sexta-feira, 23 de março de 2018

Menina que motivou fila para doação de medula ganha festa surpresa de aniversário em hospital

'Ela não esperava que iam entrar no quarto com o bolo', dia a mãe de Júlia Abrame de Oliveira, de Tatuí, que completou 7 anos. Menina foi diagnosticada com leucemia há cinco anos. Sem doador 100% compatível, transplante foi com o pai, 50%.

Por Paola Patriarca, G1 Itapetininga, editado pelo DT

Júlia Abrame comemora 7 anos em hospital onde passou por transplante de medula (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame)

Para os pais da pequena Júlia Abrame de Oliveira, moradora de Tatuí e que motivou uma fila gigante em outubro do ano passado para doação de medula óssea, o aniversário de sete anos da filha nesta quinta-feira (22) teve um significado mais do que especial.

Júlia está internada desde fevereiro no hospital Santa Marcelina, em São Paulo, onde passou por um transplante de medula óssea no dia 15 de fevereiro. Como a família não encontrou um doador 100% compatível, o transplante foi feito com o pai, que tem 50% de compatibilidade.

“Comemorar mais um ano de vida e ainda mais depois do transplante teve um significado muito forte para a gente. Não tem preço poder ver ela bem e se recuperando. Comemorar o aniversário do filho sempre é muito bom. E poder estar com a Júlia foi melhor ainda. Tem um gosto especial”, diz a mãe Adriana Abrame.

Júlia Abrame com os pais Antônio Sérgio e Adriana Abrama (Foto: Arquivo pessoal/Adriana Abrame)

Segundo Adriana, Júlia foi surpreendida com uma festa surpresa organizada pela equipe médica e funcionários do hospital. A garota também ganhou presentes de amigos e familiares.

“Ela não esperava que iam entrar no quarto com o bolo e iam fazer uma surpresa para ela. Ficou muito feliz. Ganhou bonecas, livros, canetas. Passou o dia todo animada com o aniversário. Os médicos até disseram que ela poderia ficar mais apática por causa das reações, mas ela não está”, contou a mãe.

"Fico grata por Deus permitir ver minha filha comemorar mais um ano de vida alegre e feliz. Isso não tem palavras".

Menina que motivou fila para doação de medula ganha festa de aniversário em hospital


'Faria de novo, mil vezes' / O pai da Júlia, Antônio Sérgio de Oliveira, diz que o sentimento é de gratidão após ter feito o procedimento de doação de medula para sua filha. “O sentimento agora é de gratidão. A gente faz tudo pelos nosso filhos. Então, pela minha filha, eu faria de novo, mil vezes se fosse necessário, a doação de medula óssea. O que importa é que ela fique bem e se recupere. Espero que minha doação ajude na sua recuperação”.

De acordo com o pai da garota, o transplante ocorreu conforme o esperado e, agora, é esperar com que o corpo da Júlia não rejeite a nova medula.

Júlia Abrame durante tratamento em hospital (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame)

“Estamos confiantes que tudo dará certo e que o corpo aceite a nova medula. Eu estou grato por ter feito isso pela minha filha”, disse Sérgio ao G1.

De acordo com a mãe da garota, Adriana Abrame, a menina foi internada na quarta-feira (6) para iniciar todos os procedimentos com o medicamento Tiotepa, que foi importado da Alemanha, usado no lugar da radioterapia e quimioterapia.

Doença / Júlia foi diagnosticada com leucemia há cinco anos e os pais lançaram uma campanha nas redes sociais em busca de um doador de medula óssea, já que nem a irmã mais nova é 100% compatível.

Como não encontraram um doador compatível e o organismo da menina não suporta mais quimioterapia, os médicos sugeriram que Júlia fosse submetida ao transplante de medula haploidêntico, que é feito com alguém 50% compatível. No caso, o doador foi o pai.

Júlia Abrame fez transplante de medula óssea (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame)

Transplante / Segundo a oncologista Luíza Milare, que acompanha o tratamento da garota no Hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) em Sorocaba, o transplante haploidêntico tem sido uma solução apontada pelos especialistas, já que a chance de encontrar um doador 100% compatível é uma a casa 100 mil.

“O haploidêntico é uma solução apontada pela medicina para os casos que não são curados com quimioterapias e pessoas que não encontram o doador 100% compatível. Para fazer é necessário que a Júlia zere sua medula com quimioterapia e depois faça o procedimento. A pessoa que doará também é submetida a uma série de exames", explica.

Fila gigante
Campanha para cadastro de medula óssea mobilizou centenas em Tatuí (Foto: Arquivo Pessoal)

Mais de 1,6 mil pessoas formaram uma fila para se cadastrar como doador de medula óssea para ajudar a Júlia no dia 28 de outubro. O mutirão foi organizado no Centro Médico de Especialidades Médicas (Cemem) por uma amiga da mãe da menina, que é enfermeira e se sensibilizou pela história.

“Fiquei emocionada com tanto amor e carinho das pessoas que se mobilizaram para ajudar uma criança, muitos nem a conhecem, mas deixaram de lado seus afazeres e enfrentaram uma fila para se cadastrar. Além dessas pessoas, recebi mensagem de outros estados e até da Argentina e Dubai, dizendo que fizeram o cadastro para ajudar a Júlia. Eu só tenho a agradecer”, conta emocionada.

Adriana conta que, além das pessoas que se cadastraram, cerca de 400 pessoas foram dispensadas, pois havia acabado os kits para coleta de sangue. “A campanha estava prevista para acabar às 17h, mas soubemos que antes desse horário já havia acabado os kits e então tiveram que dispensar as pessoas que estavam na fila”, explica.

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