Empresa de Americana, que antes mantinha parceria com indústria japonesa, agora reforça produção de uniformes
O Liberal - O encerramento da área têxtil da empresa japonesa Toyobo em novembro do ano passado, em Americana, abriu espaço no mercado para a Santista, companhia do mesmo setor que tem uma de suas unidades instaladas na cidade.
As duas empresas eram parceiras desde 2004. A Santista fazia o acabamento das roupas de trabalho e uniformes produzidos pela Toyobo – segmento conhecido como workwear. Com o fechamento da japonesa e a demissão de cerca de 400 funcionários, a Santista deixou de ser um dos elos da cadeia para assumir a lacuna da produção no segmento e, inclusive, contratar funcionários demitidos pela parceira.
A informação foi revelada ao [jornal] Liberal pelo gerente de negócios da empresa, Márcio Coimbra, durante o 2º Denim Meeting, voltado aos produtores de jeans e parte da programação da FebraTêxtil, feira do setor que ocorreu em São Paulo na última semana. “A gente está começando agora. É uma transição. Foi totalmente negativo e surpresa esse assunto [o fechamento da Toyobo]. Sempre tivemos boa relação”, comentou Márcio. “Mas já sentimos nesse mês de abril uma alta no faturamento, por conta da nossa entrada no mercado de workwear em Americana”.
Foto: Divulgação
Santista fechou unidades que funcionavam no Nordeste e concentrou produção em Tatuí e em Americana, no interior paulista
No último ano, a Santista passou por uma reestruturação de suas unidades. Entre junho e julho, a empresa fechou as fábricas que mantinha em Pernambuco e Sergipe, onde concentrava a produção do segmento de workwear.
Com o fim das unidades, a linha foi dividida entre as plantas paulistas, em Tatuí e Americana, que tinham como principal produto o jeans. Em Tatuí, era feito o acabamento das peças produzidas pela Toyobo. Ainda no meio do ano passado, antes do fechamento da têxtil japonesa, a Santista anunciou um investimento de R$ 10 milhões na ampliação da unidade de Americana.
“A estratégia da empresa foi consolidar os negócios nas fábricas, para justamente ocupar a capacidade, diluir custo fixo e não ter uma pressão de ter uma fábrica especialista em determinado seguimento”, explicou o gerente. Com cerca de 2,8 mil funcionários, a Santista passa a produzir, por exemplo, camisetas de uniformes utilizados em franquias, segmento que, segundo Márcio, a Toyobo era líder.
Foto: Dorival Zucatto / Divulgação
FebraTêxtil: evento teve a 1ª edição na última semana
Em feira, empresários sugerem ‘conhecimento e qualidade’
Na primeira edição da FebraTêxtil, que reuniu representantes da cadeia têxtil internacional na última semana, em São Paulo, o clima entre membros do setor era de um contido otimismo, que vinha acompanhado de receitas como a troca de informações entre empresas e fornecedores e a valorização dos produtos para o consumidor final.
“Para sobreviver à crise, crescer, a gente se apoiou muito nesses produtos diferenciados em acabamento, fios e fibras”, explicou Kaline Alves Zabani, gerente de produtos da Hudtelfa, uma das expositoras da FebraTêxtil.
Criada em Americana, mas atualmente em Nova Odessa, a Hudtelfa, que atua com tecidos planos, como os utilizados em camisas, demitiu quase metade do seu quadro de funcionários no ano passado, segundo a gerente. Hoje, com cerca de 370 trabalhadores, Kaline diz que a empresa consegue produzir mais com menos. “Acho que o pior já passou. Adaptações foram necessárias. A ideia hoje é fazer com menos”, afirmou.
Diretor de marketing da Canatiba, de Santa Bárbara d’Oeste, Fábio Covolan defende a busca por conhecimento para inovar no setor. “A gente percebeu que o principal ponto de oportunidade de negócio estava sempre nos serviços – melhorar o atendimento, o nível de informação que nós podíamos levar para nossos clientes”, disse durante palestra no encontro de produtores de jeans.
Para ajudar empresas que criam a lavagem do jeans fabricado pela indústria barbarense, Fábio contou que a Canatiba implanta uma lavanderia modelo para servir de escola aos parceiros. “A gente está criando um centro de capacitação da nossa empresa, para poder trazer os clientes e ajudá-los a tirar o máximo dos produtos”, explicou.
“O segmento têxtil está se dando conta que ele tem que se unir mais. Cada vez que a gente faz esses eventos e começa a ouvir e ter informações, começa a ter a definição de que falta muito ainda para nosso empresário para acreditar nele próprio. Ele é um empreendedor, mas não consegue administrar mercado com dificuldade”, avalia Hélvio Pompeo Madeira, presidente da FCEM Febratex Group, que organiza a feira.
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