Júlia Abrame de Oliveira, de 6 anos, foi diagnosticada com leucemia há quatro anos, em Tatuí. Como não achou doador 100% compatível, transplante foi com o pai, 50%.
Por Paola Patriarca, G1 Itapetininga, editado pelo DT
Júlia Abrame durante tratamento em hospital de Sorocaba (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame) |
17/03/2018 - “O sentimento agora é de gratidão. A gente faz tudo pelos nosso filhos. Então, pela minha filha, eu faria de novo, mil vezes se fosse necessário, a doação de medula óssea. O que importa é que ela fique bem e se recupere. Espero que minha doação ajude na sua recuperação”.
O relato é de Antônio Sérgio de Oliveira, pai da pequena Júlia Abrame de Oliveira, de 6 anos, que motivou uma fila gigante em outubro do ano passado para doação de medula óssea. Como a família não encontrou um doador 100% compatível, o transplante foi feito com o pai, que tem 50% de compatibilidade. O procedimento foi nesta quinta-feira (15) no hospital Santa Marcelina, em São Paulo (SP).
De acordo com o pai da garota, o transplante ocorreu conforme o esperado e, agora, é esperar com que o corpo da Júlia não rejeite a nova medula. “Estamos confiantes que tudo dará certo e que o corpo aceite a nova medula. Eu estou grato por ter feito isso pela minha filha”, disse Sérgio ao G1.
De acordo com a mãe da garota, Adriana Abrame, a menina foi internada na quarta-feira (6) para iniciar todos os procedimentos com o medicamento Tiotepa, que foi importado da Alemanha, usado no lugar da radioterapia e quimioterapia. “Foi uma semana que passou pela quimioterapia e não foi fácil. Mas respondeu bem e está crendo muito em Deus que essa será a etapa final. Ela tem certeza que está curada e estamos com fé que tudo dará certo. Essa situação assusta, mas estamos confiantes", ressalta.
Adriana explica que o marido foi encaminhado ao centro cirúrgico primeiro para fazer a coleta da medula e, logo após, Júlia recebeu o material como se fosse uma transfusão de sangue. A garota continuará internada sem previsão de alta, segundo a mãe. “A previsão é que o corpo se adapte à medula entre 14 e 21 dias. Nesse processo, que não é nada fácil, ela precisa passar por quimioterapia e tem uma série de reações que ela pode ter, como febre e vômitos. Mas estamos confiantes. Sabemos que tem muita coisa pela frente, mas que é necessário”, ressalta a mãe.
Júlia com os pais Antônio Sérgio e Adriane em hospital de São Paulo (Foto: Arquivo Pessoal/Adriane Abrame) |
Doença / Júlia foi diagnosticada com leucemia há quatro anos e os pais lançaram uma campanha nas redes sociais em busca de um doador de medula óssea, já que nem a irmã mais nova é 100% compatível.
Como não encontraram um doador compatível e o organismo da menina não suporta mais quimioterapia, os médicos sugeriram que Júlia fosse submetida ao transplante de medula haploidêntico, que é feito com alguém 50% compatível. No caso, o doador foi o pai.
Júlia Abrame fez transplante de medula óssea (Foto: Arquivo Pessoal/Adriana Abrame)
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Transplante / Segundo a oncologista Luíza Milare, que acompanha o tratamento da garota no Hospital do Grupo de Pesquisa e Assistência ao Câncer Infantil (Gpaci) em Sorocaba (SP), o transplante haploidêntico tem sido uma solução apontada pelos especialistas, já que a chance de encontrar um doador 100% compatível é uma a casa 100 mil. “O haploidêntico é uma solução apontada pela medicina para os casos que não são curados com quimioterapias e pessoas que não encontram o doador 100% compatível. Para fazer é necessário que a Júlia zere sua medula com quimioterapia e depois faça o procedimento. A pessoa que doará também é submetida a uma série de exames", explica.
Menina que motivou fila gigante para doação de medula tem alta de hospital |
Campanha para cadastro de medula óssea mobilizou centenas em Tatuí (Foto: Arquivo Pessoal) |
Fila gigante / Mais de 1,6 mil pessoas formaram uma fila para se cadastrar como doador de medula óssea para ajudar a Júlia no dia 28 de outubro. O mutirão foi organizado no Centro Médico de Especialidades Médicas (Cemem) por uma amiga da mãe da menina, que é enfermeira e se sensibilizou pela história. “Fiquei emocionada com tanto amor e carinho das pessoas que se mobilizaram para ajudar uma criança, muitos nem a conhecem, mas deixaram de lado seus afazeres e enfrentaram uma fila para se cadastrar. Além dessas pessoas, recebi mensagem de outros estados e até da Argentina e Dubai, dizendo que fizeram o cadastro para ajudar a Júlia. Eu só tenho a agradecer”, conta emocionada.
Adriana conta que, além das pessoas que se cadastraram, cerca de 400 pessoas foram dispensadas, pois havia acabado os kits para coleta de sangue. “A campanha estava prevista para acabar às 17h, mas soubemos que antes desse horário já havia acabado os kits e então tiveram que dispensar as pessoas que estavam na fila”, explica.
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