Recado no muro de Tatuí onde 5,6 casos mensais de estupro são registrados |
Cruzeiro do Sul - Mais de 600 pessoas já confirmaram presença no evento “Nem uma a menos – Ato em combate à violência contra a mulher”, passeata que será realizada neste sábado em Tatuí a partir das 10 horas, com início na Escola Eugênio Santos e encerramento na Praça da Matriz.
A passeata está sendo convocada pelo Facebook por quatro mulheres. Ana Laura Silveira, aluna de Ciências Sociais da Unesp de Marília, é uma das organizadoras. Ela informa que 610 pessoas confirmaram presença e 125 compartilharam a publicação.
De acordo com Ana Laura, o principal objetivo do evento é chamar a atenção para o crescimento dos casos de violência sexual em Tatuí e reivindicar um plantão na Delegacia da Mulher nos fins de semana e uma sala exclusiva para uso de mulheres e crianças que vão às delegacias para dar queixas.
O evento foi convocado com base nas estatísticas da Secretaria de Segurança Pública. Entre janeiro e setembro do ano passado, Tatuí registrou 51 casos de estupros, sendo 20 de vulneráveis. Isso representa 5,6 casos mensais.
Em comparação com o ano de 2016, o número é 21,42% maior e em relação aos vulneráveis, 158,8% maior. Além disso, segundo um levantamento do Ministério Público, a segunda maior causa de homicídios em Tatuí é a violência contra a mulher.
“O mais alarmante disso tudo: Nossa cidade não está preparada para lidar com essa situação”, enfatiza o texto convocando a passeata.
“Os órgãos públicos responsáveis por tais denúncias (Delegacia da Mulher) funcionam apenas de segunda a sexta em horário comercial, sendo que a maioria dos crimes acontece em finais de semana. Também não há uma base do IML para o atendimento e realização de exames de corpo de delito, o mais próximo fica em Itapetininga, que funciona apenas em dias úteis. Numa situação onde a mulher é estuprada na sexta-feira à noite, é aconselhada a esperar 2 dias sem tomar banho para fazer o exame e ter maiores possibilidades de confirmar o crime”.
“Precisamos lutar para mudar essa triste realidade de Tatuí, para que casos de violência contra a mulher e crianças sejam levados com a seriedade que devem e principalmente para que as vítimas tenham o apoio que necessitam. Juntas vamos mostrar que elas não estão sozinhas”.
“A expectativa do evento é voltar os olhos dos órgãos públicos para o atendimento digno para mulheres e crianças, recebemos muitos relatos de mulheres depois da iniciativa, procurando a gente pra agradecer e contar a sua história”, explica Ana Laura.
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