quarta-feira, 4 de março de 2015

Polícia de Itapetininga abrirá inquérito sobre suposto pano esquecido em útero de paciente

Caio Gomes Silveira (do G1) - A Polícia Civil de Itapetininga (SP) afirmou que abrirá um inquérito criminal para voltar a investigar a denúncia de um pano que supostamente teria sido esquecido no útero de uma mãe após parto na maternidade. Antes, o caso era investigado como Termo Circunstanciado (TC), ou seja, de menor gravidade. A decisão foi confirmada ao G1 pelo delegado responsável, Luiz Henrique Nunes, após recomendação feita pelo Ministério Público (MP).

Segundo ele, a investigação será retomada quando os documentos chegarem à polícia. “O processo deve estar na delegacia nos próximos dias. O que for solicitado pela Promotoria nós cumpriremos.” O Hospital Regional reitera que coloca à disposição da Justiça a documentação médica existente no prontuário da paciente. Ele ainda mantém posicionamento de desconhecer qualquer erro relacionado ao parto em questão.

Segundo moradora, tecido foi expelido pelo corpo um mês após o parto (Foto: Arquivo Pessoal)

A denúncia foi feita em novembro de 2014 por uma jovem de 20 anos, que diz que a peça saiu pelo órgão genital durante o banho. Ela tinha dado à luz cerca de um mês antes da denúncia na maternidade do Hospital Regional. Durante esse tempo ela afirma que sentiu dores na barriga, inchaço e até cheiro forte no órgão sexual.

Até agora, a Polícia Civil divulgou o resultado de três laudos feitos com a denunciante do caso: um deles comprovou que o pano trata-se de uma compressa cirúrgica, ou seja, é comprada e utilizada em hospitais; o outro aponta que a mãe sofreu lesão no órgão genital; e o último deles é que havia material genético da mãe no pano, como por exemplo, secreções corporais. Após realização dos exames, a polícia enviou o TC ao Fórum da cidade em fevereiro de 2015.

Decisão da Promotoria
O MP analisou o processo e determinou que o caso voltasse à delegacia para novas investigações. O promotor que cuidou do tema, Célio Silva Castro Sobrinho, explica que voltou o processo devido à gravidade da denúncia. “Por causa da complexidade do caso, considerei que a quantidade atual de provas não é suficiente para comprovar a veracidade da denúncia. Por enquanto os laudos não desmentem a versão da jovem, mas é preciso mais provas”, ressalta.

A jovem denuncia a equipe médica que a atendeu no hospital. Em depoimento, a equipe médica afirmou ao delegado que em uma cesárea seria impossível deixar uma compressa cirúrgica dentro da paciente porque isso impossibilitaria o fechamento dos pontos. A Justiça decidirá qual versão é a verdadeira sobre o caso.

Em nota, o Hospital Regional reitera que convocou a paciente para realizar avaliações e exames médicos, os quais não constataram qualquer infecção no útero, bem como na região abdominal ou em qualquer intercorrência nesse sentido. Ele ainda mantém o posicionamento de desconhecer qualquer erro relacionado ao parto em questão. A instituição coloca à disposição da Justiça toda a documentação médica existente no prontuário.

Entenda o caso
Depois do parto feito em outubro de 2014, a paciente começou a sentir dores na barriga, inchaço e cheiro forte ao urinar. Ela procurou atendimento na unidade de saúde do Bairro Nova Itapetininga e uma médica teria dito que isso era normal após dar à luz.

Quase um mês depois, ao tomar banho, percebeu um pedaço de pano saía do órgão genital. Ao puxá-lo, viu que era um tecido. "Fui retirando porque percebi que tinha algo mais lá embaixo. Puxei até sair e vi que era um pano. Comecei a passar mal ao retirá-lo", comenta a jovem que não quis se identificar.

Dias depois, procurou a delegacia e registrou o boletim de ocorrência como lesão corporal culposa e passou por exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML). "Fico horrorizada porque poderia ser uma tesoura. Podiam ter esquecido coisa pior lá dentro. É uma coisa muito grave", opina.
Moradora diz que sentia dores e mau cheiro na região genital (Foto: Reprodução / TV TEM)

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