quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

Caso Taina: família ainda não tem previsão de quando jovem e bebê voltarão para casa

Jovem e criança de Pilar do Sul estão em abrigo de São Luís e estavam sumidas desde o dia 3 de novembro. 

Por Paola Patriarca, G1 Itapetininga e Região, com edição do DT

Foto: Reprodução/Facebook

03/12/2018  | O marido da jovem de Pilar do Sul (SP) Taina Queiroz, de 18 anos, informou nesta segunda-feira (3) que ainda não sabe quando a mulher e a filha, de oito meses, serão retiradas do abrigo, em São Luís (MA), e levadas para Pilar do Sul (SP). Desde 3 de novembro, a família não sabia onde as duas estavam.

O marido, Raul Kennedy da Silva, suspeitava que elas tivessem sido sequestradas pelo ex-patrão, Luís Fernando Lourenço. As duas foram localizadas no sábado (1º) após a prisão de Luís, foragido da Justiça por estelionato. No domingo (2), a família comemorou a descoberta do paradeiro de Tainá e a filha.

Entenda o caso

Raul Kennedy da Silva, a mulher, Taina Queiroz e a filha de 8 meses viviam em Pilar do Sul (SP). Ele viajou a trabalho e, quando retornou, não encontrou Taina e a bebê em casa.

Em 3 de novembro, Silva registrou um boletim de ocorrência e disse que recebeu mensagens de seu ex-patrão Luís Fernando Lourenço, dizendo que Taina estava com ele por vontade própria e que ela e a bebê estavam bem.

A polícia abriu inquérito para investigar o caso. Como não havia pedido de resgate, o caso foi registrado inicialmente como desaparecimento.

A família de Taina recebeu vídeos da jovem, em que ela aparecia ao lado da criança e dizia estar feliz. Parentes viram sinais de nervosismo e ameaça nos vídeos.

Em 28 de novembro, a polícia retificou o BO e passou a investigar o caso como subtração de incapaz.

Lourenço era procurado pela polícia por estelionato há cerca de um ano e foi preso no sábado (1º) em São Luís (MA).


Suspeito de sequestrar mulher e filha de ex-funcionário envia vídeos para família

Ainda de acordo com Raul, a família aguarda ser informada sobre se vai ter que buscar a jovem ou se ela será levada para Pilar do Sul.

"Estamos ansiosos para a chegada das duas e poder entender o que realmente aconteceu com a Taina. Mas ainda não sabemos se vamos ter que ir para lá buscá-las ou se elas serão trazidas para cá pelo Conselho Tutelar. Ainda não falei com a Taina e nos informaram que ela passará por exame de corpo de delito", afirma Raul da Silva.

De acordo com o delegado Acácio Leite, da Delegacia de Investigações Gerais (SP) de Sorocaba, ainda não há uma data sobre a chegada da jovem, mas ela será ouvida para a conclusão do inquérito sobre subtração de menor.

A polícia do Maranhão informou que após a prisão de Luís Fernando, Taina foi na delegacia e disse que estava em São Luís com a filha por vontade própria.

Luís Fernando continua preso no centro de triagem do Complexo de Pedrinhas, onde aguarda transferência para alguma penitenciária da região de Sorocaba, onde cumprirá pena por estelionato.

"A transferência para alguma penitenciária da região de Sorocaba deve ocorrer, mas a data é o juiz quem determina. Vamos apurar o que realmente aconteceu. Entender o que houve. Por isso, quando Taina voltar para a região vamos colher depoimento dela e do Luis também", diz o delegado.

Prisão


Luis Fernando Lourenço já tem passagens na polícia por estelionato — Foto: Arquivo Pessoal

Segundo o delegado Acácio Leite, Luis Fernando Lourenço foi preso durante a madrugada de sábado (1º) após denúncia feita para a Polícia Militar.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Maranhão (SSP-MA) a prisão ocorreu pouco depois dele ter sido reconhecido enquanto comprava comida perto de uma pousada na Praia do Calhau, em São Luís, onde estava hospedado com Taina e a criança.

De acordo com a Superintendência da Polícia Civil do Maranhão, após a prisão, Luis foi levado para a penitenciária de Pedrinhas, onde está à disposição da Justiça.

Luis Fernando estava foragido da Justiça há cerca de um ano, segundo a Polícia Civil. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que Luis esteve preso em 22 de outubro de 2013 pelo artigo 158, que é constranger alguém mediante violência. Mas, segundo o órgão, foi solto no dia 23 de outubro.

Ainda de acordo com a SSP, Luis foi condenado por estelionato a cumprir pena de prestação de serviços à comunidade, porém não cumpriu a determinação. Por isso, constava como foragido.

Desaparecimento

O sumiço da mãe e da filha foi registrado no dia 3 de novembro. O marido da jovem conta que viajou a trabalho para Castilho (SP) e, quando retornou para casa, não encontrou mais as duas.

"Cheguei e não estavam em casa. Fizemos buscas, mas nada. Não atendeu o telefone e ninguém sabia delas. Fiquei desesperado. Foi então que meu ex-patrão mandou mensagem dizendo que estava com as duas e que elas estavam felizes. Mas ela não me deixaria. Estávamos bem e tenho certeza que ele as raptou", disse na época ao G1.


Taina Queiroz ao lado da filha de 8 meses — Foto: Arquivo Pessoal/Raul Kennedy da Silva

Raul ainda afirmou que conheceu o ex-patrão Luís Fernando Lourenço há quatro meses, em Sorocaba (SP). Ele se apresentou como cantor e empresário, e ofereceu emprego para o rapaz entregar outdoor em cidades do interior de São Paulo.

"Ele levou a gente em shows e se mostrava uma pessoa que tinha conhecimento, importante. Nunca tive problema com ele, mas é um cara invejoso e não aceitava ver a gente feliz", diz.

A Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Sorocaba abriu inquérito policial para investigar o caso do sumiço das duas.

Porém, no dia 28 de novembro o delegado Acácio Leite informou que passou a tratar o caso como subtração de incapaz após vídeos enviados pelo suspeito mostrar que Taina estava bem.


Suspeito de sequestrar mulher e filha de ex-funcionário envia vídeos para família

De acordo com Raul, vídeos foram encaminhados por Luís Fernando para ele e parentes logo após o desaparecimento da esposa e filha.

Policiais civis de Pilar do Sul ligaram para Luís no número usado por ele para enviar as mensagens. O suspeito disse que as duas estavam bem, mas não contou onde estavam. Depois, policiais e familiares não conseguiram mais contato.

Nas imagens (Veja acima) é possível ver Taina deitada em uma cama ao lado da filha. O homem que filma é o suspeito. Ele faz questionamentos e Taina responde. Segundo o delegado, os vídeos não foram encaminhados para a Polícia Civil.

Parentes da jovem afirmaram que, nos vídeos, ela apresentou sinais de que está sendo ameaçada.

Em entrevista ao G1, a prima de Raul, Aline Trindade, afirmou que nas imagens Taina está abatida, magra e faz sinais de nervosismo com as mãos e olha para o lado.

"Eu considero ela como minha prima e a conheço. Acho muito estranho tudo o que está acontecendo. Nos vídeos ela aparece com a mesma blusa, muito magra e tem um roxo no braço. Ela olha para o lado como se tivesse outra pessoa e faz sinais quando está nervosa", aponta a prima.

Denúncia por ameaça


Luis Fernando Lourenço era considerado foragido da Justiça por estelionato — Foto: Arquivo Pessoal

Uma ex-companheira de Luis Fernando Lourenço afirmou ao G1 que já registrou boletim de ocorrência contra ele por ameaça.

"Conheci o Luís em janeiro deste ano, em Jundiaí, e ficamos juntos por três meses. No início, ele conseguiu me iludir, se apresentou como empresário e conquistou a todos", afirmou a jovem, que prefere ter a identidade preservada.

"Fomos morar em Araraquara, mas lá ele passou a ser agressivo. Ele vivia me ameaçando e não deixava eu falar direito com a minha família", afirmou.

Fugiu por conta própria

Uma parente do homem suspeito de sequestrar a jovem Taina afirmou ao G1 que ela não estava sendo ameaçada e que fugiu por vontade própria.

Segundo a parente, que é de Jundiaí e prefere ter a identidade preservada, Luís e Taina não contaram onde estavam.

"Conversei com a Taina e ela me disse que estava bem. Contou até detalhes do porquê saiu de casa e até coisas pessoais dela com o marido. Então, separamos provas de que foi isso realmente o que aconteceu. Além disso, o próprio cunhado que ajudou ela a sair de casa", diz.

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