O Duo Favoriti é o único duo brasileiro a utilizar réplicas das guitarras modelo Rene Lacôte de 1829
O Museu Histórico Paulo Setúbal recebe na sexta-feira, às 19 horas, o Duo Favoriti, que realizará recital de lançamento do seu CD Diversi, em parceria com os alunos do curso de produção fonográfica da Fatec- Tatuí.
A dupla começou suas atividades em 2014, trabalhando com música do período clássico-romântico para guitarra tradicional e guitarra terza. Em suas pesquisas de repertório se depararam com os livros dos compositores Mauro Giuliani, Ferdinando Carulli e Anton Diabelli e com a expressão “temas favoriti”, que influenciou no nome do duo.
O Duo Favoriti é o único duo brasileiro a utilizar réplicas das guitarras modelo Rene Lacôte de 1829, o mesmo modelo usado pelo guitarrista espanhol Fernando Sor (1778-1839), e interpreta nas guitarras românticas o Dueto Op. 55 no. 3., o Minueto da Sinfonia no. 39, arranjo do violonista catalão Miguel Llobet (1878-1938) para o duo, que formou com sua aluna Maria Luisa Anido (1907-1996), o duo Llobet-Anido. Atraído pelos diversos timbres da orquestra, Llobet realiza adaptações de obras de compositores clássicos como Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), ampliando as possibilidades expressivas do violão e transformando suas adaptações num marco histórico para o repertório de duos de violão. Na Canção sem palavras op. 19b, no. 2 para piano de Felix Mendelssohn (1809-1847), transcrita para dois violões por Edson Lopes, o duo também usa as guitarras Lacôte a fim de buscar a sonoridade e a expressão sugerida pelas palavras do compositor: “A palavra é ambígua, e na música compreendemos uns aos outros com toda a clareza”.
As integrantes do duo quando pensaram no projeto de gravar seu primeiro CD, se sentiram motivadas a homenagear compositores-violonistas importantes na formação de uma geração cuja trajetória passa em algum momento pelo Conservatório de Tatuí, como: Edson Lopes (1957-), Geraldo Ribeiro (1939-) e Jair de Paula (1933-2012), elas também decidiram gravar pela primeira vez algumas de suas composições.
Edson Lopes - É um dos principais violonistas brasileiros e professor no Conservatório de Tatuí desde 1974, onde também dirige a camerata de violões. Ele compôs cerca de 13 peças para violão solo, 4 peças para duo de violões e uma peça para 2 trombones e piano.
“Huerba” foi uma homenagem ao célebre Duo Abreu e é a única obra do compositor que faz referência à linguagem modernista, composta em 1977. “Dois Amigos” foi composta em 1985, dedicada ao amigo violonista Roberto Colchiesqui, com quem Edson formou um dueto e gravou os discos “Prelúdio” e “Violão e louvor”.
Geraldo Ribeiro - foi o primeiro concertista erudito brasileiro e pioneiro no ensino superior de violão. Fundou a primeira cadeira de violão na Universidade de Brasília e a ocupou de 1966 a 1968 e no Conservatório de Tatuí atuou como professor de violão de 1983 a 2008. Compôs cerca de 300 obras, que incluem peças solo, música de câmara com violão e outros instrumentos e concertos para violão e orquestra. Algumas dessas obras foram publicadas pela Ricordi e Di Giorgio, mas a maioria permanece em manuscrito.
“Inflexão Modinheira” de Geraldo Ribeiro é uma obra em estilo urbano composta em 2008. Ela transita entre o erudito e o popular e caracteriza-se pelo lirismo romântico e detalhes que evocam a modinha do século XVIII e XIX.
Jair de Paula - foi o primeiro professor do Conservatório de Tatuí, exercendo suas atividades de 1969 a 2011. Deixou um arquivo musical com diversos arranjos de música popular, trechos de ópera, música espanhola, a maioria para formações camerísticas e algumas obras para violão solo de caráter didático e composições baseadas principalmente em temas brasileiros.
“Dança Paraguaia”, composta em 2003, representa a única obra original para duo de violões do saudoso violonista.
“Sambalanço”, composta em 1969, é a sua obra mais conhecida e ganhou uma versão inédita para duo de violões. No arquivo doado ao Conservatório de Tatuí, consta uma versão incompleta para trio de violões. A versão gravada aqui é uma revisão de Dagma Eid, baseada no manuscrito para trio e na obra original para violão solo, que ficou famosa na interpretação da violonista Cristina Azuma.
“Tico Tico no Fubá” e “Brasileirinho” são obras populares arranjadas por Edson Lopes e Jair de Paula para dois violões.
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