19/04/18 | Regina Helena Santos - regina.santos@jcruzeiro.com.br
Hospital Estadual, recém-inaugurado, terá em operação 10 leitos neonatais cirúrgicos - EMÍDIO MARQUES
Cruzeiro do Sul - A Região Metropolitana de Sorocaba (RMS) tem um déficit de pelo menos 31 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal. Com um total de 27.892 nascimentos em 2016, segundo dados da Fundação Seade, e 80 leitos em operação, a RMS precisaria ter 111 deles - de acordo com recomendação do Departamento Científico de Neonatologia da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Para a entidade, o ideal é que as cidades e regiões sejam supridas com pelo menos quatro leitos de atendimento intensivo para bebês a cada mil nascidos vivos. Já a cidade de Sorocaba aparece em condição mais favorável: seus 37 leitos em operação são bem superiores ao ideal com base no número de nascidos vivos (8.907, em 2016). Se considerada a recomendação da SBP, o município pode ser bem atendido com 35 leitos. Há, ainda, 18 leitos no Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS), que suprem as necessidades das mães e bebês, mas neste caso não só da cidade, mas de toda a região.
Além do atendimento do CHS, em Sorocaba, os recém-nascidos só contam com UTIs neonatal em mais três das outras 26 cidades da RMS: Itu, com 16 leitos que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS), São Roque, com seis vagas e Tatuí com três - as duas últimas, atendimentos somente particular. Em Sorocaba, dos 37 leitos em operação, apenas dez são SUS. No caso da RMS, a situação deve melhorar um pouco nos próximos meses - mas ainda longe de atingir o considerado adequado - com o início de operação de dez leitos neonatais cirúrgicos no novo hospital regional, o Hospital Estadual de Sorocaba.
A situação de falta de leitos, segundo a SBP, não é exclusiva da RMS. Em todo o Brasil a entidade aponta um déficit de 3.305 leitos de UTI neonatal para crianças que nasceram antes de 37 semanas e que apresentam quadros clínicos graves ou que necessitam de observação. Atualmente, de acordo com Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (Cnes), existem em funcionamento 8.766 leitos do tipo no País (públicos e privados), o que corresponde a uma razão de 2,9 leitos por grupo de mil nascidos vivos. Se considerados apenas os leitos oferecidos pelo Sistema Único da Saúde (SUS), esta taxa cai para 1,5 leitos/1.000, considerando-se as 4.677 unidades disponíveis para essa rede.
Com bases nesses dados, que a entidade aponta como preocupantes, foi lançada, no começo do mês, uma campanha intitulada Nascimento Seguro, inspirado em movimento de defesa pelo parto seguro, organizado pela Sociedade de Pediatria de Santa Catarina. "É indispensável e fundamental que exista toda segurança necessária em cada nascimento. Isto inclui a presença do pediatra -- sempre -- para a assistir o recém-nascido, bem como de todos os outros membros da equipe, incluindo o obstetra e a enfermeira. Assim, assegura-se o bom atendimento para a mãe e o recém-nascido", disse Luciana Rodrigues Silva, presidente da SBP. "Embora a quantidade de leitos tenha aumentado nos últimos anos -- algo em torno de 1,3 mil nos últimos sete anos a quantidade de leitos no SUS ainda é insuficiente para cobrir a crescente demanda", pontua.
Parâmetros
Para o Ministério da Saúde, de acordo com a portaria 930, de 10 de maio de 2012, o número de leitos de unidades neonatal deve atender ao parâmetro de duas UTIs para cada mil nascidos vivos. Se considerado esse parâmetro, a RMS seria suprida com cerca de 55 leitos. Porém, o órgão federal também aponta a necessidade, em apoio a estes, pelo menos outros dois de Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Convencional (UCINCo) e um de Unidade de Cuidado Intermediário Neonatal Canguru (UCINCa) para cada mil nascidos vivos. Para toda a RMS existem 25 leitos UCINCo -- 15 SUS e dez particulares -- e nenhum UCINCa.
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