O curso de aperfeiçoamento em performance, ministrado pelo professor João Armando Fabbro, é oferecido no setor de artes cênicas do Conservatório de Tatuí, com oito horas de aulas semanais, ao longo de dois semestres. Ele tem como um de seus objetivos a montagem de um espetáculo de caráter performático ao seu término e que possibilita aos alunos contato e ampliação no que se refere ao entendimento do fazer teatral.
“Este ano, começamos os trabalhos buscando estabelecer uma conexão direta entre a prática e a teoria relacionada ao conceito da performance. Nesta busca, nos debruçamos com duas referências básicas no que tange o assunto: “A arte da Performance” de Jorge Glusberg e “Performance como Linguagem” de Renato Cohen. Os autores apresentam, cada um ao seu modo, uma visão ampliada do surgimento da linguagem, seus rastros na história e seu desenvolvimento, tanto no Brasil como no mundo, o que nos forneceu um panorama sólido sobre o assunto”, afirma o professor Fabbro.
A partir do contato com as referências bibliográficas e seus desdobramentos em vídeos, o grupo de alunos realizou quatro intervenções nas ruas e praças próximas ao setor de artes cênicas, no centro da cidade. “As intervenções surgiram na intenção de colocarmos à prova tanto o que vinha sendo lido, como experimentarmos na prática propostas de ressignificação do espaço e das relações”, afirmou o professor.
A cada intervenção novas ações eram propostas e somadas a outras realizadas em intervenções anteriores. As atividades ocorreram entre os dias 27 de março e 24 de abril. “Nas duas primeiras, chegamos à praça próxima ao setor e começamos a realizar as ações que havíamos determinado em sala (correr, parar e deitar). O simples fato de ampliar o tempo de cada uma destas ações provocou nos atores uma expressividade ampliada, o que gerava sempre um estranhamento nos passantes da praça. Quando muitas vezes os atores deitavam no chão, pessoas paravam e perguntavam o que havia acontecido. Sem respostas, os pedestres iam se juntando em volta do ator, que sem mais nem menos levantava e voltava a correr... ‘é teatro’... alguns diziam, na intenção de justificarem para si o estranhamento, na intenção de darem um lugar justo para nossa insanidade”, descrevem os alunos.
Outras ações foram sendo acrescentadas ao roteiro, tais como, declamar poesias, soltar bolinha de sabão, abraçar pessoas e objetos, tirar fotos com cachorros, servir chá com bolo para um desconhecido etc. Segundo os atores, a intenção sempre foi a de provocar, causar a desordem frente o comum, afetar sobre uma realidade já instaurada, e deixar-se afetar pelo que disso era provocado. “Muitas pessoas se mostravam sólidas nas reações, indiferente. Outras amáveis, curiosas... De uma forma ou de outra, o diálogo se estabeleceu, e as intervenções se mostraram como lugar potente para fricção de material para criação. A cada volta para o setor, escrevíamos, poetizávamos sobre o que havia acontecido, cada qual com seu olhar, da sua forma”, afirmam.
Atualmente, o grupo está finalizando o material que foi escrito com vistas a outras relações com textos, filmes, musicas, inquietações pessoais e tudo mais que possa vir a potencializar a criação.
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