sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Moradores temem desabamento de casas no Conjunto Habitacional Amaro Padilha

Do G1- Alguns moradores do Conjunto Habitacional Amaro Padilha, em Tatuí, dizem temer que as próprias casas desabem. Isso porque a terra sob as residências está cedendo e o lugar está afundando. Muitos pensam em vender as casas, mas não há quem queira comprar um imóvel que pode estar condenado.

Segundo os moradores, as paredes das casas só estão em pé por causa do alicerce. Já os quintais, que não possuem contrapiso, estão afundando. No caso da auxiliar de enfermagem Márcia de Toledo, parte do muro cedeu e o chão está rachado. “Aqui a terra cede e desce tudo. É o tempo inteiro isso, e a gente está com medo. Nós colocamos terra, arruma, e depois de três meses afundou tudo de novo”, reclama.

O bairro foi construído em cima de um aterro sanitário. Por isso, em alguns pontos, a terra cede e leva tudo o que está em cima. Foi o que aconteceu com a aposentada Lucila Domingues. Ela mora no local há 20 anos, comprou a casa ainda nova. Mas o que deveria ter sido um sonho realizado se transformou em pesadelo. “No que eu passava na tampa do esgoto eu caí no buraco, acima da minha cintura. Eu precisei de ajuda para sair. Embaixo da casa cabem homens em pé. É uma erosão enorme”, teme.

O problema é maior de um dos lados da rua. Há até uma marca dividindo ao meio a rua. De um lado dá pra ver que o pavimento foi remendado várias vezes. Os moradores dizem que a manutenção é feita a cada dois meses. Mesmo com tantas manutenções o asfalto volta a afundar.


A dona de casa Andreia Sinhorin é uma das mais afetadas pelo problema. O quintal da residência dela está cheio de rachaduras. Ela conta que o local foi reformado há pouco mais de um ano. Meses depois, o chão cedeu novamente. Embaixo do muro existe um buraco que “engoliu” os tijolos. Já na área da frente, o piso parece inteiro, mas um som diferente assusta a dona de casa. É o solo sugando a água que está em cima do concreto. “O meu medo é que afunde tudo, não tanto pelo material que a gente consegue reaver trabalhando, mas e a vida? E se cai em uma hora que está uma criança brincando, minha filha brincando no quintal?”, questiona.

Diante dos problemas os moradores vivem com medo. Ninguém quer assumir a responsabilidade de um imóvel duvidando da segurança dele. “Ninguém compra, a imobiliária não vem, ninguém se interessa. Não tem possibilidade, como vamos tirar nossa família do buraco e por outra família?”, lamenta Andreia.

Posição da Cetesb
A construção das residências no Conjunto Habitacional Amaro Padilha teve o aval da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) em 1991. Segundo o superintendente da unidade, Rafael Dal Medico, a licença foi concedida com base em documentos entregues pela prefeitura e reforçados por um ensaio geotécnico de compactação do solo, feito pela companhia.

“Nós pedimos, e isso foi apresentado por uma empresa na época com ART - Anotação de Responsabilidade Técnica, se esse aterro tinha compactação, densidade e umidade de acordo com as normas estabelecidas. Esse documento, que inclusive consta no processo da Cetesb, é considerado adequado.”

Ele afirma ainda que havia um antigo lixão perto da área, mas não embaixo dela. E que o local foi aterrado. A Cetesb também esteve na área há 13 anos e esta semana.

“Em 2001 houve uma denúncia que não foi considerada porque o próprio denunciante depois voltou atrás. Mesmo assim a Cetesb esteve no local e fez várias avaliações através do nosso setor de emergência para verificações se ocorria bolsões de gás, emissão de gases inflamáveis ou voláteis que poderiam configurar algum resíduo ou alguma matéria em decomposição. Na época os resultados deram negativos. E agora esta semana, com a denúncia do afundamento, da instabilidade do solo, voltamos novamente a fazer o mesmo monitoramento e os resultados deram novamente negativos”, explica.

O superintendente da companhia cita ainda que há a suspeita de instabilidade no solo, mas que isso não é responsabilidade da Cetesb. “Foi constado que em uma rua abaixo que está com instabilidade do solo. Algumas casas, alguns muros estão com trincas. Mas isso não é atribuição da Cetesb, por isso não podemos nem emitir um parecer. Nós vamos até onde a Cetesb tem a sua atribuição e a condição técnica”, diz.

Respostas da Defesa Civil
Apesar da Cetesb de Sorocaba dizer que há problemas estruturais na área das casas mostradas na reportagem, em nota, a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil da Prefeitura de Tatuí (Comdec) informou que vistoriou recentemente alguns imóveis da área. E o engenheiro que pertence à Comdec não observou qualquer indício de afundamento de solo, e, portanto, nenhum risco estrutural.

O coordenador da Defesa Civil de Tatuí, João Batista Floriano, afirmou que as casas não correm risco de desabar. “Em uma vistoria recente não foi constatado nenhum risco iminente estrutural, há apenas algumas fissuras decorrente de alguns vícios de construção. Aparentemente não há nenhum afundamento de solo. Pode ser que estejam ocorrendo alguns deslizamentos ou movimentação de solo, mas não que comprometa a estrutura das casas.”

João Floriano comenta ainda que a Defesa Civil aguarda um parecer técnico do local solicitado a um instituto para avaliar melhor as condições do solo. “Eu gostaria de deixar claro para os moradores que, primeiramente estaremos acompanhado por segurança, e pedir um auxílio a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, através do Instituto Geológico, se é possível mandar um técnico para fazer com propriedade uma análise correta do que possa estar ocorrendo já que no município não temos pessoal capacitado para fazer essa análise. Já estamos em contato com eles, através da norma que regulamenta a instituição”, ressalta.

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