sábado, 26 de janeiro de 2019

crônica / Ana Moraes


O mundo é feito de pontos ou de cordas?

Nas entranhas de tudo que nós vemos existem pequenas partículas pontuais denominada primeiramente por dois filósofos gregos, Demócrito e Leucipo, seu mestre, por volta dos séculos IV e V a.C., como “átomos”, sendo essas partículas, a princípio, indivisíveis, assim como próprio significado do seu nome denota. Mas posteriormente, já nos séculos XIX e XX mostrou-se que esses átomos poderiam ser partidos em partículas menores e, assim, contraditoriamente ao seu nome, o átomo continuo sendo átomo apenas por tradição.

Além disso, indo mais a fundo nessa aventura pela matéria, pode-se encontrar uma variedade enorme de partículas umas menores que as outras e também ver que existem parentescos entre elas, até nesse nível existe constituições familiares. Trata-se de uma verdadeira selva de partículas subatômicas: píon (π), sigma (Σ), ômega (Ω), delta (Δ), lambda (Λ), xis (Ξ), kaón (Κ) e entre outras. No entanto, além dessas partículas subatômicas, são encontradas partículas ainda menores, ainda mais elementares: os léptons (elétrons, muón e tau e seus respetivos neutrinos) e os quarks (up, down, charme, estranho, top e bottom). Esses últimos seriam os blocos de construção utilizados por Deus para fazer todas as outras partículas, a mistura de cada uma em suas devidas proporções faz todas as partículas que conhecemos, assim como uma receita de bolo.

A natureza de partícula, isto é, pequenas bolinhas tão pequenas como pontos era preponderante no ideal científico. Até que no século XIX, propuseram a chamada Teoria das Cordas, que propunha que muito além da pequenez dos quarks, os supostos blocos fundamentais da matéria, existiriam coisas ainda menores que compunham tudo. Essa teoria seria uma tentativa de unificar a Teoria da Relatividade, as coisas grandes, com a Teoria Quântica, coisas pequenas. Essas coisas seriam cordas, isso mesmo cordas! Descartando a ideia de pontos. Cordas que se comportariam como cordas de um violão, sendo dedilhadas na medida precisa para que todo esse Universo se mantenha em equilíbrio. Uma espécie de macarronada que daria origem a tudo. E a vibração dessas cordas resultariam na existência de tudo que vemos e sentimos e além. Assim como em Gênesis na Bíblia, Deus propaga a sua voz decretando os desígnios de toda a matéria, fazendo então vibrar essas cordas com destreza para criar tamanhas belezas inefáveis e preenchidas de perfeição, muitas vezes incompreendida pela nossa pequenez humana.

Aliás, nossas vidas são feitas de cordas. De cordas que se ligam e interligam formando uma intrincada rede. Percebe-se que para que todas as cordas se liguem devem existir pontos. O ponto final em sua essência enigmática divide um fim de um começo, um poder mágico. E é, portanto, desse jeito que fazemos os pontos de nossas vidas. Acabamos uma fase e iniciamos outras, asseverando o velho adágio: quando Deus fecha uma porta, abre outra.

Desta forma, vivemos ligando pontos como uma costureira debruçada sobre a sua poesia concreta composta de linhas que sozinhas não são nada, mas unidas podem ser qualquer coisa. Podem ser maravilhas como podem ser derrocadas, depende de como você liga os seus pontos. Além do mais, é necessário tomar cuidado para não tropeçar nas próprias cordas que ligam seus pontos, para não desfazer tudo que foi ligado. Assim, quando andar entre suas cordas, ande com cuidado, faça com amor para não torna-las uma “cama de gato”.

Como a Teoria das Cordas está presente em nossa dia-dia?! Uma teoria tão complexa que nos envolve em essência e pareia-se com a simplicidade do mundo de cada ser. Tudo é corda, tudo é ligação, tudo vibra de acordo com uma harmonia. E na miudeza dessas cordas que vibram fazendo desse Universo algo tão grandioso que se expressa em grandiloquências naturais cobertas de enigmas, deve existir um ponto, apesar de não encontrado ainda, que unifica tudo. Esse ponto deve ser algo que procuramos com os nossos cinco sentidos limitados e não encontramos, mas, ao que tudo indica, só através da fé teremos certeza de sua existência, apesar de tanta grandiosidade que nos rodeia, sem nenhuma assinatura evidente, deixando aquela dúvida impulsionadora. Esse ponto que liga tudo é Deus, o Ser que rege o Universo como uma orquestra sinfônica.

A.M.O.R.
(Ana Moraes de Oliveira Rosa)

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