Do G1- Formada em Canto Popular pelo Conservatório em Tatuí, Mayara Rios, de 26 anos, é a primeira aluna com deficiência visual a concluir o curso que existe desde 1981 na instituição. A musicista ficou cega aos oito meses de idade e conta que a única dificuldade que enfrentou ao escolher a música como profissão foi o julgamento das pessoas: “Muitos colegas, e inclusive até professores, me disseram que eu não seria capaz de estudar. Achavam difícil.” Hoje ela dá aulas particulares e na rede pública, além de já ter produzido seu próprio CD.
As aulas em canto tiveram início em 2009 e terminaram no ano passado, quando se graduou em canto, na formação de Música Popular Brasileira (MPB) e Jazz. Mas este não foi o único desafio de Mayara no local. Ao mesmo tempo, ela ainda estudou o curso de Musicografia Braille, mas no período de 2009 a 2013, no Conservatório de Tatuí.
As aulas de Musicografia Braille permitem que os alunos desenvolvam atividades de escrita e ainda de leitura musical no sistema desenvolvido para deficientes visuais. Finalizar as duas formações foi um sonho que surgiu na infância, pois conta que a melodia a escolheu desde os nove anos de idade. Já naquela época ela tocava violão e cantava.
E foi por causa dessa paixão pelos dois instrumentos que Mayara decidiu sair da cidade natal Bambuí (MG) para dedicar-se à música e ingressar no Conservatório de Tatuí em 2006, quando inciou os estudos de teclado e outro curso chamado de Música Comercial também na "capital da música", mas que hoje não existe mais na instituição.
Porém Mayara se destacou não somente pela sua persistência, mas por ter sido vocal da banda Jazz Combo, do Conservatório de Tatuí, e por ter gravado um CD com os grandes nomes da música instrumental: Lupa Santiago, Arismar do Espírito Santo, Vinícius Dorin, entre outros.
Após as duas formações, em Canto Popular e Musicografia Braille, ela deixou de frequentar as aulas como aluna e hoje atua como professora. Desde então, a musicista ensina crianças e jovens interessados em aprender teclado e canto em uma escola em Tietê (SP) ou ainda em algumas instituições de ensino de Tatuí.
Atualmente, 15 alunos frequentam as aulas e, por isso, entre os planos da professora está dar início ao curso de Licenciatura em Música no próximo semestre deste ano para se aperfeiçoar.
Apesar de ser deficiente visual, Mayara ministra aulas para pessoas não portadoras de deficiência visual. "Mas caso apareçam alunos com alguma deficiência, todas as adaptações possíveis serão feitas para garantir um aprendizado de qualidade aos alunos", garante.
(Foto: Arquivo Pessoal/Kazuo Watanabe)
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