A música Jorginho do Sertão foi a primeira música caipira gravada no Brasil. Era o ano de 1929 e o folclorista tieteense Cornélio Pires, juntamente com sua turma, chamada Os Caipiras de Cornélio, que incluíam ninguém menos que Raul Torres, Jararaca e Ratinho, Mandi e Sorocabinha, o palhaço Ferrinho e a dupla Caçula e Mariano, estes respectivamente pai e tio do sanfoneiro Caçulinha, gravaram o primeiro disco de música caipira da história.
Jorginho do Sertão, a primeira moda de viola gravada, faz parte do folclore paulista e foi adaptada por Cornélio Pires e interpretada por Caçula e Mariano, com gravação em disco de 78 rotações (ou rpm). Percebam que no disco lemos “industria brazileira”, com ‘z’, como se escrevia na época. E o formato de 78 rpm determinou também o tamanho padrão das músicas caipiras, que antes eram enormes, e que a partir deste formato teriam apenas de 1 a 4 minutos.
O áudio original de Jorginho do Sertão pode ser encontrado no canal do YouTube do Centro Cultural São Paulo, mais especificamente na Discoteca Oneyda Alvarenga.
Jorginho do Sertão
Moda de Viola Caipira Paulista
Adaptação: Cornélio Pires
Interpretação: Caçula e Mariano
Narração de Cornélio Pires: “Jorginho do Sertão. Caçula e Mariano Moda de Viola Paulista. Folclore Paulista.”
Ajudai meu companheiro
Ai, ai, ai, ai…
No meio desse salão
Ai, ai, ai, ai…
Que nóis dois cantando junto
Faz chorar dois coração…
O Jorginho do Sertão
Rapazinho inteligente
Numa carpa de café
Ele enjeitou três casamento.
Ele acabou seu serviço
Tão alegre tão contente
Veio dizer pro seu patrão:
“Quero a minha conta corrente”
“Jorge: a conta eu não lhe dou
Pro vosso procedimento.
Tenho três filha solteira,
Eu lhe ofereço em casamento”
Logo veio a mais velha
Por sê a mais interesseira:
“Jorginho case comigo
Que eu sou a mais trabalhadeira”
Logo veio a do meio
Cheia de tope e de fita:
“Jorginho case comigo
Que eu das três sou a mais bonita”
Logo veio a mais nova
Vestidinho amarelo:
“Jorginho case comigo
Que das três sou a flor da terra”
O Jorginho do Sertão:
É rapaz de pouca luma;
“Não posso casar co’ as três,
Ai, eu não caso com nenhuma”
Na hora da despedida:
Ai, ai, ai, ai…
É que a moreninha chora:
“Ai, ai, ai, ai”…
Jorge pegou seu cavalo
Encilhou na mesma hora,
Veio dizer prá morenada:
“Ai, adeus que já vou me embora”
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