Divulgação / O lutador Leandro Moraes
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Leandro Moraes venceu em três categorias do “Sul-Americano”, disputado no Chile
19/12/15 - De O Progresso de Tatuí
Entre os dias 9 e 12, foi disputado em Santiago, no Chile, o Campeonato Sul-Americano de Kickboxing. O atleta nascido em Itu e que reside em Tatuí há 15 anos Leandro Moraes venceu nas categorias “light contact”, “point fight” e “kick light”, conquistando a prata no “musical forms” e no “full contact”
Nesta última categoria, Moraes, que é faixa preta 2º DAN, conta que perdeu para o campeão pan-americano da modalidade, de quem havia ganhado na Copa Brasil de Kickboxing, disputada em outubro, no Rio de Janeiro.
“Fui vice no ‘full-contact’, perdendo para o campeão pan-americano, que é um cara bem forte, duro. E eu tinha ganhado dele na Copa Brasil. Então, foi uma revanche”, contou o lutador.
E foi justamente na Copa Brasil que o brasileiro de 28 anos ganhou o direito de disputar a competição continental, ao obter quatro medalhas de ouro.
Neste torneio, ele conseguiu ser o melhor, conquistando 100% de aproveitamento nas categorias “full contact”, “light contact”, “point fight” e “musical forms”.
Outro grande evento em que o atleta participou foi o campeonato mundial da modalidade, disputado em Dublin, na Irlanda, no mês de novembro. Nessa competição, ele lutou na categoria “light combat”, até 94 quilos, alcançando o quarto lugar em meio a 15 concorrentes.
Mesmo com os ótimos resultados conquistados recentemente, Moraes conta ser muito difícil obter patrocínio. “A maior dificuldade do atleta é patrocínio. Então, de início, eu tive muitas pessoas que disseram que iam me ajudar, mas, quando chegou próximo do evento, não ajudaram”, lamentou.
Segundo ele, quem realmente deu apoio para que conseguisse viajar e disputar as competições tão importantes foram os alunos da academia dele.
“A gente fez uma rifa, onde eu consegui juntar R$ 2.000, que permitiu parte dessa viagem. O resto eu juntei do próprio bolso. Infelizmente, se a gente quer participar tem que ter um dinheiro guardado”, afirmou.
Moraes conta que, em cada viagem que faz para competir, ele gasta, em média, R$ 4.000, somando passagens, hospedagem e inscrição para o torneio.
Mesmo assim, ele diz que vale a pena o sacrifício. “Os alunos, às vezes, me perguntam: ‘Compensa?’ E eu digo que a experiência que você tem lá é inigualável, então vale muito a pena, sim”, comentou.
Apesar da falta de apoio, o lutador comemora o fato de, mesmo com as dificuldades, conseguir viver do esporte. “Hoje, eu vivo do kickboxing, tenho minha academia, que tem em torno de cem alunos, sou ‘personal trainer’ e estou na metade do curso de educação física”, explicou.
O lutador também lembra que, nos campeonatos, não existem premiações em dinheiro, sendo que o “retorno vem fora dos ringues”. “Não tem premiação, é considerado só como título. Mas, aí, o lucro vem no meu trabalho, como personal trainer e professor, porque o aluno pensa: ‘Vou treinar com o cara que é da seleção brasileira de kickboxing’”, comentou.
Moraes começou a treinar kickboxing quando tinha apenas 14 anos e, aos 25, conquistou a faixa preta do esporte. Para chegar a esse nível, precisou passar por outras seis faixas: branca, amarela, laranja, verde, azul e marrom.
Segundo ele, o tempo médio para se tornar um faixa preta é de cerca de 12 anos, mas, atualmente, existem pessoas que se graduam antes disso, o que prejudica o esporte, segundo ele.
“Tem pessoas que praticam cinco ou quatro anos e já se tornam faixa preta, e isso dificulta a nossa visibilidade. Isso é errado e queima o esporte. Mas, isso não é só no kickboxing, tem nas outras artes marciais também”, contou.
Moraes ainda falou sobre a visibilidade que o MMA (artes marciais mistas) está tendo no Brasil, principalmente com o UFC: “Acho que o principal motivo para isso não é tanto os atletas bons, é mais pelo comércio, que eu acho que se desenvolveu muito”, analisou.
Sobre a possibilidade de migrar para a modalidade, ele não a descarta e conta que já recebeu propostas. “Tive uma proposta, para 2016, de lutar MMA. Comecei a treinar jiu-jítsu com a equipe Xeque-Mate e me identifiquei. Inclusive, meu professor, que é da cidade de Itu, disse que gostaria de me ver no “octagon”, revelou.
Ele explica que, para migrar para o MMA, teria que analisar bem a proposta, para não participar de um torneio que não ofereça retorno. “Vamos ver um ambiente que seja justo e conhecido, porque não adianta você entrar numa rinha de briga que você vai acabar só se machucando e não ter retorno nenhum”.
Lidiane Prado Moraes, professora e esposa do lutador, diz que sempre apoia o marido, mas que não gostaria “muito” de vê-lo no MMA. “Tenho muito orgulho dele lutando, acho muito bonito, os golpes dele são perfeitos, mas eu gosto mais da luta em pé. Quando ele cogita o MMA, eu confesso que não gosto muito”, brincou.
Ela também falou sobre o nervosismo e a preocupação em cada luta do marido: “No começo, eu ficava bastante nervosa, bastante ansiosa, e acho que isso também acabava prejudicando ele, que ficava bastante nervoso. Então, agora, na verdade, ele não deixa mais eu ir assistir às lutas”, contou.
Caso o marido um dia chegue a lutar em grandes eventos televisionados, como o UFC, a professora revela que não deixaria de assisti-lo. “Não, aí eu teria que assistir. O mundial foi transmitido ao vivo pela internet, e eu assisti aqui em casa, sozinha, e gritei com o computador. Acho que faria a mesma coisa na TV”, comentou Lidiane.
Depois de tantos títulos recentes, Moraes, que também é praticante de taekwondo e muay thai, não sabe qual será seu limite como lutador.
“O dia a dia vai dando os desafios, não tem um limite. Você ganha, está mais qualificado e surge algo novo que você quer ir atrás. Não tem como eu falar um limite, vou lutar enquanto eu estiver bem”, finalizou o atleta.
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