Gabriela Aparecida da Silva, de 9 anos, sumiu em maio em Tietê. 'Não tem lógica o que estão fazendo. Nunca vou aceitar', fala mãe.
Do G1 Itapetininga e Região
O fim das investigações da Polícia Civil em Tietê (SP) sobre o desaparecimento de Gabriela Aparecida da Silva, de 9 anos, sem nenhuma resolução, não agradou a mãe dela, Lucineia Cristina da Silva. A polícia não tem certeza se a garota pode estar morta ou viva. O principal suspeito do crime se matou usando um lençol de cama quando estava preso em 1° de julho. Foto: Lucinéia da Silva não vê a filha desde maio deste ano (Cláudio Nascimento/ TV TEM)
“Como assim encerrar sem corpo, sem nada da menina? Não tem lógica o que estão fazendo. Acho uma desfeita, e nunca vou aceitar porque é minha filha, é uma criança“, reclama. A mãe ressalta que nunca vai desistir de procurar a filha, desaparecida há cinco meses.
O delegado, Fernando César Reis, deu fim às investigações depois que o resultado do exame de DNA no sangue encontrado no carro do suspeito deu inconclusivo. O inquérito será encaminhado ao Ministério Público (MP).
“Não recebemos novas denúncias e o exame que restava terminou. Se o MP sentir falta de novas informações, o inquérito é devolvido. Há fortes indícios de que o homem que se matou na cadeia seja o culpado. Mas não há pista sobre onde a menina possa estar ou onde o corpo foi deixado”, alega.
As manchas de sangue achadas no veículo foram usadas para comparar com sangue coletado da mãe da menina, Lucinéia Cristina da Silva. Apesar da falta de confirmação de quem seria o sangue, a perícia concluiu que trata-se de sangue humano. Segundo a promotoria de Tietê, o inquérito sobre o “caso Gabriela” ainda não chegou. Assim que chegar, vão analisar e decidir se será arquivado ou se será preciso de novas diligências.
Advogado criminalista diz que fim da investigação é permitido (Foto: Cláudio Nascimento/ TV TEM)
Explicação de especialista
O advogado criminalista Almiro Campos Soares Júnior explica que uma lei federal permite o encerramento das buscas e das investigações em casos onde as provas sejam insuficientes:
“A polícia encerra as investigações e remete ao Ministério Público. O MP observa se não vai haver um desdobramento para se chegar a pessoa desaparecida ou criminoso. No caso no dela não tem mesmo porque o suspeito se suicidou. Você vai ter uma obrigatoriedade no arquivamento, porque não há mais diligências a fazer, não há como apurar o fato.”
Mas ainda segundo o advogado, qualquer inquérito pode ser reaberto caso apareça uma nova pista. “A prova tem que alterar o panorama. Ou seja, tenta trazer uma nova direção, ao que se possa ser apurada, não basta uma prova que completar a outra prova, tem que mudar o panorama”, comenta.
Entenda o caso
A menina desapareceu em 28 de maio após deixar os dois irmãos mais novos na creche. Em 1° de junho um homem foi preso como principal suspeito de raptar a criança. Na época, buscas com cães farejadores e equipes da polícia foram feitas nas proximidades da casa do homem, mas nada foi encontrado.
Gabriela Aparecida Alves desapareceu na rua da própria casa (Foto: Reprodução/ TV TEM)
Em 1° de julho o suspeito morreu na cadeia enforcado, com suspeita de suicídio, mas as investigações sobre o envolvimento dele ainda não acabaram; já a menina segue sem indícios de ser encontrada.
Saudade da família e amigos
A mãe da criança, Lucinéia Cristina da Silva, passou por atendimento psicológico desde o desaparecimento. “Sempre esperando um telefonema, alguém chegar e dar uma notícia. É duro viu, não é fácil”, conta emocionada.
Em setembro, os amigos de classe de Gabriela expressam através de desenhos a saudade da colega. Entre as pinturas estão de "Gabi" com a família e voltando para casa. Todas as crianças da mesma sala recebem o atendimento desde que a menina desapareceu.
A atividade com desenhos foi aplicada pela psicóloga Susana Marta Catai. “As crianças têm a oportunidade de falar sobre o que sentem, o que têm medo. E isso é compartilhado com o grupo todo, estamos sentindo na pele a desumanidade e tentando restaurar a humanidade pela Justiça Restaurativa”, disse à TV TEM na época.
Investigação policial
Segundo o delegado Reis, duas testemunhas reconheceram o suspeito como a última pessoa que foi vista conversando com a criança no dia do desaparecimento. “Há outras provas que foram acarreadas pelos autos, que apontam o suspeito como autor do desaparecimento de Gabriela. Esse seria mais um, mas não fará diferença se for inconclusivo”, conclui.
Durante o um mês de investigações a polícia reuniu quatro provas contra ele: “1) uma garota afirmou ter sido abordada por ele poucos minutos antes do crime, sendo que o homem pediu para ela entrar no carro e mostrar a direção da rodoviária; 2) um vizinho da Gabriela disse ter visto a criança conversando com o suspeito perto do carro dele antes de ela desaparecer; 3) as imagens de segurança de uma casa perto de onde a vítima mora mostram o carro dele, e o suspeito confessou que passou pelo local no momento; e 4) no dia em que foi preso ele mentiu ao dar um álibi falso sobre onde estava no momento do desaparecimento”, detalha.
Polícia Civil terminou inquérito e enviará documento ao Ministério Público (Foto: Cláudio Nascimento/ TV TEM)
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