Atriz diz que soube aproveitar a vida, conta que já pensou em ser freira e explica por que assumiu os cabelos brancos. Colecionando diversos papéis de destaque na TV, ela festeja seus 35 anos de carreira com a peça 'Timon de Atenas', em cartaz no Rio
09/11/2014 POR LIANE ROSA; FOTO MARCELO CORREA/ED. GLOBO
Sem filhos nem arrependimentos. É assim que Vera Holtz encara a vida aos 62 anos. Essa determinação veio cedo, aos 13 anos: “Me lembro que sentei na soleira da porta da cozinha da casa dos meus avós, onde morávamos, e falei: ‘Mamãe, de mim não espere filhos’. E não quis mesmo. Não tive esse impulso para ser mãe.” Atualmente, a atriz vive sozinha, em um apartamento no Jardim Botânico, no Rio. Vera garante que jamais deixou de se divertir e se compara à personagem que interpretou em O Rebu: “Já fui como a Vic, gostava de festas, Carnaval, noitada... Já tive dois namorados ao mesmo tempo. Isso quando nova, é claro.”
Agora ela está namorando, mas sua prioridade é a vida profissional. Após o sucesso da novela das 11, Vera volta ao teatro com texto de Shakespeare, Timon de Atenas, apresentando a adaptação do National Theatre de Londres. Na trama, ela interpreta o papel principal no gênero neutro, no qual mulheres dão vida a personagens masculinos e homens, a femininos. “A sexualidade, postura do masculino, feminino, hétero, cada um tem a sua. Mas na peça essa abordagem não aparece”, defende a atriz, incansável em 35 anos de uma carreira repleta de papéis marcantes.
QUEM: Você já viveu papéis de mulheres sem amarras, que gostam de baladas e bebidas sem limites. O que há de realidade nesse universo ficcional?
VERA HOLTZ: Hoje não mais, mas já fui como a Vic (de O Rebu), gostava de festas, Carnaval, dançar, noitada... Já tive dois namorados ao mesmo tempo. Isso quando nova, é claro. Essa questão de dois afetos passa pela vida das pessoas. A gente fantasia, porque quem tem dois não tem nenhum. Já gostei de sair para beber como a Vic e a Santana de Mulheres Apaixonadas (2003), mas nunca fui alcoólatra. É um ciclo da vida. Hoje tenho 62 anos e outra vivência.
QUEM: O que a fez mudar esse estilo de vida?
VH: O tempo. Preciso tomar cuidado com o meu corpo, não posso mais abusar de nada: sou ponderada, gosto de beber com mais calma, durmo na hora que tenho que dormir e cuido dele. O corpo é sensacional, amo a máquina humana! Mas hoje não preciso bombardear essa máquina.
QUEM: E como está a sua vida pessoal atualmente?
VH: Hoje o meu relacionamento é privado, “é nosso”. Há dois anos estou nesse relacionamento privado, podemos dizer assim. Namorar eu namorei, e gosto, graças a Deus. Sempre privilegiei meus namorados, gosto das minhas relações afetivas. Mas a prioridade da minha vida agora é o trabalho.
QUEM: Sua volta aos palcos após dois anos, com Timon de Atenas, é interpretando um personagem masculino, sem se travestir. Como é isso?
VH: É maravilhosamente Shakespeare! Trabalho com energia e somos máquinas reprodutoras. Essas questões de sexualidade, postura do masculino, feminino, hétero e trans, cada um tem as suas. Mas na peça essa abordagem não aparece. Contamos a história de um homem que perdeu tudo na vida. A energia do elenco é que faz o Timon, independentemente da concepção original do personagem.
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