de novo lote da CoronaVac ao Ministério da Saúde.


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