sábado, 17 de setembro de 2016

Poesia / Paco



Os passarinhos

... Saudade do bem-te-vi,
Nas palmeiras do sertão...
Que cantava, em meu portão,
Junto ao pé de juquiri;
Onde mora um colibri,
Bem mansinho e tão mimoso,
E que voa mui formoso,
Ao redor da flor mais bela...
Sempre traz u'a flor pra ela,
Pra encantar minha juriti.

Canarinho, canarinho...
Quando canta, lá na mata...
Fico à beira da cascata,
Bem juntinho de seu ninho...
E vem outro amarelinho,
Traz no galho u'a bela flor...
Nu'a canção, cheia d'olor
A encantar este poeta... —
Onde a natureza empresta
Tão formosos passarinhos!

Deus criou todo esse encanto,
Pondo os anjos na floresta,
Onde os deuses vivem em festa,
P'ra 'spantar o desencanto.
Quando ouço os belos cantos,
Dá vontade de chorar...
Faz minh'alma levitar
Na mais simples melodia...
Que transformo em sinfonia,
Para adocicar meu pranto.

Mas, meu lindo sabiá,
Tão canoro, que se foi...
Nunca mais ouvi seu oi...
— Nos galhos do jatobá.
Hoje, eu fico a lamentar,
Nas caatingas do cerrado...
Onde vejo — tudo errado —
Quando prendem os passarinhos...
As gaiolas viram ninhos... —
Impedindo-os de voar!

                                                                               
Pacco 

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