Grupo apresenta-se pela primeira vez sob a batuta do maestro Edson Beltrami e terá solo da renomada violinista Elisa Fukuda
A Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí volta ao palco do Teatro Procópio Ferreira nesta quinta-feira, dia 3, com duas novidades: é a primeira apresentação do grupo sob o comando do maestro Edson Beltrami e terá como convidada especial a renomada violinista Elisa Fukuda, solista de algumas das principais orquestras do Brasil e da Europa. O concerto será às 20h00, no Teatro Procópio Ferreira. Ingressos já estão disponíveis na bilheteria.
Edson Beltrami é formado em flauta transversal pelo Conservatório de Tatuí e vencedor de mais de uma dezena de concursos. Foi um dos criadores e regente da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório por 20 anos e agora volta à escola à frente da Orquestra Sinfônica, um dos mais prestigiados grupos pedagógico-artísticos da instituição.
Ele lembra que o grupo já está consolidado e que sua missão é torná-lo ainda mais expressivo no cenário musical. “A Orquestra Sinfônica é a vitrine da escola e deve mostrar o que a escola tem de melhor em seu trabalho pedagógico. Queremos colocar essa orquestra num nível que realmente possa representar esse trabalho e mostrar o alto nível técnico de seus alunos. Vamos trabalhar muito, estudar muito e apresentar resultados no nível que a escola merece”, anuncia Beltrami.
O maestro ressalta que é preciso desmistificar a música clássica. “Fala-se muito em levar a música até o público, mas também queremos trazer o público até a música, mostrar que o teatro não é mais aquele lugar chique aonde as pessoas têm que ir de terno e gravata, o teatro é para todos”, defende.
Repertório – O concerto será aberto com “Haffner”, a Sinfonia nº 35 em Ré Maior, K 385, de Wolfgang Amadeus Mozart. Segundo Beltrami, a obra foi encomendada em 1782 pela poderosa família Haffner de Salzburgo (Áustria). Originalmente, era precedida por uma marcha, que foi retirada depois pelo compositor, restando, a obra na forma de uma sinfonia tradicional. A característica mais marcante do primeiro movimento talvez seja a utilização de um único tema principal, e não de dois temas contrastantes – raro em Mozart, porém comum em Haydn. Os dois movimentos centrais, Andante e Minueto, têm como destaque a graciosidade, obtida com a omissão de alguns instrumentos. Estes retornam no último movimento, que tem seu tema principal emprestado de uma ária da ópera “O Rapto do Serralho” do mesmo compositor.
A apresentação segue com “Concerto em Lá menor BWV 1041 para violino e orquestra” de Johann Sebastian Bach, que contará com a solista convidada Elisa Fukuda, violinista renomada no Brasil e na Europa. Não se tem certeza da data de composição dessa obra. Alguns estimam que foi escrita entre 1717 e 1723, outros defendem que foi composta em Leipzig durante o tempo de Bach como diretor do Collegium Musicum. A única fonte que se tem do material são partes copiadas pelo autor em 1730, a partir de um manuscrito ou rascunho que agora está perdido. O movimento de abertura está na forma de ritornello, ou seja, há uma seção principal que volta em fragmentos tanto no violino solo quanto nas partes orquestrais. No segundo movimento Andante, Bach utiliza um padrão insistente, que se repete constantemente com variações nas relações harmônicas. No movimento final, a métrica e o rítmo são os de uma giga. Apesar de ser construído em tonalidade menor, mantém um caráter animado e “despreocupado”.
O programa será encerrado com “Sinfonia nº 8 em Sol Maior, Opus 88”, de Antonín Leopold Dvořák. Estreada em 1890, sob a regência do próprio compositor, é com certeza sua sinfonia com maior sensação de alegria e relaxamento do autor, por isso mesmo conhecida como “Pastoral”. A peça demonstra um desejo profundo de renovar a forma sinfônica, com significativas diferenças em relação a alguns padrões estabelecidos até então. A introdução é enganosa, com a melodia nos violoncelos que começa em Sol menor e chega a Sol maior com solo da flauta, que imita o canto de um pássaro. Os temas e motivos se alternam até chegar a um final confiante e afirmativo, com o tema quase marcial. O movimento lento apresenta uma profundidade sem igual, mas sem conotação trágica – ele busca doçura. O terceiro movimento é marcado por um caráter de nostalgia. Ao contrário do habitual “Scherzo”, o autor nos remete a uma valsa e coloca toda essa leveza atrás de uma névoa, como num sonho. O último movimento destaca os trompetes. Essa figura marcial não anuncia a guerra, mas sim a festa, e encerra a sinfonia com o humor e alegria que dominam toda a obra.
Elisa Fukuda – Formada em Violino pelo Conservatório de Música de Genebra (Suíça), na classe de Corrado Romano, em 1974, já recebeu, no ano seguinte, o primeiro prêmio de Virtuosidade “avec distinction et fèlicitations du Jury”, além de diversos outros prêmios conquistados ao longo de sua carreira . Entre 1975 e 1978, participou dos Cursos de Alta Interpretação dos mestres Nathan Milstein, Henryk Szering, Arthur Grumiaux e, em 1979, aperfeiçoou-se com Sandor Vegh, no Mozarteum de Salzburg. De lá para cá, apresentou-se nas mais importantes salas de concerto do Brasil e da Europa como solista e recitalista, destacando-se os solos com Orchestre Philharmonique George Enesco de Bucareste e Orquestra de Câmara de Moscou, entre outras.
Em 1992, junto com o pianista Giuliano Montini e o violoncelista Peter Dauelsberg, formou o Trio Dell’Arte, que recebeu o Prêmio APCA como “o melhor conjunto instrumental do ano”. Em 2001, fundou o “Quarteto Camargo Guarnieri”. Além da atividade didática que desenvolve na Escola Fukuda, é também diretora artística da Camerata Fukuda.
“Convivo com o violino desde criança. Meu pai era professor e me iniciou aos 4 anos de idade. Até os 17-18 anos, eu não sabia que seguiria a carreira musical. Cheguei a iniciar a Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo (USP), mas não terminei, pois recebi uma bolsa para estudar no Conservatório de Genebra e, aos 19 anos, parti para lá. Foi quando a ficha caiu e percebi que me dedicaria inteiramente à música e ao violino. Quando já estava com diploma na Europa, meu pai me convidou para fazer parceria com ele em sua escola, a Escola Fukuda. Ele faria a iniciação e eu assumiria os alunos mais avançados. Resolvi voltar para o Brasil e começar a carreira de pedagogia, paralelamente à de solista. Tinha, então, 25 anos quando descobri minha vocação para a pedagogia”, lembra.
Durante os ensaios, Elisa comentou que tocará com a Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí a convite do próprio Maestro Edson Beltrami, com quem já se apresentou em outras oportunidades. “Ele disse que gostaria de repetir a parceria que fizemos antes, pois queria que eu compartilhasse minha experiência com os músicos do Conservatório de Tatuí, especialmente os alunos da Área de Cordas”, comenta. Neste sentido, a violinista ministrou, na última quinta-feira, master class sobre técnicas de arco e outras particularidades do violino.
Edson Beltrami – Formado em Flauta Transversal pelo Conservatório de Tatuí, é vencedor de mais de uma dezena de concursos, incluindo o Prêmio Eldorado de Música. Atuou por mais de 10 anos como 1ª Flauta Solo convidado da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Apresentou-se, como flautista e maestro, nos mais importantes palcos do Brasil e do mundo, incluindo Carnegie Hall (EUA), Avery Fisher Hall (EUA), Metropolitan (EUA), Bunka Hall (Japão), Kobe Shinbun Matsukata Hall (Japão), Harris Theater (EUA), Broward Center (EUA) e os brasileiros Sala São Paulo, Teatro Municipal de São Paulo, Teatro Municipal do Rio de Janeiro, entre outros.
Desenvolve também intensa carreira como compositor, sendo suas obras editadas e publicadas nos EUA. Foi um dos criadores e regente por 20 anos da Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório de Tatuí. Depois, dirigiu outros grupos no Brasil e no exterior, como Orquestra da Academia de Lyon (França), Orquestra Sinfônica Nacional de Paraguai, Banda Sinfônica do Estado de São Paulo, Banda Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo, Orquestra de Cordas do Ateneo Paraguayo, Orquestra e Banda Sinfônica do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Foi responsável pela criação, em 2017, do curso a distância “Técnicas e Boas Práticas para Regentes de Orquestras e Grupos Musicais do Sesi-SP”. Atualmente é Regente Associado da Orquestra Filarmônica Bachiana – SESI SP, integra o Projeto Orquestrando São Paulo e agora assume a liderança da Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí.
Apoio cultural – O Conservatório de Tatuí tem apoio cultural de CCR SPVias e Coop.
SERVIÇO
Orquestra Sinfônica do Conservatório de Tatuí
Elisa Fukuda, solista
Edson Beltrami, regência
Data: 3 de maio, quinta-feira
Horário: 20h00
Local: Teatro Procópio Ferreira
Rua São Bento, 415, Centro, Tatuí/SP
Ingressos: R$ 12 (meia-entrada R$ 6)
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