Simone Moraes é mãe de paciente (Reprodução/ TV TEM) |
Daiane de Moraes só foi internada em Sorocaba após liminar do TJ. Paciente de 27 anos é de Tatuí e precisa de cirurgia após acidente.
Do G1 Itapetininga e Região
"É um absurdo total, um descaso com a saúde o que aconteceu. Eu acho um desrespeito. É triste demais ver minha filha sofrendo e a gente se acha um 'João Ninguém'". O desabafo é da dona de casa Simone Moraes, mãe da jovem Daiane de Moraes, de 27 anos, que teve a internação no Conjunto Hospital de Sorocaba (CHS) recusada duas vezes, segundo a família.
Daiane mora em Tatuí e sofreu um acidente de moto no dia 10 de julho. Segundo a mãe, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) a levou para Sorocaba, mas o hospital não quis interná-la alegando que o caso não era grave.
"Minha filha foi a primeira vez no hospital e fizeram só a tomografia. Na segunda vez nem examinaram e mandaram voltar. Eu fiquei horrorizada. Como uma pessoa vai para o hospital e mandam de volta. Descaso com o ser humano".
O Samu registrou boletim de ocorrência contra o CHS por ter feito duas viagens ao hospital sem conseguir internação. Após o boletim, a internação de Daiane aconteceu após uma liminar expedida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) nesta terça-feira (19) determinar a internação e que todos os procedimentos sejam realizados.
“É muito triste, triste demais porque eu morro de dó dela. A gente chora, apela, mas não tem o que fazer. Ela está com dor e sendo medicada com remédios fortes para tirar a dor. Mas ela precisa da cirurgia. A gente quer que a cirurgia seja feita rápida, mas alegam que tem 25 pessoas na frente”, lamenta a mãe.
Ainda segundo Simone, foi um desgate essas idas e vindas entre Tatuí e Sorocaba. "Foi um desgate e ficamos sem saber o que fazer. Foi muita luta. Foi feito boletim de ocorrência por conta desse desgate e do descaso. Foi uma luta para conseguir que minha filha ficasse em Sorocaba. Já é um susto quando soubemos do acidente. Depois, ficamos sabendo pela Santa Casa que ela teria que fazer uma cirurgia em Sorocaba por conta da complexidade. Ai Sorocaba alega que não pode fazer. Um descaso", ressalta.
De acordo com a coordenadora do Samu de Tatuí, Roberta Machado, a paciente sofreu um acidente de moto no dia 10 de julho em Tatuí, quebrou um dos ossos da bacia e foi internada na mesma data na Santa Casa da cidade.
No dia 12, terça-feira, ela foi levada ao CHS em Sorocaba a pedido da Santa Casa. O hospital sugeriu uma cirurgia no quadril de alta complexidade, procedimento que não é realizado no município. “Na terça-feira ela foi levada para lá, porém foi devolvida ao município. O hospital alegou que Sorocaba não seria referência de Tatuí”, afirma Roberta.
Ainda de acordo com a coordenadora, a paciente viajou novamente a Sorocaba no dia 15 de julho, sexta-feira, a pedido da Central de Regulação de Vagas, que pediu a internação mesmo não havendo vaga. Porém, novamente a internação foi recusada em Sorocaba. “Ela voltou e foi reiniciado todo o processo de pedido de vaga. Sexta-feira foi novamente encaminhada a pedido da Central de Regulação de Vagas”, explica.
Diante da segunda viagem de ida e volta, o Samu registrou o boletim de ocorrência alegando que as viagens são desgastantes para a paciente e que há prejuízo financeiro para o município, porque a viagem precisa ser feita em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel, que é a única da cidade. Além disso, a viagem ainda necessita do acompanhamento de um médico.
Após o registro, o TJ-SP determinou, por meio de uma liminar, que a jovem fosse internada nesta terça-feira no CHS. Contudo, não há prazo para cirurgia, porque o hospital diz que há 25 pessoas na fila de cirurgia do mesmo tipo, afirma o Samu. O prazo máximo para o procedimento é de 40 dias.
CHS diz não ter internado a paciente porque caso é eletivo, não urgente (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Posição do CHS
Em nota, o Conjunto Hospitalar de Sorocaba esclareceu que não é do feitio da unidade recusar qualquer tipo de paciente e que o hospital realiza todos os esforços possíveis para atender a todas as demandas da região e seu pronto-socorro é referenciado, ou seja, recebe e prioriza pacientes com quadros graves e gravíssimos, levados por serviços de Samu ou Resgate, e também aqueles encaminhados de outras unidades de saúde, que necessitam de cuidados especializados. Entretanto, segundo o hospital, boa resolutividade da rede básica municipal é fundamental para que hospitais especializados, como o CHS, não fiquem sobrecarregados.
No caso específico da paciente Daiane Jennifer Aparecida de Moraes, a unidade informou que no dia 12 de julho ela passou por avaliação (raio-X e tomografia) no CHS e foi constatado que o caso era eletivo (não urgente), ou seja, a paciente tinha condições de aguardar pela cirurgia na unidade de origem.
Portanto, segundo a unidade, é completamente descabida a alegação de que a paciente não recebeu atendimento no CHS, uma vez que foi a própria paciente que se recusou de assinar os termos de ciência sobre a diretriz do seu atendimento.
Ainda segundo o CHS, a paciente está internada na unidade e, até o momento, o hospital não foi notificado da ação, mas está à disposição para prestar os devidos esclarecimentos à Justiça.
Paciente foi atendida na Santa Casa de Tatuí inicialmente (Foto: Reprodução/ TV TEM)
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