Cidade vizinha de Boituva, também considerada área de risco, orienta população sobre doença transmitida por carrapato estrela.
Por G1 Itapetininga e Região 28/05/2017
Tatuí tenta prevenir febre maculosa após dois casos e uma morte em 2016
Após Boituva ser classificada como área de risco de transmissão de febre maculosa pela Secretaria de Saúde do Estado, Tatuí também tenta se prevenir contra a doença. O município, que fica somente há 25 km de Boituva, é igualmente considerado área de transmissão e três casos de febre maculosa já foram confirmados em laboratório, de acordo com Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo.
Um caso aconteceu em 2012, no Rio Tatuí, e dois foram registrados no ano passado, no Ribeirão Manduca. Uma pessoa morreu e outra ainda está em fase de recuperação. Nos dois rios existem capivaras, que é o animal hospedeiro do carrapato estrela, transmissor da febre maculosa.
Após os casos, o Departamento de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo fez exames nos animais e confirmou a circulação da bactéria causadora da doença entre carrapatos e capivaras da região.
João Abílio Cândido foi infectado com a febre maculosa em setembro e, até hoje, sente dores causadas pela enfermidade. Ele foi infectado após limpar o mato de um terreno abandonado, que fica do lado de sua casa.
"É muito pequenininho [o carrapato]. Eu tirei das minhas costas, mas nem imaginava o que era e nem lembro também de ter ouvido antes sobre febre maculosa", lembra o motorista.
Ele começou a passar mal dois dias depois e foi para o hospital com o fígado inchado e os rins quase parando. Após três meses de recuperação, ele ainda sente dores pelo corpo. “Eu estou esperando a hora que vai parar essa dor, porque já faz oito meses. No começo, eu nem conseguia andar, subir escadas. Até hoje dói a munheca, o pé. Não sei até quando vai durar", lamenta Cândido.
A casa da família fica perto do Ribeirão do Manduca, em Tatuí, uma área considerada de risco. Perto da margem, há placas para alertarem a população dos perigos.
Vivan, filha de João, costumava a ver capivaras pela janela de casa. "Nunca passou pela nossa cabeça que pudéssemos passar por essa situação. Tanto que uma vez mostrei uma capivara para minha filha da janela da sala. Nunca imaginamos que ela poderia ser o hospedeiro dessa bactéria", afirma.
Carrapatos estrela transmitem doença de capivaras infectadas a humanos (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Geralmente a febre maculosa é mais comum entre os meses de junho e outubro, que é quando os carrapatos ficam mais ativos. Três pessoas morreram neste ano por causa da doença no estado de São Paulo.
Em Tatuí, de janeiro até agora, nenhum caso da febre maculosa foi registrado. Por isso a cidade trabalha na prevenção e orientação aos moradores.
"Quando a pessoa for caminhar em região que há mato, usar sempre roupa clara e comprida, com bota, porque caso exista carrapato ali, ele se aloja na roupa e não na pele da pessoa, ela não é picada. Assim que chegar em casa, vai tirar o inseto com muito cuidado pra não deixar nenhum pedacinho dele", orienta Maria Aparecida Marques de Oliveira, diretora de Vigilância em Saúde.
A febre maculosa é transmitida pelo carrapato estrela, depois que ele pica um animal já infectado pela doença, normalmente uma capivara e, em seguida, entra em contato com o ser humano. Essa espécie de carrapato não é a mesma encontrada nos animais domésticos, como cães e gatos.
"É totalmente diferente, carrapato estrela é um e esse dos bichinhos é outro, que sobe na parede, fica alojado no chão", esclarece Maria Aparecida.
A doença tem cura desde que o tratamento seja feito nos primeiros dois ou três dias do surgimento dos sintomas. Atraso no diagnóstico pode provocar complicações graves, como comprometimento do sistema nervoso central, rins e pulmões, podendo levar a morte. Ainda não existe vacina contra a febre maculosa.
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