Maternidade de Cerquilho (Foto: Cláudio Nascimento / TV TEM) |
Santa Casa de Cerquilho acusa prefeitura de não liberar repasses. Executivo diz que não houve corte e sim redução na contribuição voluntária. Tatuí dá apoio.
Do G1 Itapetininga e Região
Gestantes da cidade de Cerquilho fizeram um protesto na terça-feira (10) na Câmara Municipal de Vereadores. Elas questionam o fechamento da maternidade, que aconteceu em setembro, e a falta de médicos e outros profissionais capacitados para o acompanhamento durante a gravidez e durante o nascimento dos bebês. A costureira Rogéria Claudino, que já fez parte do Conselho de Saúde da cidade, leu uma carta de repúdio em sessão da Câmara. “Nossas gestantes estão em desespero porque não estão sabendo para onde ir. No momento a cidade de Tatuí está dando apoio, só que a gente não sabe até quando”, diz.
Segundo a Santa Casa, o serviço da maternidade precisou ser cortado após corte de repasse de verbas da prefeitura. O órgão diz que após reunião com a prefeitura possivelmente os valores voltem em 2016, dependendo do orçamento da cidade. Já o Executivo diz que não houve corte no repasse, mas sim uma redução na contribuição voluntária. A administração municipal alega que a Santa Casa é uma entidade particular que decidiu por fechar a maternidade por conta própria, pois contratou serviço de menor valor da cidade vizinha e com isso ainda mantendo a assistência às gestantes.
A jornalista Rebeca da Silva teve bebê há pouco mais de um mês. Segundo ela, esperava ter a filha na maternidade de Cerquilho antes de receber a notícia do fechamento do setor. Ainda segundo ela, foi preciso pagar para ter a criança em um hospital particular de Tatuí. “Foi muito difícil isso pra mim. Imagina você, mãe, no estado de gestante que está, com o estado emocional agravado. Você não sabe para onde se locomover”, desabafa Rebeca.
A auxiliar de qualidade Valeska da Cruz Rio Branco está grávida de três meses e já se preocupa com o nascimento do filho. Ela faz o acompanhamento pré-natal em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) da cidade e tem procurado alternativas para o parto em municípios vizinhos desde que soube do fechamento da maternidade.
“Eu já fui atrás de um profissional lá em Tietê, só que eu fico preocupada, porque depois, na hora do parto, como eu vou chegar? Será que vai dar dor e vai dar tempo de eu chegar?”, questiona a gestante.
Para minimizar parte dos problemas das gestantes, a advogada Francielle Cristina de Lima e Silva, que participa da Associação de Doulas, mulheres que auxiliam na hora do parto, encaminhou uma sugestão de projeto para a Câmara de Vereadores, para que elas atuem no município. “A doula tem que ser de livre e espontânea vontade da gestante. A gestante tem que ter afinidade, ela pode contratar essa doula ou ela pode simplesmente procurar um voluntário, isso tanto pra gestante do SUS, que não tem condições, como pra gestante que tem condição de pagar”, conclui a advogada.
Centro cirúrgico
O centro cirúrgico do hospital também não está funcionando. Ele foi interditado pela Vigilância Sanitária do município, que alegou falta de estrutura no local onde eram realizadas as operações. Na época, o gerador estava quebrado e a responsável disse que a liberação ocorreria na semana seguinte, o que não aconteceu.
Em nota, a Santa Casa informou que o gerador já foi consertado e instalado para atender as necessidades do centro cirúrgico do hospital. Afirma ainda que falta apenas a liberação da Vigilância Sanitária para que os procedimentos possam ser feitos novamente. Um ofício já teria sido encaminhado à prefeitura há alguns dias, que ainda não se posicionou sobre quando o espaço será liberado.
Equipamentos de centro cirúrgico da Santa Casa estão sem uso (Foto: Reprodução/ TV TEM)
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