ANDANÇAS
(Sônia Rampim)
Voltou do passeio a pé
Passou na casa da tia e lambuzou-se de fios de ovos.
Sentou-se naquela praça, em frente à escola que era modelo.
Viu a capivara, os coelhos e encantou-se com a tartaruga.
Caminhou pela rua que tinha um cruzeiro.
Escutou a arara que gritava, empoleirada naquela oficina.
Demorou para atravessar a rua.
Brincou de passa-anel, cair no poço e queimada.
Percebeu os primeiros pingos da tempestade de verão.
Ouviu o consertador de guarda-chuuuuva e sombrinha que ia passando.
Parou em frente ao prédio novo.
Fez serenata com a flauta, o cavaquinho e o violão.
Observou as senhoras sentadas nas cadeiras que trouxeram até a calçada para
[ouvir causos.
Esbarrou em tantas pessoas...
Procurou a senhora de cabelos pintados que carregava seu cãozinho e falava no [tubo de plástico.
Divertiu-se com as crianças perguntando ao homem maltrapilho: "Vai fogo, Vadô?"
Olhou o jardim da praça da Matriz.
Contemplou o bicho-preguiça a não fazer nada.
Espreguiçou-se no banco da praça do museu que fora prisão.
Brincou de soltar papagaio com outros meninos.
Lembrou-se de comprar balas de coco.
Admirou os cavalos que matavam a sede logo ali, no bebedouro.
Encomendou frango caipira, milho e cambuquira.
Precisava saborear o caldo antes de voltar para a capital.
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