Júlia Abrame de Oliveira, de 6 anos, foi diagnosticada com leucemia há quatro anos. Transplante durou cerca de cinco horas, diz mãe.
Por Paola Patriarca, G1 Itapetininga, editado pelo DT
Júlia Abrame durante tratamento em hospital (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame) |
15/03/2018 - Moradora de Tatuí, Júlia Abrame de Oliveira, que motivou uma fila gigante em outubro do ano passado para doação de medula óssea, foi submetida ao transplante de medula com o pai, que é 50% compatível, nesta quinta-feira (15), no hospital Santa Marcelina, em São Paulo (SP).
Em um vídeo enviado para o G1, horas antes do procedimento, Júlia agradece todo o apoio dos moradores e pede orações.
Menina que motivou fila para doação de medula faz transplante com o pai |
De acordo com a mãe da garota, Adriana Abrame, a menina foi internada na quarta-feira (6) para iniciar todos os procedimento com o medicamento Tiotepa, que foi importado da Alemanha e usado no lugar da radioterapia e quimioterapia.
“Foi uma semana que passou pela quimioterapia e não foi fácil. Mas respondeu bem e está crendo muito em Deus que essa será a etapa final. Ela tem certeza que está curada e estamos com fé em Deus que tudo dará certo. O novo assusta. Essa situação assusta, mas estamos felizes e confiantes", ressalta.
Ainda segundo Adriana, o marido foi encaminhado ao centro cirúrgico para fazer coleta da medula e, logo após, Júlia recebeu a medula como se fosse uma transfusão de sangue. "O procedimento durou cinco horas e deu tudo certo. Ela teve algumas reações, mas é normal até o corpo acostumar com a nova medula", diz.
Júlia fará transplante com o pai 50% compatível (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame) |
Doença Júlia foi diagnosticada com leucemia há quatro anos e os pais lançaram uma campanha nas redes sociais em busca de um doador de medula óssea, já que nem a irmã mais nova é 100% compatível.
Como não encontraram um doador compatível e o organismo da menina não suporta mais quimioterapia, os médicos sugeriram que Júlia fosse submetida ao transplante de medula haploidêntico, que é feito com alguém 50% compatível. No caso, o doador será o pai.
Júlia com a mãe e a irmã mais nova em Tatuí (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrama) |
Transplante Segundo a oncologista Luíza Milare, que acompanha o tratamento da garota no Hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) em Sorocaba (SP), o transplante haploidêntico tem sido uma solução apontada pelos especialistas, já que a chance de encontrar um doador 100% compatível é uma a cada 100 mil.
“O haploidêntico é uma solução apontada pela medicina para os casos que não são curados com quimioterapias e pessoas que não encontram o doador 100% compatível. Para fazer é necessário que a Júlia zere sua medula com quimioterapia e depois faça o procedimento. A pessoa que doará também é submetida a uma série de exames", explica.
Ainda de acordo com Adriana, há chances de rejeição do corpo da filha com a nova medula, mas a esperança de cura continua.
Fila gigante
Campanha para cadastro de medula óssea mobilizou centenas em Tatuí (Foto: Arquivo Pessoal) |
Mais de 1,6 mil pessoas formaram uma fila para se cadastrar como doador de medula óssea para ajudar a Júlia no dia 28 de outubro. O mutirão foi organizado no Centro Médico de Especialidades Médicas (Cemem) por uma amiga da mãe da menina, que é enfermeira e se sensibilizou pela história.
“Fiquei emocionada com tanto amor e carinho das pessoas que se mobilizaram para ajudar uma criança, muitos nem a conhecem, mas deixaram de lado seus afazeres e enfrentaram uma fila para se cadastrar. Além dessas pessoas, recebi mensagem de outros estados e até da Argentina e Dubai, dizendo que fizeram o cadastro para ajudar a Júlia. Eu só tenho que agradecer”, conta emocionada.
Menina motivou fila gigante para doação de medula |
Adriana conta que, além das pessoas que se cadastraram, cerca de 400 pessoas foram dispensadas, pois havia acabado os kits para coleta de sangue.
“A campanha estava prevista para acabar às 17h, mas soubemos que antes desse horário já havia acabado os kits e então tiveram que dispensar as pessoas que estavam na fila. Por conta disso, uma nova campanha será organizada, mas ainda não temos uma data marcada”, explica.
Com o cadastro realizado, o sangue coletado vai para um laboratório que fará os procedimentos necessários para inserir os voluntários no cadastro nacional de doadores.
Eloisa Maria Soares, de 47 anos, ficou sabendo da campanha pelas redes sociais e, comovida com a história da criança, decidiu se cadastrar. “A cidade inteira está comovida, foram espalhados cartazes por toda cidade. Eu fiquei sabendo do mutirão pelas redes sociais e decidi fazer o cadastro”, conta.
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